Capítulo 19

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Lennon.

Sete dias, três horas, trinta e quatro minutos, cinquenta e sete segundos. Setes dias, três horas, trinta e quatro minutos, cinquenta e oito segundos. Sete dias, três horas, trinta e quatro minutos, cinquenta e nove segundos. Sete dias, três horas, trinta e cinco minutos, zero segundos.

Estava tão entorpecida que cheguei ao ponto de saber exatamente há quanto tempo estava na mesma casa, a fazer a mesma coisa que era nada. Estava aborrecida e desanimada.

Por mais que eu quisesse sair de casa e explorar até o pedaço mais pequeno possível do mundo exterior, esta não eram a maneira que eu pretendia fazê-lo. Passou uma semana desde o incidente na padaria e ainda não havia novidades do Floyd. Mas hoje era o dia em que a Nia ia ser enterrada.

Harry estava cético em fazer um funeral tradicional mas eu não ia aceitar um não como resposta. Não ia deixá-la partir de uma maneira tão indigna, a morte dela já era o suficiente. A Nia foi a única amiga com quem eu podia falar, dizer-lhe segredos e com quem me conseguir relacionar e ela apenas foi arrancada deste mundo cruelmente e injustamente.

Eu não sabia o que tinha acontecido ao corpo da Nia até chegar ao caixão, não me permitiram saber. Não podia decidir em que igreja iria ser realizado o funeral, nem qual padre iria realizá-lo. 

Continuei a puxar as minhas meias por debaixo do meu vestido quando o Harry entrou no quarto, tentando apertar a sua gravata. Mal tínhamos falado recentemente, na verdade, eu sentia-me isolada dentro das paredes desta mansão. Ninguém falava comigo e quando falavam, era para me dizer que o jantar estava pronto ou que iria haver visitas e que eu tinha de ficar no quarto.

A Perrie e a El praticamente não existiam. Eu conseguia ouvi-las e vi-as na hora das refeições mas elas não olhavam para mim, muito menos falavam comigo. Sentia-me isolada e sozinha. Passei maior parte da semana deitada na cama a mandar mensagens ao Dom quando ele não estava ocupado. 

Eu não fazia a mínima ideia do que tinha feito de errado, era quase como se tivesse afugentado toda a gente. Queria falar com o Paul sobre isso mas ou ele estava muito ocupado ou então nunca estava em casa, típico. Tentar falar com o Harry era como tentar falar com uma parede. Consegui falar com ele há dois dias para preparar o funeral, para a sua infelicidade. Só estávamos nós os dois e o Paul no funeral, mais ninguém a conhecia, na verdade, eles também não a conheciam mas Paul ia ao funeral por questões de 'segurança'.

Estavam ambos desinteressados nisto mas eles podiam aguentar isso durante meio dia, não os ia matar.

"Estás a apertá-la mal." Falei para o Harry mas ainda a arranjar as minhas meias e os meus sapatos. De alguma forma, as minhas meias conseguiram virar-se e a costura dos dedos dos pés estavam completamente fora do lugar e todas as raparigas sabem como isso é desconfortável. 

A única resposta que obtive foi um grunhido e o som da sua gravata contra a cama. Revirei os meus olhos por ele ser mesquinho e andei até ele, apanhando a gravata abandonada pelo caminho. Ele olhou para mim com tanta intensidade que parecia que os seus olhos estavam a ver através de mim. 

Pus o material à volta do seu pescoço e apertei-a corretamente à primeira. "Á volta e depois passas através do buraco." Murmurei, andando de volta até ao armário, deixando-a apertar corretamente à volta do seu pescoço. Ele não me agradeceu mas também não estava à espera disso.

Conduzimos até à igreja em silêncio. Nada de música, nada de rádio e nada de conversa. Eu olhava para a sua cara enquanto ele conduzia, perguntando-me se o conseguia fazer falar mas falhei. Ele provavelmente conseguia sentir o que eu estava a fazer e conseguiu bloqueá-lo da sua mente. 

Decode - TraduçãoWhere stories live. Discover now