— Você vai almoçar lá em casa no sábado, meu pai vai fazer a famosa lasanha de camarão dele. — Disse Lenore, enquanto ajudava Caio com os alongamentos.
— O que? Como assim? — Perguntou alarmado. — Você vai me apresentar como seu namorado? Por que nós meio que smos, não é?
— Se esse é seu jeito de me pedir em namoro, é péssimo.
Caio se deu conta que ainda não tinham falado sobre isso, eles simplesmente estavam juntos depois daquela noite no terraço.
— Desculpe nobre donzela. — Falou se ajoelhando na frente de Lenore, ela lhe estendeu a mão. — "Essa, mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenore", daria a honra a esse cavalheiro de ser seu galante amado?
Lenore riu.
— Fazer o que, tenho mau gosto e vou assumir. Aceito. — Falou se ajoelhando a sua frente, e o jogando na grama, onde rolaram entre beijos e risadas.
— Isso é jeito de se portar Caio? — Era cora que acabara de chegar, tinha escutado os gritos exagerados de Lenore e foi ver o que era.
— Isso é jeito de amar mãe! — Respondeu rindo, mas mais parecia que estava se afogando.
— Desculpe senhora Monteiro. — Lenore falou enquanto se levantava e ajudava Caio a fazer o mesmo. — Mas gostaria de contar a senhora que estamos nos pegando, digo namorando.
E os dois explodiram na risada. Cora se juntou a eles. Era impossível não ver o quanto o filho estava feliz, e mesmo admitindo de má vontade, sabia que era por causa de Lenore. Afinal, eles eram só crianças, ela pensou. Saiu os deixando aproveitar aqueles momentos bobos e alegres, que fazem a vida valer a pena.
— A sogrinha já me ama. — Lenore disse assim que Cora saiu.
— Eu acho que ela não te odeia tanto. Mas cada um vê as coisas como quer. — Falou indo beijar a ponta de seu nariz, mas acabou beijando o olho. Ela riu.
— Achava que você era o que via o copo meio cheio. Acho que estou começando a te afetar.
— Começando? Você é tipo um vírus que se espalhou por todo o meu ser. Eu fui Lenorizado.
— Sorte a sua. — Lenore falou com desdém, mas era ela que se sentia sortuda por Caio. — Ah, eu tenho um presente para você, espere aí.
Levantou e saiu correndo em direção ao Instituto, voltou rapidamente trazendo consigo uma sacola toda preta. A entregou nas mãos de Caio.
— É uma camiseta? — Perguntou assim que tirou o tecido da sacola e tateou sua forma.
— É, estava cansada de te ver de azul.
— Que cor é? — Caio percebeu que tinha um desenho em relevo no meio dela, mas não conseguiu identificar o que. — Qual a estampa?
— Sei lá, algo a ver com o espaço. Eu sei que você gosta, e ela é branca.
— Obrigado. — Aquele gesto o emocionou. — Eu amei. Queria ter comprado algo para você.
— Não esquenta, foi mais por mim mesmo, quem tem que olhar para sua roupa sou eu. — Falou enquanto puxava seu cabelo.
— Sempre tentando fingir que não é a criatura mais fofa desse mundo. E note que eu disse criatura.
— Você vai ver a criatura que eu sou. — Falou o jogando na grama, e mordendo seu pescoço e suas bochechas. — Um vampiro!
No sábado, Caio se preparava para o almoço na casa de Lenore. Não estava nervoso por conhecer os pais dela, afinal, sabia que era o tipo de cara que os pais costumam gostar, e comparado ao namorado anterior de Lenore, ele era perfeito. Sua testa se vincou de preocupação por um momento, ao pensar no que os pais dela achariam da filha namorar um cara cego, mas pelo que Lenore falava deles, não iriam se importar nem achar que a filha estaria desperdiçando sua vida com alguém cheio de limitações. Afastou esses pensamentos, pois eram seus, apareciam de tempos em tempos, e o faziam se sentir mal. De qualquer forma Lenore tinha lhe dito, que os pais queriam muito conhecê-lo.
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Nebulosa Caio
RomanceA forma como Lenore via o mundo mudou após o acidente de carro, ou será que foi depois de conhecer Caio? Um jovem cego, engraçado e com um sorriso de tiranossauro, que a fazia se sentir inteira novamente.