2º Capítulo Parte I

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 É fim de tarde em Saint Benedict e já estão todos a jantar. À noite é quando as funcionárias organizam as mesas por grupos e os Wolverlaw e Eagleboopers nunca se misturam.

 Crystal ficara no meio de Kanya Swan e Bellatrix Dwayn como sempre fica, aliás eram as duas wolverlaws que Crystal preferia quando não estava com Chame ou Lilly. À sua frente ficavam John Wayne , mas a funcionária decidira fazer umas trocas e desta vez era Noah Kent que marcava presença, ao seu lado Walter Queen e Oliver Snow.

 Todos param de comer quando Selina Smoke aparece no refeitório, num estado cansado. Martha, Ártemis e Terry levantam-se para a ir ajudar, Crystal apenas se levantou, mas ao ver tantos ajudantes voltou a sentar-se.

 O tom das conversas aumentou de volume com a chegada de Selina, mas cinco minutos depois todos os sussurros se dissiparam e voltaram-se para o seu jantar, sossegados.

 - Ouvi dizer que vais ficar no meu quarto. - ri-se Walter para Noah.

 - O quê? - ela mostra-se confusa.

 - Estou a pegar contigo. - volta a rir-se. - Vais ficar com quem?

 Noah abre a boca para responder mas é interrompida por Ártemis do outro lado da sala.

 - Comigo e com a Crystal. - responde ela.

- Tomem bem conta dela. - pede Oliver e depois sorri para Noah, que fica tímida.

 - Vocês estão a assustá-la. - comenta John e o resto ri-se com o comentário.

 - Tens é inveja! - goza Walter.

 - Do vosso desespero? - remata John, deixando-os constrangidos.

 - Mesmo, dêem espaço à miúda. - diz Kanya. - Ela ainda agora chegou.

 - Eu não preciso de ver o futuro para saber que esses dois já estão completamente caídinhos. - brinca Ártemis e todos se riem com a ironia.

 - Não fiques com vergonha. - diz Bellatrix para Noah. - Isto é sempre assim.

 - Vais acabar por te habituar. - completa Kanya. - Além disso ficaste com a Crystal...

 - Sim, ela toma conta de ti.

 - Sorte ou azar, eis a questão. - comenta Mavis.

 Noah olha para Crystal que está concentrada na sua comida, ignorando os comentários ao seu redor, depois ao sentir-se observada, olha de relance para a sua stalker e desvia logo de seguida. Noah suspira. Frustração. 

 Após o jantar dirigem-se todos para as respetivas salas de convívio, Wolverlaw na ala sul, Eaglebooper na ala Norte, tal e qual como acontece com os dormitórios.

 A sala de convívio é enorme, espaçosa, com o brasão dos Wolverlaw a impôr-se na parede frontal. Imensos sofás e mini-colchões por toda a sala, tal como mesas e cadeiras distribuídas por todos.

 Crystal levanta-se discretamente e sai da sala em direção ao corredor dos Eaglebooper na ala Norte. Chame já se encontra à espera.

 - A Lilly? - questiona Crystal.

 - James. - responde Chame.

- É suposto esperarmos?

 - Já te queres ir sem mim? - pergunta Lilly, acabada de chegar.

 - O que é que há entre ti e o James? - pergunta-lhe. - Pensava que ele estava com a Luna Stroke.

 - Não está mais...

 - Chega de conversas. - impõe-se Chame. - Temos trabalho a fazer.

 As três caminham pelos corredores de Saint Benedict, a esta hora as passagens são estritamente interditas a alunos, ainda para mais, pela zoa que eles pretendiam entrar.

 O plano era infiltrarem-se no laboratório para explorarem durante a noite.

 Eram 22:00 da noite quando os três se encontravam no corredor que fazia curva para o laboratório.

- Trouxeste uma caneta? - pergunta Chame.

- Trago-a sempre comigo. - responde Crystal.

Crystal extrai a caneta do bolso e segura a ponta firmemente, os seus olhos mudam de cor ficando muito azuis, como dois faróis, depois desenha no ar os traços de umas chaves, as linhas são exatamente da mesma cor dos seus olhos e quando Crystal completa o desenho, uma chave cai na sua mão e os seus olhos voltam ao normal.

- Eu invejo tanto esse poder. - sussurra Chame.

 Crystal abre a porta do laboratório e deparam-se com um cenário de terror.

 - Teos que falar com a Selina. - fala Chame perplexa.

 - Eu não aguento ficar aqui. - Lilly desvia o olhar e Crystal volta a trancar a porta.

 Cada uma dirige-se para os seus respetivos dormitórios, ainda com aquelas imagens nas suas cabeças.

 Quando Crystal entrou no seu quarto teve que ser tão silenciosa, que cada passo que dava, dava a sensação de ser extremamente barulhento, até dava para ouvir o som do mar a bater contra as rochas em Alice Springs.

 Crystal ia deitar-se quando ouviu um soluçar vindo da cama da rapariga nova. Não se ouvia um som vindo da zona de Ártemis e o soluçar era constante.

 Crystal caminhou até à cama de Noah e espreitou, vendo os olhos de Noah abertos e assustados. Era sempre difícil o primeiro dia, Crystal lembrava-se do seu, lembrava-se de não ter tido estes problemas devido à sua facilidade de adaptação, no entanto percebia o lado de Noah em ter medo na sua primeira noite.

 Noah olha para Crystal ao aperceber-se da sua presença e isso fá-la sentir-se uma idiota, porque cobre o rosto com o edredon.

 Crystal pega na mão da rapariga e Noah volta a a olhar para ela desconfiada, depois Crys pega na caneta e desenha uma espécie de lobo com uma pedra na sua cabeça, quando o peluche ganha vida, a pedra tem a cor azul viva e reluzente que ilumina o espaço ao seu redor e Crystal entrega-o a Noah que o agarra e agradece o gesto.

Crystal sorrira-lhe, o único gesto simpático que lhe dera o dia inteiro e depois vai deitar-se, estava exausta. Adormece.


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