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Acho que todos esses sentimentos ficaram mais fortes quando eu fiz 15 anos e entrei no ensino médio. Ser adolescente já é um saco, mas ser um adolescente e estar no ensino médio é ainda mais doloroso.

Notas, faculdade... tudo se torna um peso e você precisa lidar com isso. Eu não lidei. E é essa a história que vim contar aqui, apesar de ter plena consciência de que não vivi quase nada e acho que é esse o ponto: eu não quero.

Meu nome é Ramona, tenho 18 anos e estou em crise.

Brincadeira. Não é nada demais.

Moro com minha mãe e minha irmã, meus pais se separaram quando eu era pequena e nem consigo imaginar como seria se os dois ainda estivessem juntos. Minha relação com o meu pai não é a melhor de todas, mas depois de cinco anos sem ter um contato que passe de ligações de um minuto ou mensagens, você acaba se acostumando (aparentemente).

É estranho falar de mim mesma, não é uma coisa na qual estou acostumada. Na verdade, eu não sou acostumada a falar, pra ser sincera. Não sei que tipo de coisa vocês querem ler, mas pensei que contar tudo o que me aconteceu podia ser um começo.

Um começo frustrante, mas ainda... um começo.

Quando eu tinha 6 anos, era apaixonada por filmes adolescentes, daquele tipo de filme que tem uma garota excluída da turma, com um amigo e que acaba se apaixonando pelo garoto mais popular da escola. É estúpido e genérico, se for parar pra pensar agora, doze anos depois, mas não diga isso pra uma menininha que sonha viver esse tipo de experiência.

Meu sonho era viver tudo isso, sabe? E eu tinha até uma trilha sonora... Demi Lovato tocaria na maior parte, e no momento que eu finalmente encontrasse alguém, era permitido tocar The Only Exception, de Paramore. Meu Deus, que vergonha! Enfim, o ponto é que com o passar do tempo, eu não vivi nada disso.

Amadureci rápido demais, aos 9 anos, já me sentia responsável por toda a minha família e comecei a me sentir nervosa por causa de tudo. Peças na escola, provas... eu já sentia a pressão e aos 11 anos, me afastei do meu pai. Geralmente, não lembro de muita coisa, mas daquele tempo eu nunca me esqueço. Muitas e muitas brigas e durante dois anos, não tive a presença dele na minha vida.

Foi difícil, comecei a me sentir mais e mais triste e insegura. Tinha medo de que todo mundo fosse me abandonar, já que até meu pai o tinha feito, e isso foi me afetando ainda mais.

A menininha sonhadora se tornou uma garota com ansiedade e depressão num piscar de olhos.

Mas não é essa a história. Eu não sou as minhas doenças e não acredito que vocês queiram ouvir sobre isso.

O fato é que eu conheci alguém, sim, mas não foi nada do jeito que eu queria.

Foi estúpido, escuro e muito, muito doloroso.

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