madrugadas pt.2

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A alma que vaga pelas horas
Como um andarilho
Pertencente a si mesma

Se entrega
Para os prazeres da vida
E o podre da carne

A alma que vaga pelas nuvens
Como uma baleia
Pertencente a si mesma

Se entrega
Para os presentes do mundo
E a fartura do ser

E a calada da madrugada fria
De um dia sujo
Como uma puta
Se liberta dentro daqueles
Que quebram as horas
E se alimentam de sua sujeira

Sujeira jogada aos porcos
Aos imundos

Aos puros
Aos santos

Bem aventurados aqueles
Que sentem o gosto da carne podre da vida
E agradecem por terem o que comer

Enquanto se banham em um mar de porra da Terra

E suas raízes então crescem

Em meio a toda a sujeira

É que de fato se nasce

E de fato se pode dizer

Que se existe.

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