epílogo, part i

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"I belive there is another world waiting for us... A better world. And I'll be waiting for you there"

- Robert Frobisher, Cloud Atlas

O carro prateado parou na borda da calçada lentamente, os pneus deslizando sobre o asfalto de maneira graciosa. Assim que o motor se silenciou, a porta do motorista se abriu, revelando uma jovem e belíssima mulher.

Ela tinha o longo e loiro cabelo preso em um coque frouxo e vestia um terninho de cor rosa bebê, este acompanhado de uma sapatilha quase de mesmo tom. Pôs-se de pé na calçada, arrumou o seu uniforme de trabalho e então seguiu para a porta de traseira do carro, abrindo-a. Estendeu as mãos para o interior do veículo e entrelaçou seus dedos com os do velho homem sentado no banco de trás, ajudando-o a sair do carro.

O homem segurou-se nela até se firmar em pé e então a mulher deu-lhe a bengala. O objeto era ordenado com detalhes pintados de ouro, cuidadosamente entalhados na madeira, uma verdadeira obra de arte feita por encomenda.

- O senhor tem certeza que não quer que eu vá junto? - A loira perguntou, retirando um gigantesco buquê de flores silvestres do interior do carro.

- Não é necessário, minha querida. - O senhor respondeu, estendendo o braço livre para que a mulher pudesse pousar as flores sobre ele. - É algo que sempre faço sozinho. Você me espera no carro, está bem, Minerva?

- Se precisar, basta me chamar, senhor. - Minerva insistiu, temendo deixar o velho homem perambular sozinho.

O dia estava encoberto e, vez ou outra, chuviscos pingavam do céu, molhando ligeiramente o chão. Aquele era a primeira semana da loira trabalhando para aquele homem idoso e gentil e ela, com toda a certeza, não queria ser a culpada caso algo acontecesse a ele. Porém, o homem lhe deu um sorriso confiante, ajeitou o chapéu que cobria seu cabelo curto e branco e começou a se afastar.

O idoso parou de andar pela calçada quando finalmente chegou diante do grande portão de ferro, o qual dividia a rua da vastidão grama que seguia em diante. O sol foi mais uma vez escondido por uma nuvem escura, o que combinava bem com o local na qual o homem estava. Ele passou sob o magnífico arco que circundava o portão e afundou suas botas de couro na grama molhada e lamacenta.

Liam Dunbar soltou o ar de seus pulmões devagar e passou a caminhar com cuidado para não escorregar na grama úmida, um dos lados de seu corpo apoiado na bengala, o outro lado equilibrando o grande e pesado buquê. Ele, com seus

Continuou andando pela grama, vez ou outra sendo acariciado no rosto por alguns raios fujões do sol, que conseguiam passar entre as nuvens. Ao longo do tão conhecido caminho, Liam parou três vezes para descansar, observando o vasto campo aberto diante de si, pontilhado por centenas de grandes placas de pedra, cada qual carregando um ou mais nomes. A visão, que deveria ser triste, já havia se tornado quase natural para o homem que visitara aquele lugar semanalmente pelos últimos dois anos.

Longos minutos de passos lentos se passaram antes que Liam finalmente chegasse diante da lápide que tanto conhecia. Ela era simples, não passando de uma placa de mármore branco de meio metro de altura com detalhes de lindos cristais azuis perto da borda, formando um quadro para as palavras entalhadas no centro da pedra.

Flowers - ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora