É quase hora de jantar e eu tenho que subir para tomar banho agora antes que as restantes raparigas subam e sobrelotem o balneário.
Hoje foi o dia desde há muito tempo que passei o dia dentro da sala de convívio. Não estar com Chame ou Lilly mudava bastante a minha rotina. Passara o dia com Mari, não tinha percebido as saudades que sentia de estar com ela. Ao olhar nos seus olhos conseguia perceber que era impossível resistir-lhe.
Acabo de tomar banho e de me preparar para jantar e dirijo-me à porta do meu quarto, hesito, ela está fechada, eu tinha-a deixado entreaberta. Abro-a, pode ter sido Noah que chegara entretanto.
Ao entrar no meu quarto, deparo-me com um cenário que me faz ficar estática. À minha frente estão Noah e Griffin na cama a meio de um beijo intenso. Griffin é o primeiro a dar pela minha presença e levanta-se de um salto, depois Noah segue os seus movimentos, olhando para mim, corada.
Eu fecho a porta calmamente, controlando as minhas emoções e dou um passo na direção de Griffin.
- Ela pode ser nova e não ter conhecimento das regras, mas tu sabes perfeitamente que duas pessoas não se podem envolver dentro de um quarto, ainda por cima numa ala que não te pertence. - relembro-o.
- Tens razão, Crystal. - desculpa-se Griffin. - Foi uma coisa do momento, eu não pensei...
- Começa a pensar Griffin. Como fui eu a entrar, outra pessoa qualquer também podia ter entrado e ter-vos visto. Imagina as consequências depois disso.
- Certo. - responde ele, também corado e sai do quarto, fechando a porta atrás de si.
- Crystal, desculpa. - diz-me ela, num tom envergonhado.
- Para ti é Allen. - respondo, um pouco irritada e saio também do quarto, descendo para o refeitório.
No caminho cruzo-me com Chame e Lilly, mas estou demasiado irritada para lhes oferecer qualquer tipo de atenção e vou sentar-me à mesa.
- Hey! - exclama Bellatrix ao ver-me chegar. - O que é que se passa?
- Nada. - respondo, a tremer de tão enervada que estava.
- Acalma-te miúda. - pede-me ela, olhando para mim.
- Eu ouvi a discussão no teu quarto. - fala Kanya.
O quarto de Kanya era mesmo junto ao meu, era de esperar que ela tivesse ouvido.
- Está tudo bem. - respiro fundo e começo a comer.
Noah senta-se à minha frente, mas não nos encaramos durante o jantar todo. Eu realmente não sei porque é que isto me está a afetar tanto, eu mal conhecia Noah, eu não poderia estar a sentir ciúmes dela com Griffin. Isso era praticamente impossível, apesar de ela ter em comum com Mari e Selina aqueles olhos azuis intensos e ternos.
No fim do jantar eu subo diretamente para o dormitório e ouço os passos de alguém atrás de mim que me tenta alcançar. Eu abro a porta do meu quarto e entro para poder fechá-la mas uma mão interfere nos meus movimentos e bloquei-a. A dona da mão entra, ficando a centímetros de frente para mim, fechando a porta com o calcanhar.
Eu engulo em seco ao vê-la tão perto de mim e controlo a minha respiração. Ela deixa de me observar e caminha até à sua cama. Eu faço o mesmo, mas sento-me na minha.
- O que é que tens, Allen? - pergunta-me.
Eu não respondo. Não com o intuito de a ignorar, mas porque não sei a resposta para aquela pergunta.
- Explica-me o porquê de seres assim tão bipolar comigo. - volta a questionar. -Não, a sério, responde-me sinceramente. É que eu já não sei o que pensar de ti.
Sinto-a tensa e enervada, demasiado irritada ou até mesmo cansada das minhas atitudes. Mas eu continuo calada, imóvel.
- Eu achava que o início era só uma fase de te adaptares a mim, mas agora já não sei, eu achava que eras uma rapariga fixe, tu própria disseste para escolher bem as pessoas com quem me dou. Devia ter ouvido o teu conselho, porque eu escolhi-te a ti e agora percebo que foi uma péssima decisão. - cospe e isso afeta-me.
- Desculpa. - é o que consigo dizer.
- E agora estás outra vez bem. Tens duas personalidades, é isso?
Eu olho para baixo, ela levanta-se.
- Não. Desta vez não saio daqui sem saber a verdade toda. - ela coloca a sua mão sobre a minha cabeça e eu sei que dói. - Eu mereço saber.
- Kent... - soluço. - Estás a magoar-me.
- Diz-me a verdade Allen. - insiste. - Porque é que ages assim comigo? Com essa frieza?
- Eu fiquei irritada quando te vi com o Griffin. - as palavras saem-me da boca com muita facilidade, sem eu conseguir controlá-las e fico perplexa com o que me ouço a dizer.
- Porquê?
- Talvez tenha ciúmes. - elas voltam a sair e eu fico ainda mais irritada. - Larga-me!
Ela ira a mão da minha cabeça como se fosse espicaçada e olha para mim, com uma expressão de culpa.
- Desculpa, eu não sabia. - lamenta-se.
- Não tinhas como saber. - acalmo-me.
- Para ser sincera eu só me envolvi com o Griffin porque já o conhecia antes e ele concordou em ajudar-me aq perceber se uma pessoa estava interessada em mim ou não. - explica, envergonhada.
- Espera. A pessoa que disseste por quem estavas interessada não é o Griffin?
- Não, mas eu não sabia que gostavas dele.
- Oquê? - apercebo-me do erro e rio-me. - Não é do Griffin que gosto.
Eu continuo a rir-me mas depois volto a perceber o erro e sei que acabei de confessar algo comprometedor.
- Não gostas do Griffin? - ela junta as peças. - Tu ages assim comigo porque estás atraída por mim?
Eu sou apanhada de surpresa e não sei como responder, muito menos negar o que ela acaba de deduzir. Ela ri-se na minha cara, eu sabia que não devia contar-lhe isto, por muito que não tivesse sido opção minha. Aposto que amanhã já toda a gente saberia desta novidade.
- Goza à vontade. - autorizo. - Eu não me importo nada, Kent.
Ela pára de rir e senta-se à minha beira na cama, entretanto eu já me tinha deitado.
- Em primeiro lugar tu podes chamar-me Noah. - diz ela, ao olhar-me nos olhos. - Segundo, eu não estou a gozar, simplesmente achei piada a este equívoco todo. Terceiro... ainda não vai ser hoje, mas tu vais perceber que a pessoa por quem estou interessada, é impossível não gostar.
Eu viro-me na cama e cubro a cara com os cobertores, não quero ouvir mais nada. Só queria que o dia seguinte chegasse.
Ela levanta-se da minha cama e ouço- a sair e descer para a sala de convívio. Eu só queria esquecer isto tudo o que acabara de acontecer.
Adormeço em questão de minutos. O dia seguinte iria ser difícil. Sabia que ia passá-lo a pensar como estaria Lilly dentro de um laboratório, exposta a experiências malucas.
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OPOSTOS
Teen FictionUm colégio interno situado na periferia da cidade australiana de Alice Springs esconde um grande segredo. Alunos com habilidades especiais frequentam o colégio interno de Saint Benedict. Lá aprendem como em todas as outras escolas, mas com uma difer...