Dias Negros

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Depois naquela noite maravilhosa Richard despediu-se com um beijo profundo e foi para o seu trabalho e sabia que Alice estaria presente á hora do costume.
Richard foi para o trabalho e passado horas, Alice ainda não tinha chegado, ele achou estranho e tentou contactar-lhe mas era escusado visto que o telemóvel estava desligado.
Será que tinha sido apenas mais uma na sua vida? Será que a mulher que conseguiu mudar o que ele sentia não passava de uma vadia que apenas queria divertir-se? Richard não sabia, estava abalado com esta situação mas não queria interpretar as coisas mal, então apenas continuou o seu dia como era suposto.

O que ele não sabia era que Alice tinha asma, e poucos minutos de ele ter saído teve um ataque grave, a sorte dela foi a colega de trabalho que nesse dia ia buscar-lhe a casa ter-se apercebido e ligou ao 112 para assistir a sua amiga que estava estendida no chão.
Alice ficou internada, mas estava num estado crítico, os seus olhos verdes já não brilhavam, a sua pele estava sem cor e aquele rosto de princesa agora parecia cansado como uma cara de uma camponesa.

Ela queria Richard a seu lado mas por outro lado não queria que ele visse ela naquele estado, então decidiu não lhe contar nada, pois lá no fundo ela sabia que aquilo entre eles era amor, e um amor destes não poderia acabar assim.

Richard já tinha saído do trabalho e lembrou-se de escrever uma carta a explicar o que sentia, nessa carta dizia:

Amor não é apenas o contacto entre dois corpos, amor não são apenas beijos e abraços, amor é preocupação e confiança misturado com esperança e emoção.
Escrevi-te pois sinto a tua falta, foste a única que conseguiu me cativar, o teu beijo suave fez-me voltar a amar, os teus olhos conseguiram-me conquistar, eu quero dar-te a mão enquanto passeamos a beira mar, não sou muito bom com palavras nem a explicar o que sinto, mas posso dizer-te que és a minha segurança, és o labirinto que me faz andar ás voltas á tua procura.
Sou doente por ti, tu és a minha cura e sem ti... Sem ti a minha vida não dura, és o meu fruto afrodisíaco, sem ti volto a ser um ser demoníaco, és o meu anjo, és a minha luz, és a minha sobrevivência, preciso de ti ao meu lado e um dia gostava de poder ser teu namorado, temos tempo mas o tempo ás vezes é apressado, só estive parado porque tenho esperado por alguém como tu, és única Alice!

Com amor, do teu empregado favorito.

Entretanto Richard deixou esta carta debaixo da porta de Alice e enquanto virava as costas á porta soltou lágrimas... Lembrou-se da melhor noite da sua vida, a noite em que fez amor e não sexo.

Tinha sido diagnosticado a Alice que tinha de ficar internada pelo menos uma semana, para observação e para ver se o corpo recuperava corretamente.
Uma semana? Alice não queria acreditar, isso era demasiado tempo sem ver Richard, sem o poder beijar... Como ela iria aguentar?

Os dias foram passando, ambos estavam tristes, quase como se alguém tivesse morrido, os dias já não tinham cor e só pensavam se este romance tinham morrido, ninguém conseguia ou sabia dar as respostas certas a não ser eles mesmos que percebiam um ao outro mas o contacto entre eles estava bloqueado, cada dia que passava era como um morango amargo, não dava vontade de comer nem vontade de ter na boca.

A pergunta que se fazia era:
Vale a pena eu esperar?

Mas esta era uma pergunta sem resposta, o tempo não ajudava apenas complicava o amor, estavam a viver dias de inverno e apenas desejavam o calor... O calor humano, sentir o cheiro de dois corpos em ebulição, sentir aquele cheiro profano, era o que mais desejavam mas pelos vistos estava longe de acontecer...

Nessa noite de pensamentos mútuos ambos derramaram lágrimas até adormecer, foi difícil, pois custa dormir sem a pessoa que nós amamos, custa viver sem a pessoa que nós gostamos e não temos ao nosso lado.

A perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora