Prólogo

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E la estava ele novamente me incomodando com sua presença, me atraindo com seu olhar ardoroso, me deixando com água na boca com aquele corpo forte que eu conhecia muito bem o cheiro, o sabor, a textura...a força.

Estremeci só de pensar nas suas mãos grandes em mim e suspirei desviando os olhos de sua figura encostada displicentemente na moto. Girei o corpo fazendo o caminho contrario ao que eu pretendia somente para não ter que passar por ele.

Mas como sempre Lorenzo me abalava quando me olhava e... puta merda. Eu sentia seu olhar queimando em minhas costas. Girei a cabeça apenas para confirmar o que eu já sabia. Ele me olhava, a cabeça meio inclinada, ainda encostado na moto e o cigarro queimando entre seus dedos.

Voltei a andar, mas uma depressão na calçada me levou ao chão. Ou melhor, levou meus livros ao chão pois mãos quentes e másculas me seguraram pela cintura antes que meus joelhos tocassem o chão. Eu nem precisava, obviamente, me virar para saber quem era meu salvador. Meu corpo já conhecia as sensações que o outro corpo provocava.

Voltei a posição normal e fechei meus olhos ao perceber que ele estava mais perto do que supus. Minhas costas ficaram coladas em seu peito largo e um inevitável arrepio percorre meu corpo. Eu senti todos aqueles músculos maravilhosos... ou melhor, odiosos contra meu corpo.

—Hum... obrigada. –Falei num sussurro e girei um pouco a cabeça em sua direção, mas evitando olhá-lo. –Você... foi rápido.

Mordi meus lábios e rolei meus olhos. Apenas isso que tinha a dizer? Eu queria xingá-lo e chutá-lo feito um cão.

—Não fui. Eu estava vindo atrás de você.

Deus... aquela voz rouca. Senti minha cabeça girar e levei minha mão à testa tentando conter a onda de tontura que me domina.

—Não tem vergonha? Por que está atrás de mim? Ah já sei... está sentindo falta da minha boa comida, da sua bebida sempre gelada, da sua roupa sempre lavada e perfumada, não é?

—Na verdade... não. Eu sinto falta do seu corpo sob o meu e você gemendo deliciosamente enquanto goza no meu...

—Pare! –Grito desesperada. Ele não podia fazer isso. Esse desgraçado sabia bem o efeito que meras palavras causam em mim.— Que inferno. Pare de andar atrás de mim. Aliás, sua noiva sabe disso?

Sua expressão se fechou e ele colocou as mãos no bolso. Merda... aquele jeans estava tão justo. Aquela camisa de malha verde se ajustava tão perfeitamente ao seu peito... ao seu abdômen. Eu quase podia ver aqueles gominhos. E aquela jaqueta de couro? Ele mais parecia um delicioso... um... safado! É isso que ele era.

—Sherrie... vamos conversar.

—Não temos nada para conversar. Por acaso você não tem uma empresa para comandar?

—Tenho, mas hoje é meu pau que está no comando.

Eu ofeguei e meus olhos se arregalaram. Ele sorriu de forma sexy, mas seus olhos estavam sérios.

— E ele está me ordenando que eu busque meu refúgio no paraíso... dentro de você, amor.

Ele aproximou o rosto do meu e perdi o fôlego. Umedeci os lábios com a ponta da língua... e ele se abaixou pegando meus livros. Senti vontade de chutá-lo com minhas botas de bico fino. Mas tudo o que conseguia fazer era observá-lo se levantar segurando meus materiais.

—Venha comigo Sherrie. Não negue o que nós dois queremos.

Ele esticou a mão livre para mim e sem pensar... eu a segurei. A partir dai sabia que estava perdida. Mais uma vez.

Enganos - Degustação -Estreia 01/04/2018Onde histórias criam vida. Descubra agora