Capítulo 12

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Lennon.

Tirando o facto de ter sido gozada pela Nia pela horrível ressaca que tinha em cima, Segunda foi maçante e tediosa. As encomendas de bolos pareciam nunca mais acabar e a minha dor de cabeça apenas piorava. As poucas horas de sono que tive na noite anterior não estavam a ajudar. Os meus olhos estavam a arder pela falta de sono. A minha cabeça andava à roda e não era apenas do álcool.

Odiava soar como aquelas dramáticas cliché mas passei maior parte da manhã de Segunda a olhar para a porta da frente e deslizando pela cozinha cada vez que o sino da porta tocava. Não estava à espera que chegasse um príncipe e me pegasse ao colo... pelo menos, foi isso que eu disse a mim própria. Contudo, a minha consciência sabia que isso não era verdade.

 Os meus pensamentos estavam noutro sítio desde ontem à noite. Não conseguia compreender o que tinha acontecido nem porquê mas queria que acontecesse outra vez. Seria o seu comportamento misterioso que me intrigava? A sua boa aparência irritante? Ou a sua personalidade encantadora? Discordo, eram os três.

Ou o Dom não notou nada ou então não disse nada sobre a minha mudança de personalidade ontem à noite. Mas tenho a certeza que assim que uma gota de licor tocou nos meus lábios, qualquer pensamento sobre o Harry foram afogados até ao momento que me deitei na cama e repeti tudo na minha cabeça.

Os meus braços doíam-me e estavam cansados. Estava cansada devido à falta de sono e cansada da vida em geral. Harry era o único bocado de espontaneidade na minha vida, o que explica o porquê de eu estar-me a agarrar à pequena corda que ele apertou na minha vida. Acordo, vou trabalhar e volto para casa para me preparar para fazer o mesmo no dia seguinte. Não foi assim que eu imaginei os meus últimos anos de adolescente. 

Começo a pensar no que estaria a fazer se tivesse ficado na universidade. Será que teria um namorado maravilhosamente lindo com o gosto musical perfeito e uma personalidade adorável? Será que seria a melhor aluna da turma com um estágio para mim? Será que eu e a minha colega de quarto teríamos apreendido a dar-nos bem uma com a outra? Ou será que isso me iria arrastar para o círculo dos gangues de qualquer maneira?

 Não é que eu me arrependesse de ter desistido; foi sempre a parte do "E se". E se eu tivesse ficado lá, o quanto diferente seria a minha vida? Eu nunca saberia a não ser que voltasse mesmo para lá e eu não tinha a certeza se era mesmo isso que eu queria. Eu punha a culpa no T.A.S, transtorno afetivo sazonal, o qual eu não fui diagnosticada mas apenas queria por a culpa noutra coisa sem ser arrependimento.

Segunda foi ainda mais aborrecido que o normal. Dom não estava em casa, ele foi arrastado para um bar pelos seus colegas de trabalho para sua infelicidade. Dom não se importava de ir para um bar, eles importava-se era de ir para um bar com os seus colegas de trabalho. E eu não o podia censurar, eles eram como abutres numa carcaça. Eles metiam-se com qualquer pessoa do sexo feminino que estivesse a menos de três metros deles. Era doloroso de se ver. Estive com eles uma vez e isso era suficiente.

Jason e Emma não estavam em casa, ao qual eu agradeci a Deus. Estava demasiado mal humorada para os ouvir discutir ou pior. Claro que eles não podiam sair de casa sem antes comerem metade da minha comida. Não tinha cereais, leite ou pão. Os noodles já estavam no armário antes de nos mudarmos para aqui e o pedaço de queijo no frigorífico estava a começar a desenvolver a sua própria cidade de bolor. 

Depois de remexer nos armários e dos vários ataques de espirros devido ao monte de pó acumulado, finalmente encontrei uma lata de sopa que ainda estava dentro da validade. Sentei-me em frente à televisão no sofá desgastado e assisti The Great British Bake Off e babei-me com os bolos espetaculares que eles faziam. O facto de eu estar a comer sopa com sabor a lentilha, piorou o meu humor ainda mais.

Decode - TraduçãoWhere stories live. Discover now