Abro os meus olhos ao ouvir a minha mãe me chamando do corredor para tomar café. Passo a mão pela minha testa me convencendo que tudo o que aconteceu ontem foi um terrível pesadelo, mas não é tão fácil enganar a mim mesma. Levanto-me da cama espreguiçando o meu corpo e entro no banheiro. Não demoro no banho e me visto sem muitas expectativas de um milagre acontecer hoje, penteio os meus cabelos em um rabo de cavalo, enfio os meus pés nos tênis e saio do quarto com a mochila pendurada no ombro.
O aroma agridoce das panquecas caramelizadas do café da manhã desperta a fome em mim, assim que me aproximo da cozinha vejo o meu pai sentado à mesa e a minha mãe pousando um prato com panquecas no meu lugar na mesa. Eles param o que estão fazendo a me ver sentar, deixo a minha mochila na cadeira ao lado e começo a comer.
— Bom dia, querida — mamãe passa as mãos pelos meus cabelos e beija do topo da minha cabeça.
— Bom dia, Brooke — diz papai, bebericando o café em seguida.
Eu não quero falar, não quero começar com um "bom dia" e terminar aos gritos sobre a venda do meu carro e a injustiça que estão fazendo comigo. Quanto mais eu penso em uma saída, mais ela parece está distante das minhas mãos. As íris claras dos meus pais sobre mim me incomodam.
— Bom dia! — Me limito a isso.
— Está gostando de cuidar do Noah? Ele parece ser um garoto muito fofo — diz mamãe em meio às garfadas na panqueca.
Eu quero bancar a filha mal-educada e ignorar a conversa com os meus pais. Não vou aceitar a venda do meu carro nunca, eles deviam pensar um pouco mais em mim e deixar o meu carro de fora dessa reforma do supermercado.
— Sabe mãe, eu tenho que ir embora. Tenho muita coisa para resolver no jornal da escola — afasto o meu prato e jogo a mochila nas costas.
— Brooke, você mal tocou na comida — diz papai.
— Eu não estou com fome — me dirijo a saída da cozinha quando escuto a minha mãe me chamando e me viro para olhá-la.
— Brooke, você não pode ficar sem comer nada.
Minha língua se contorce para soltar uma resposta mal-educada.
— Impossível ter fome quando sei que vou ficar sem carro nos próximos dias.
Saio de casa antes que os meus pais inventem qualquer desculpa para tentar puxar assunto comigo. Destravo o meu carro, adentro jogando a bolsa no banco ao lado, passo o cinto de segurança e pego o caminho para a escola. A sensação de liberdade que tinha ao dirigir todas as manhãs parece não habitar mais o meu corpo. Eu estava disposta a voltar a pedir carona a Casey se o dinheiro do carro fosse para a minha conta, para me ajudar a pagar as despesas da faculdade, mas depois da minha conversa com os meus pais na noite passada já não consigo mais ter o mesmo pensamento. Uma lágrima desce pelo canto do meu olho, aquela lágrima de raiva por me sentir tão impotente nessa situação. Passo a mão rapidamente me recompondo.
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No Way Out | ✓
أدب الهواةTudo em nossas vidas está sujeito a modificar-se, tudo é passageiro, reféns da inconstância. E com Brooke Maddox não seria diferente, a vida como universitária entrou em risco após a notícia que seus pais estavam falindo. Ingressar numa faculdade se...