Capítulo 3

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Eu comecei a chorar quando olhei para as mãos da pessoa que me segurava, eu estava apavorada, me lembrei do dia 30 de janeiro, o dia que eu e Sophie fomos violentadas. Todas as emoções daquele dia haviam me invadido.
Minha respiração estava ofegante e lágrimas escorriam pelo meu rosto inteiro, eu estava desesperada, sentia sua mão quente em meu braço me segurando com um pouco de força, eu estava imersa a me mexer ou algo do tipo... Paralisada.

-Moça, calma! Não vou te machucar! Você está bem? -Perguntou o garoto e ela suspirou vendo o choro cessar mas não conseguia dizer nenhuma só palavra. Por um momento aquela voz a acalmou.

-Olha para mim e respira, consegue dizer seu nome? -Ele continuou.

Era como se aquele momento refletisse o passado, aquele momento me relembrava o dia em que eu me senti suja, estava com medo.
Olho para o garoto tremendo e ele sorriu fraco.

-Calma, eu disse que não vou te machucar. -O moreno disse.

-Me desculpe pelo o momento de agora a pouco. -Sua voz doce saiu pelo seus lábios carnudos.

-A culpa foi minha, eu que te assustei.

Sorrio de soslaio meio fraco.

-Está tudo bem. -Falou.

Por incrível impulso eu acabo abraçando ele mas logo me separo com as bochechas ruborizadas.

-Desculpa. -Falou a morena com vergonha.

-Não se desculpe!

Ele me abraça e eu suspiro aliviada retribuindo o abraço fortemente, eu precisava muito disso.

-Diz para mim o que sente. -Falou passando a mão pelas pontas do meu cabelo liso.

-Eu...

Eu não conseguia falar nada, não tínhamos nenhuma intimidade para eu me abrir com ele.

-Desculpa, estou forçando a barra, né? -O garoto disse simples.

Assinto com a cabeça.

-Eu sei quando as vezes só precisamos de um abraço ao envés de palavras, já passei por grandes coisas da vida. -Ele sorriu sem que ela visse.

-Sim... -Meddison disse calma.

Nós separo e olho para ele com o rosto e as bochechas vermelhas.

-Pode não parecer mas eu sou forte, já passei por muitos altos e baixos, baixinha. -Ele riu.

-Eu também passei por bastante coisas, e não! Não sou nem um pouco baixa! -Falou um pouco brava.

-Está bem, está bem, alta. -Disse irônico.

Reviro os olhos e entro no vestiário feminino, olho para trás e ele me seguia.

-Por que estava chorando? -Perguntou encostando em um dos armários.

-Não deveria te contar algo assim. -Virou-se para ele e cruzou os braços.

-Te jogaram refrigerante? -Perguntou rindo.

-É.

Falei um pouco triste mas sorrindo, a risada dele me fazia rir.

-Qual seu nome, bela dama? -Perguntou formal pegando em minha mão como no tempo antigo.

-Meddison.

Fico meio receosa com o toque.

-Meu nome é secreto, não posso dizer.

Ele disse e seguiu até a porta, fez um aceno de cabeça para mim e logo saiu.
Estranhei subitamente seu movimento e tiro minha blusa a frente do meu armário, abro o mesmo mas logo me assusto com alguém, tinha alguém no meu armário! Era uma cabeça cortada...

-Meu... Deus... Do céu...

Fico olhando para aquela cena assustada sem saber o que fazer, tinha sangue por todos os lados do meu armário, dou alguns passos para trás, visto minha blusa rápido, a que eu estava mesmo.

-O que eu faço?!

Eu estava reconhecendo aquela cabeça, era a... Mycaila! Mycaila... Eu conversava com ela de vez em quando.
Permaneço intacta olhando para aquele pedaço de defunto ali.
Pego a cabeça e jogo dentro de um lixo que tinha ali, meus olhos estavam lacrimejando, vou correndo até o armário do zelador e pego panos e produtos de limpeza, limpo meu armário e coloco fogo no lixo com um esqueiro.

Fiquei vendo aquilo queimar sentada apoiada em um dos armários, coloco minha cabeça entre minhas pernas e começo a chorar.

-Meu Deus... Socorro... Ah... -A garota estava tendo uma crise de pânico.

Ouço passos entrando no vestiário e olho para a pessoa parada a minha frente, ela/ele estava todo de preto, se aproxima de mim e coloca um pano em minha boca, começo a me debater sentindo meu ar ir embora.
Pouco tempo depois eu não via mais nada.

P.o.v Menino do vestiário.

Logo depois que deixei a garota lá no lugar eu vou para minha casa, ela precisava ficar sozinha...
Olho para o relógio da sala que batucava o ponteiro, aquele silêncio todo estava me matando.
Várias lembranças vêem para minha mente... "O dia do acidente".

No dia 10 de maio de 2014 eu e minha família estava acampando num lugar chamado "Câimbra Peste", nome totalmente estranho, lugar totalmente como o nome, estranho, cheio de mistérios.

Olho para o relógio que parou.

Flashback dia 10 de maio de 2014 On.

Eu estava tão animado para aquela viagem, era a primeira vez que eu ia acampar!
Minhas malas e minhas coisas já estavam prontas e preparadas, desço as escadas de casa e ando até o sofá esperando por eles, me sento.

-Estão todos prontos? -Meu pai Charles V chegou sorridente na sala.

-Estamos aham. -Minha irmã Lisa V falou irônica totalmente desanimada.

Observo a expressão deles rindo.

-Então vamos crianças. -Minha mãe Nora V disse sorrindo e entramos todos no carro.

A viagem toda foi Lisa reclamando e meus pais cantando as músicas que tocavam no rádio.

Ao chegarmos no tal acampamento, ele era sombrio e dava até medo, não imaginei que seria assim...
O lugar estava abandonado, não tinha ninguém, só cabanas vazias.

Meu pai disse que ficaríamos aqui de todos os jeitos, com o sem pessoas então arrumamos um dos quartos e ficamos lá, por um dia inteiro.
Era quase uma terapia ficar nesse lugar, eu estava atordoado, todos estavam.

No dia seguinte iríamos ir embora, ninguém conseguia mais ficar aqui. O ar era pesado e assustador, deixamos as coisas arrumadas no carro, eu e Lisa estávamos no mesmo quarto de cabana, nossos pais estavam em outra.

Já era umas 20:00 da noite e eu estava deitado no meu colchão e Lisa estava ao meu lado escutando música, ouço uns gritos vindo de fora então vou correndo para o lado de fora da cabana onde tudo pegava fogo, nossos pais estavam queimando junto com a cabana.

Não podíamos fazer nada, Lisa estava em choque. Ela começou a me puxar para a entrada do acampamento, saímos correndo para a estrada onde deram carona para nós, Senhor Grand e Senhora Kristine, onde nos levaram para Smallwood.

Flashback off.

Hoje em dia minha irmã mora em outra cidade, o Senhor e a Senhora Grand e Kristine morreram um ano depois do acidente com meus pais.

Hoje eu vivo só.

Just One More Life ♥ [Pausada]Onde histórias criam vida. Descubra agora