(Pessoal, to postando esse capítulo pra tentar recuperar o ritmo, portanto ele vai ser bem breve pra gente poder fazer um salto no tempo e uns negócios bem mais dinâmicos. Brigada aos que tão acompanhando ainda <3 )
——————————————————————————————-Era a última suculenta que estava pendurando na parede. A casa estava toda pronta. Paredes brancas, meu sofá cama e cortinas grossas, tudo como eu quis que ficasse.
Eu estava sozinha pela primeira vez na vida.
O avião de Namjoon pousava ao meio dia e ele disse que viria direto para minha nova casa. Queria me ver, segundo ele. E eu estava pronta pra isso.
No momento em que ele fora embora eu sabia que queria dizer sim. O que sentíamos era óbvio, nítido e nossa química não nos deixava mentir.
Então por que eu não estava feliz?
Nossas promoções estavam bem intensas. Participamos de uma dezenas de programas. As pessoas fazem cover de músicas nossas, muitas vezes das que eu escrevi. E eu não tô pronta pra nada disso.
Por outro lado, sinto algo real por Nam. Sinto falta de como nos ajudamos na música, de como o sabor de pizza só tem graça quando ele quem pede e come comigo na frente da tv. Mas... era isso. Eu sentia falta das coisas que fazemos juntos normalmente, será que isso é mesmo sentir falta de alguém?
Lembrei que Wheein e Taehyung também não estavam em um clima bacana. Ela reclamava sobre ele viajar demais e quase não ter tempo para ela enquanto para Tae ela estava sendo incompreensível e estava sempre muito tensa por causa da cobrança que a gente sofria. Anos de namoro começando a ruir porque um fez mais sucesso que o outro ou fez sucesso mais...fácil?
Acho que na grande realidade nosso problema com os meninos era não ter noção de quando nós chegaríamos onde eles estão. Não importa o quanto nos entreguemos na produção de um comeback, nem se pra isso não pudemos pagar ao menos uma coreógrafa e tivemos que nos virar e torcer pro CEO não nos mandar fazer uma grande mudança. Parecia que não importava o quanto nos esforçássemos, as coisas iam pra frente devagar demais.
Quando se debuta em um girl group se tem um alvo na sua testa. Os homens podem te desejar ao ponto de exigirem que você aja da maneira exatas a que eles idealizaram. As mulheres podem te odiar por simplesmente acharem ou que você não está no nível delas ou que está tão acima que deixa de merecer tudo de bom que possa existir por isso. O público em geral é capaz de te amar tanto que te odeia.
Num mundo desses como eu poderia namorar Namjoon?
Ouço a campainha no fundo e acho que meu coração chegou a se assustar. Será que ele estava ali, esperando um sim? Eu mal sabia o que eu devia dizer a esse ponto. Eu mal sabia se eu queria mesmo dizer algo.
O cabelo colorido já devia ter desbotado, mas gostava dele loiro. Os óculos cheios de marcas porque ele morre de preguiça de limpar. O mesmo cheiro de Namjoon e não de perfume porque ele não gostava de usar. Tudo estava me lembrando o Nam de meses atrás, exceto o semblante dele.
Ele nem sequer sorriu.
Respirei fundo. Talvez eu não devesse ter tanto medo de conversar com ele sobre tudo que sentia.
- Eu não tô pronta, Nammu. - apoiei o braço no batente da porta enquanto com a outra mão joguei uma mecha de cabelo pra trás da orelha.
- Eu sei. - ele deu um sorriso de canto tímido e meigo. - Eu não tô também.
- A gente se dá bem, mas... - as palavras deviam estar rasgando minha garganta, mas saiam com facilidade e fluidez. Era isso que era ter intimidade de verdade com alguém? Não ter medo?
- Mas a gente não devia. Gostar de alguém não pode ser o único requisito pra se estar com alguém. -ele coçava a nuca e sorria mais abertamente, apertando os olhos.
- Não! É exatamente isso. A gente não devia simplesmente se agarrar num namoro só porque a gente quer né?
- E a gente tem que querer isso? - ele segurou minha mão e pela primeira vez meu coração não disparou. Eu deixei de sentir o que sentia com ele ou só estava em paz com minha decisão? - Não vai dar certo. Passei a viagem pensando sobre isso e... não é hora.
- Eu estou de acordo. Eu quero poder investir em mim, nas meninas. Investir nas coisas que eu tenho que provar pra todo mundo. - segurei seu rosto com uma mão - Tenho que provar pra mim que posso ir longe e não posso me dar ao luxo de...
- Investir em mim ou em nós? Eu também não. - ele apontou pra dentro da casa e o convidei pra entrar. Mal tinha pensado que eu devia ter feito isso antes. - Eu tô no centro do mundo e o peso das minhas costas é demais mas tenho que aguentar sozinho. - Namjoon se sentou no sofá. - Dividir ele com outra pessoa...vai fazer disso uma âncora. Imagine dividir isso com você sabendo que você tem um peso semelhante ou maior consigo? - sentei ao seu lado e ele colocou uma mecha de cabelo atrás da outra orelha. - Imagina te afundar justamente no momento em que você mais tinha que ficar na superfície?
Não importa a situação, eu nunca vou ser capaz de explicar o que temos. Existe química física e emocional demais ali. Existe amizade e confiança e principalmente intimidade. Só não existe...
-Timing. - Namjoon retirou os óculos e limpou na barra da camiseta. Não é algo que ele faria normalmente.- Sempre faltou timing pra gente, gatinha. Parece que nunca estamos fazendo as coisas na hora certa. Era pra gente ter trocado telefones depois daquela festa. Era pra gente ter pensado em namorar enquanto você era garçonete. - seus olhos lacrimejavam mas sua voz continua firme. - Era pra eu ter te beijado aquele dia no capô da mini van, vendo o sol nascer e preenchendo todos os requisitos de um clichê romântico.
- Isso seria o clichê? Clichê seria você dizer que me ama. - ri sem notar o peso da piada.
-Era pra eu ter feito isso também, Hyejin, e não só aquele dia.
Namjoon juntou sua testa na minha e instantaneamente fechei meus olhos. Só havia o som das nossas respirações em todo apartamento.
-Era pra eu ter te dito isso todos os dias a partir daquele porque a única explicação pra tudo que sinto por você é amor.
- Eu sei. Você nunca me deu a chance de duvidar disso. - sorri, encarando-o ainda com as testas coladas. - Mas não ainda, não é?
- Não, a vida não é simples como em filmes clichês. - Namjoon não parecia triste e honestamente por mim tudo bem. Só estava feliz e aliviada que nossa sincronia existi até pra concordar que não daríamos certo agora.
O resto do dia fizemos coisas que costumávamos fazer. Ele pediu a pizza que só ele conhecia e eu amava, mesmo nunca perguntando o que ele mandava colocar nela. Eu o atualizei sobre meus novos musicais favoritos e ele fingiu muito convincentemente estar interessado e absorvendo cada informação. Ele contou da turnê, eu das nossas promoções. Ele me deu uma souvenir (uma caneca em forma de gato com a torre Eifel gravada embaixo) e eu lhe devolvi seu moletom favorito. Foi o fim perfeito de algo que nunca aconteceu.
E depois disso não nos falamos mais.
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The husky voices
Fanfiction- Namjoon, não me olha assim. - Gatinha, eu não consigo. - ele tentou esconder o rosto na curva do meu ombro. - Olha, isso não tinha que ficar tão sentimental. - Eu sei. Quer dizer, não é nossa primeira vez. Mas vou ficar tanto tempo longe...