- Eu tinha feito pipoca e brigadeiro, mas você dormiu... – tento me justificar enquanto encosto a porta do quarto, olho para a Bea jogada em minha cama, encarando o teto e espero por uma reação sua, mas nada acontece.
- Uau! – Bernardo diz e eu volto minha atenção para ele que circula meu quarto, olhando cada detalhe. – Está bem diferente...
- Como assim? Não faz tanto tempo que você esteve aqui... – respondo a ele, me sentindo nervosa enquanto me aproximo ainda mais.
Sinto minha boca ficar seca e minhas mãos suarem quando chego mais perto dele e pensamentos insanos começam a passar pela minha cabeça, me deixando zonza e ainda mais confusa sobre como parecer normal mesmo pensando em como seria se ele me abraçasse forte, enquanto eu afundasse meu rosto na curva de seu pescoço sentindo o perfume de sua pele.
Meu Deus. Eu preciso de ajuda.
- Faz uns meses – ele diz, com um sorriso triste em sua boca, que faz meu estomago se contorcer. De repente eu percebo que os sintomas de paixão são bem similares com os de ansiedade... – Você tirou os posters do Ed Sheeran da parede, colocou uma tabela periódica, um mapa mundi, cartões com fórmulas de matérias...
- Apenas para me ajudar a estudar – eu digo enquanto dou de ombros olhando para a parede do meu quarto e começo a relembrar todas as mudanças que aconteceu nesses últimos meses, a parede cinza que cobre a tintura rosa bebê antiga, as prateleiras rosas que agora são amarelas, antes eram cheias de bonecas e que agora tem um livro ou outro...
- Eu não sei o que está acontecendo com minha vida – a Bea diz por fim, nos tirando daquele transe e voltamos nossa atenção para ela.
Bernardo puxa a cadeira da minha escrivaninha até perto da cama e eu me jogo no colchão ao lado da Bea.
- Você acha que alguém, sabe? Quer dizer, ninguém exceto a Mariana – ele diz me olhando e sorrindo. - Mas a vida é assim, Bea. Ninguém faz menor ideia.
Sinto meu coração acelerar e o nervosismo me invadir novamente. Começo a me arrepender de sempre ter sido tão enfática sobre meus planos para o futuro. Ultimamente o Bernardo tem aproveitado todas as oportunidades possíveis para dizer o quanto eu tenho tudo sob controle, o quanto eu sou organizada, o quanto nada na minha vida está fora de lugar... E se isso viesse de qualquer outra pessoa eu estaria, no mínimo, orgulhosa de mim mesma. Mas quando ele diz, eu só consigo me sentir uma farsa. E quase como um robô.
A Bea dá uma risada rouca e eu lhe repreendo com o olhar.
- Mas por que da intervenção? – O Bernardo pergunta, depois de uns minutos em silêncio absoluto e o sentimento constrangedor que cresce dentro de mim.
- Que intervenção? - A Bea se vira para mim, com um olhar confuso.
- Eu não tinha tempo de explicar o que estava acontecendo, até porque nem eu mesma sei o que é que está acontecendo... De qualquer modo, eu disse que era uma intervenção apenas pela facilidade de trazer o Bernardo para cá - forço um sorriso e sinto que gasto toda minha energia nisso.
A Bea apenas assente com a cabeça e diz que pelo menos faz sentido.
- O que está acontecendo? – Bernardo pergunta enquanto alterna o olhar entre mim e a Bea. Eu dou um pulo da cama.
- Eu preciso fazer mais pipoca. Vou ver se sobrou brigadeiro. Enquanto isso você atualiza ele, isso pode demorar um pouco – eu digo sorrindo com calma e vou em direção a porta, enquanto saio ouço a Bea pedindo para o Bê ter calma e deixar ela falar tudo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como conquistar seu coração
Fiksi RemajaMariana tem exatamente tudo planejado para sua vida. O que ela não espera é que justamente uma prova de física consiga desencaminhar todos seus planos. Ao receber a ajuda de Bernardo, seu melhor amigo, para conseguir se dar bem na recuperação da pr...