P.O.V. Lilly
Acordo de manhã com os olhos pesados, não tinha dormido praticamente nada durante a noite. Desde que soubera que me iam fazer experiências em laboratório que fiquei logo entusiasmada, não conseguia pensar noutra coisa, mas agora que o dia chegara estava um pouco nervosa, ansiosa e com vestígios de medo à flor da pele. E se Crystal tivesse razão? E se eu não voltasse a mesma?
Ouço baterem à porta e a chamarem pelo meu nome, o tom de voz era rígido mas novo. Acabo de me preparar e abro a porta. Do outro lado estão dois homens, ambos vestidos de branco, ambos calvos e sinceramente, ambos sinistros.
Eles encaminham-me até ao laboratório, o meu corpo está encaixado no meio dos dois, eles são entroncados e muito altos e fazem-me parecer completamente impotente e inferior.
Os corredores estavam silenciosos, não se via nem vivalma. Eram 06h50, a esta hora ainda ninguém se tinha levantado, as aulas começavam apenas às 08h30.
Entro no laboratório receosa e sou recebida pelo chefe de testes do colégio. Ele era baixo e gordinho, era calvo também e seus olhos muito negros, olhar para ele arrepiava-me da espinha até à nuca.
- Senta-te. - pede-me ele, com a sua voz aguda e o seu sotaque russo, cumprimentando os dois homens.
Eu sento-me na cadeira que me é disponibilizada e cruzo as pernas, colocando as minhas mãos no meio delas, encolho-me.
- Estás nervosa? - questiona-me.
Eu assinto com um gesto de cabela e depois desvio o olhar.
- Sabes o que fazes aqui, menina King?
Muito bem, eu não podia mostrar-me reduzida, devia retaliar, levanto a cabeça e coloco uma expressão superior.
- Vão sujeitar-me a experiências e vão testar as minhas habilidades. - respondo e vejo-o sorrir.
- Tu sabes o poder que possuis, não sabes? - pergunta-me.
- Sei. - assinto.
- Nós estamos aqui para te ajudar a controlá-los.
- Por isso é que a Selina dos Wolverlaw tentou matar a aluna nova? - pergunto friamente.
Ele engole em seco e começa a preparar as máquinas.
- A Selina Smoke foi um caso à parte, nós tivemos de a sujeitar a testes de autocontrolo muito excessivos e para isso tivemos de a fazer ir até ao descontrolo extremo e fazê-la tentar encontrar o seu ponto de controlo. - esclarece.
- E o Michael Davison? Agora está demasiado controlado não?
- Por opção própria, sim. - responde. - Escuta, Lilly, o que vai acontecer aqui, excessivo ou não, só depende de ti e de como asssumes o controlo das tuas prórpias habilidades.
Respiro fundo. Estávamos enganadas?
Levanto-me e os homens levam-me até uma caixa de vidro.
- Não tenhas medo. - diz-me ele. - é uma espécie de caixa bloqueadora, apenas te impede de usar os teus poderes.
Entro dentro da caixa e os homens trancam-na, fecho os olhos e ouço as indicações atentamente.
P.OV. Crystal
É hora de almoço e nem sinal de Lilly, procuro Chame na mesa dos Eagleboopers. Ela olha para mim e encolhe os ombros, volto-me para o meu prato. Estou mesmo preocupada.
- Está tudo bem? - pergunta-me Noah.
Eu olho para ela, ainda não tínhamos falado desde ontem à noite.
- Se eu disser que sim, tu sabes que é mentira. - bufo.
- Então não o digas... Ouve, Allen, desculpa-me por usar os meus poderes em ti, mas eu acho que merecia saber a verdade por muito que fosse uma coisa que preferisses esconder. - explica.
- Esquece isso. - digo. - Aliás, esquece tudo o que ouviste ontem à noite.
- Não posso. - nega.
- Então não me recordes disso, porque eu quero esquecer.
- Queres esquecer-me, Allen?
Olho nos olhos dele, intrigada e as pessoas à nossa volta também nos observam, confusas.
- Penso ser o melhor a fazer. - respondo. - Podes comprovar que isto é verdade.
Sinto-me fria por uns momentos, ela quis comprovar a veracidade das minhas palavras.
- Allen? - chama alguém da ponta da mesa, é Ártemis. - A tua amiga Eaglebooper?
Eu arqueio o sobrolho e sinto a mesa dos Eaglebooper ficar tensa ao ouvirem o seu nome e mostram-se interessados.
- Sim? - questiono. - O que tem?
- Está no laboratório certo? - questiona.
Eu assinto hesitantemente.
- Tiveste uma visão da Lilly? - pergunta-lhe Lunha Stroke, na mesa dos Eaglebooper.
- Tive. - responde Ártemis.
- O que é que viste? - questiona James Smith.
- Vi...
- O que nos dás em troca?- interfere Walter Queen, com um sorriso maligno.
- Oquê? - intriga-se James.
- O que nos dás em troca das informações que os Wolverlaw possuem? - repete Walter.
- Só podes estar a brincar Speedy. - fala Claude Slade.
Walter levanta-se abrutamente com os punhos cerrados contra a mesa.
- Volta a repetir isso alienado. - retribui.
Claude taambém se levanta e Griffin segue os seus movimentos.
Não havia confusão entre equipas há já algum tempo...
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OPOSTOS
Teen FictionUm colégio interno situado na periferia da cidade australiana de Alice Springs esconde um grande segredo. Alunos com habilidades especiais frequentam o colégio interno de Saint Benedict. Lá aprendem como em todas as outras escolas, mas com uma difer...