Sangue Fresco

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Mariana

    Alexandre, Nathalia e o rapaz que os ajudava a organizar a maioria das coisas cujo nome era Bruno reuniram um pequeno grupo, todos os que levantaram as mãos e se dispuseram a ajudar estavam reunidos ali, cerca de nove pessoas, seria o suficiente se houvessem pessoas doentes no resto do shopping?

    Camila estava ali também, eu não sabia ao certo se aquilo de certa forma me acalmava, o que provavelmente não era o que se passava na mente dela, já que me lançava alguns olhares indiscretos de raiva.

    — Acho que não deveríamos atacar eles, quero dizer, se estão doentes pode ser que melhorem, certo? — disse um rapaz alto e moreno.

    Camila soltou uma audível gargalhada e após perceber que ninguém mais estava rindo parou aos poucos.

     — Desculpa. Mas eu pensei que você estava zoando, é sério que você pensa assim depois de ver tudo o que vimos hoje? — perguntou solene.

    O rapaz cruzou os braços e a encarou.

    — Sim é o que eu acho. Você acha que a gente deve sair por aí machucando eles sem um pingo de humanidade?

    — Acho.

    — Então você deve ter algum problema. — replicou, seco.

    — Isso tudo não se trata de humanidade, e sim de sobrevivência. O que você vai fazer quando um deles te atacar? Esperar que melhorem? O que você acha de ir lá fora com toda essa sua arrogância e fé e torcer pra que eles sejam pacíficos?

     O rapaz olhou em volta, pedindo ajuda silenciosamente mas ninguém ali concordava com ele, era estupidez pensar daquela forma, todos lá fora haviam se tornado criaturas irracionais e violentas, não havia nada que pudéssemos fazer.

    — E se fosse alguém da sua família? Seu amigo? Seu namorado?

    Camila ficou em silêncio por alguns segundos e respondeu sombria:

    — Eu faria o que fosse necessário pra me proteger.

    Alexandre não se pronunciou sobre aquela discussão, explicou seu plano de sair para o resto das lojas procurando mais pessoas, mesmo se não houvessem pessoas eles poderiam usar os produtos das outras lojas para sobreviver por mais tempo. Natália parecia um pouco incomodada com tudo aquilo, ao meu ver ela continuava esperando intimamente que a polícia aparecesse e nos salvasse, não passava pela cabeça dela que até os policiais tinham família e não iriam sair por aí se arriscando. Ninguém viria.

    — Vamos com calma. O tempo todo em grupo. Não acho uma boa ideia a gente se separar, assim ficamos expostos a qualquer coisa que tentar atacar a gente. — ponderou Alexandre. Ele tinha altura mediana, cabelos grisalhos, e cerca de trinta anos.

    — Tudo bem. Então vamos — apressou Camila. 

    Foram Alexandre e Natália que distribuíram facas que ainda estavam em embalagens, o rapaz que discutiu com Camila aceitou uma faca com relutância.

     A porta que levava ao resto do shopping tinha sido fechada, ela era feita de vidro mas uma porta de correr feita de metal protegia ela.

     — E os seus pais? — perguntou Camila, enquanto abriam a porta. Eu imaginava que a qualquer momento ela fosse querer falar comigo, só não esperava ser tão cedo.

    — Longe demais pra saber se estão bem ou não. — respondi, naquele momento minha vontade de chorar tinha vindo a tona pela primeira vez. Pigareei. — E seus avós? Eles não estão tão longe... você ainda tem chance de encontrar eles.

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