Decode - Tradução

Capítulo 26

Lennon.

Estava quase a adormecer quando o som da porta da frente a bater me acordou. Sentei-me corretamente, olhando para a porta, esperando que o Jasper entrasse. Os meus dentes estavam cerrados e as minhas mãos fechadas em punhos. Contudo, eu não o conseguia atacar, ainda estava presa ao aquecedor, o qual se tinha ligado enquanto ele esteve fora de casa e que estava lentamente a queimar a pele das minhas costas. O meu braço está pendurado por cima da minha cabeça há horas, o sangue tinha descido do meu braço, deixando a minha mão completamente dormente e com uma cor desagradável. As algemas tinham cortado o meu pulso mas eu não o conseguia sentir. Eu não sei quanto mais tempo é que eu conseguia esperar pelo Jasper, a minha bexiga estava extremamente dolorosa. As minhas pernas estavam cruzadas de uma forma desconfortável para impedir qualquer acidente de acontecer.

O Jasper esteve fora o dia todo e talvez metade da noite. Não tinha relógio e o meu telemóvel estava na minha mala que, sem dúvida alguma, tinha sido vasculhada pelo Jasper. Também não havia relógios no quarto, por isso, apenas podia tentar adivinhar as horas. Observei a sombra da cama no quarto a mover-se pelo quarto, indo lentamente para oeste onde acabou por desaparecer.

Estava envolvida por completa escuridão e eu estava com medo. O escuro tornava tudo mais estranho e pouco convidativo. Continha a respiração cada vez que ouvia um barulho. Às vezes pensava ouvir um carro a chegar ou até vários, até pensei que fosse o Harry e o Sul mas nunca era. Na verdade, não houve nenhum carro que chegou, a minha mente estava apenas a pregar-me partidas.

Era um pensamento assustador pensar que o Sul provavelmente não fazia a menor ideia onde é que eu estava e com quem é que estava. Considerei algumas ideias para manter a minha mente ocupada enquanto permanecia na solidão durante o dia. A primeira coisa que eu tinha de descobrir era; como é que eu ia dizer ao Sul onde eu estava? Contudo, antes disso, tinha de me livrar da situação em que estava de momento.

Preparei-me, contendo uma respiração trémula quando ouvi passos nas escadas. Assumi que fosse o Jasper mas podia ser qualquer pessoa. A porta abriu-se e bateu contra a parede. Ele ligou as luzes, cegando -me depois dos meus olhos se terem habituado à escuridão.

"Ainda estás aqui?" Ele questionou mas para ele era mais uma piada pois ele riu para ele próprio. Fiz uma careta para ele e observei-o ansiosa enquanto ele atravessava o quarto. Ele cheirava a uma mistura enjoativa de cigarros baratos e fumaça de carros.

Torci o nariz com o seu cheiro horrível quando ele se ajoelhou ao meu lado e abriu as algemas à volta do meu pulso morto. O meu braço caiu para o meu colo onde eu o agarrei gentilmente com a minha outra mão. Esfreguei o meu pulso febrilmente; os cortes tinham secado, deixando sangue seco na minha pele. Estiquei os meus dedos rapidamente, tentando encorajar o sangue a voltar a circular.

"Queres gesso?"

Olhei para ele e franzi as sobrancelhas para ele e para a sua mudança de comportamento, mesmo se fosse uma pequena indicação de alguma simpatia, não tinha a certeza como é que devia reagir. "Não." Respondi bruscamente enquanto me levantava ao mesmo tempo que ele.

"Tu é que sabes." Ele murmurou com o seu tom vicioso outra vez.

Decidi agir de forma civilizada e ouvir as suas exigências até de manhã quando podia, pelo menos, tentar descobrir uma maneira de comunicar com o mundo exterior. Ele agarrou o meu pulso sem pensar no quanto podia doer. Doía mas não muito. Era desconfortável mas eu aguentei enquanto ele me puxava pelas escadas até à cozinha.

"Estava a pensar em algo com lentilhas para o jantar." Ele falou, finalmente largando o meu braço. Fiquei de pé no lado oposto dele, do outro lado da mesa da cozinha. Ele ponderou para ele próprio enquanto ele se virava e abria vários armários de uma vez. Ele bateu com os seus dedos manchados no seu queixo sem barba em contemplação profunda. "Sabes cozinhar lentilhas, certo?" Ele perguntou, virando-se.