Exilados

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Mariana

    Eu estava acordada, fitando o telhado perdida em meus pensamentos quando ouvi passos no corredor, minhas velas já tinham acabado então não pude ver quem era, imaginei que fosse Matheus ou Miguel. Mas me surpreendi ao ver sob o fraco brilho de uma vela que era Mayara, ela apontava uma arma para mim, e sorria como uma doida.

    Meu coração acelerou tanto que eu só pensei em levantar e confronta-la, mas como? A vadia tinha uma arma e 30 anos acumulados de loucura.

    — É bom você não brincar comigo — disse ela, jogando uma corda para trás de mim, eu não vi antes por causa do susto, mas Ana estava ali, elas tinham me encurralado. — Eu não vou deixar que você e sua namoradinha se tornem um perigo pra todos nós.

    Ótimo, toda pouca sanidade que Mayara parecia ainda ter havia acabado.

    — É melhor você pensar no que está fazendo Mayara — disse eu. Ana já estava puxando meus braços para trás.

    Ana parecia temerosa, mas isso não a impediu de amarrar minhas mãos com toda a força que tinha, ouvi o som de fita adesiva sendo descolada, e então Ana veio a minha frente, cara a cara ela parecia um filhote de gato Sphynx.

    Ela colocou a fita em minha boca e segurou no meu braço, me empurrando pra frente.

    — Eu estou pensando muito bem no que estou fazendo. E eu vou prender você junto com os seus amiguinhos. Amanhã cedinho todos vão ver o destino que vai aguardar eles se não seguirem as regras.

   Se eu pudesse respondê-la chingaria o máximo possível.

    Ana me guiou até uma sala, quando Mayara tirou um molho de chaves do bolso, com a mesma cordinha que segurava as chaves que Natália carregava, imaginei que ela também estivesse presa ali dentro. Mayara abriu a porta, e vi Camila presa pelos braços e tornozelos a cadeira, e sua boca também tinha uma fita adesiva. Natália também estava da mesma forma.

    Camila me olhou sem surpresa, eu podia jurar que até mesmo com satisfação.

    Ana me levou até a cadeira e me empurrou para que eu me sentasse, eu estava de costas para Camila, nossas cadeiras encostadas.

    — Não saiam daqui meninas — disse Mayara, e então ela riu da própria piada.

    Ana fechou a porta com um sorrisinho malicioso.

⊰⌖⊱

    Pela janela da sala pude ver que a manhã já havia chegado, eu não conseguia nem ao menos sentir cansaço, estava alerta demais. Parecíamos ter ficado ali dentro por cinco horas, o silêncio era desesperador, eu queria falar com Camila nem que fosse para discutirmos.

    Ouvi o som da chave destrancando a porta e então Lígia entrou, Mayara sorria atrás dela como um diabinho. Eu não podia imaginar que Lígia tinha sido manipulada por Mayara, talvez Mayara estivesse testando a confiança que podia ter em Lígia, trazendo ela até aqui e a obrigando a nos levar. Lígia rapidamente desfez o nó nos meus tornozelos, me trazendo um grande alívio. Seu olhar para nós era significativo, ou talvez eu apenas tivesse imaginado aquilo, era como se quisesse nos ajudar.

    Olhei para ela, e me levantei, depois ela soltou Camila e Natália.

    Mayara apontou a arma para nós e apontou para fora do almoxarifado.

    — Em fila meninas. — ordenou ela.

    Quando saímos da sala vimos que mais pessoas ajudavam ela além de Ana, Gabriel, o irmão de Vinícius estava ali também, nos olhando com um sorrisinho maldoso. Bruno e Sabrina também tinham sido pegos, e pelo o que parecia Bruno tinha tentado lutar já que havia uma ferida grande em sua testa. Ana me empurrou e fui na frente, nós andamos até a frente do mercado onde todos os clientes nos olhavam chegar como um grande espetáculo. Alguns nos olhavam com satisfação, como se fôssemos enfermos, outros nos olhavam com medo e piedade.

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