Revelações

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Se algum dia, em toda a minha jovem vida, imaginei que fosse morrer em uma missão, aquele foi o que tive a sensação mais forte de todas.

Eu sabia que tínhamos que nos concentrar, eu sabia que tínhamos que lutar, e eu conseguia ouvir os pensamentos desesperados de Art, Diego e Gui em minha cabeça. Pensamentos que eles não queriam compartilhar para não me atrapalharem, mas, como havíamos baixado os bloqueios para nos comunicarmos, eles lhes escapavam.

Em vários momentos, das horas que tivemos que esperar pelos guardiões federais e Alice, eu quis desistir. Quis falar para Art que o amava, e que amava a todos os outros, e me render. Em todos esses momentos, meu bando me mandou resistir. Me pediam para falar para Dani, Sabrina e Ivan que resistissem e eu repassava a mensagem, em sussurros, para eles.

Sabrina tinha feito alguns feitiços que poderiam nos ajudar, canalizado energia da terra para nos dar energia. Eram feitiços de proteção, de agilidade, para que fossemos mais rápidos e aqueles que estavam contra nós fossem mais devagar. Fez um feitiço de silêncio, quando percebeu que a Caipora queria assobiar. Feitiços de luz para quando os demônios e vampiros se aproximavam. Feitiços de escuridão contra os anjos.

Eu só tinha mais uma bala em minha arma, e a estava guardando para o momento em que Desejo resolvesse atacar. Rezava internamente para que isso nunca acontecesse. Dentro de mim, bem no fundo, eu tinha a leve sensação de que as balas de Caio não conseguiriam matar um Perpétuo, por mais humanizado que ele estivesse.

Olhei para o lado e vi Dani e Sabrina cansadas. O suor desciam-lhes pelas testas, pelos braços. Em certo momento, Sa fechou os olhos pedindo aos Deuses por mais forças. Ivan parecia cansado também. Estava sentado enquanto nos três fazíamos um círculo entorno dele. Apesar de ter face molhada de suor, a respiração estava tranquila. Ivan continuava concentrado, utilizando toda a força mental que tinha para manter Mel e "Adão" sob o escudo.

Me afastei um pouco de Ivan, andando em direção ao altar para verificar como estava o trabalho de meu primo. Com um suspiro longo, fechei novamente o círculo. O escudo estava mais fraco que antes.

- Sá, o Ivan precisa de energia.  – Sussurrei com a voz rouca, para ela. 

A falta de atenção me rendeu um soco no estômago, dado por um dos vampiros. A dor, dessa vez, foi maior que o normal. E eu soube que se não fosse pelo feitiço que Sabrina havia feito antes, eu poderia ter morrido.

Mas os feitiços de proteção já estavam fracos. Se quiséssemos continuar a resistir, Sabrina teria que tentar refazê-los.

– Sá, os nosso feitiços! – Ouvi Dani gritar depois de um gemido.

Tinham lhe acertado na cabeça, mas ela retribuíra pulando em cima do anjo e jogando suas Kunais em suas asas. Essa era Dani, mesmo exausta, nunca deixava que a subjugassem. Dani lutaria até a morte.

Me senti mais forte, mas não zerada. Estávamos esgotados demais. Sabrina estava exausta para continuar fazendo feitiços. Ela precisava em proteger Ivan, mais do que a mim e a Dani. Garantir que ele tivesse energia suficiente para manter o escudo nos Renascidos era prioridade.

Dessa vez, o feitiço de Sa não havia sido bom o bastante para não sentirmos as dores dos ataques dos místicos, mas teríamos que lidar com ele.

Consegui atacar o vampiro que havia me machucado, mas deixei meus ombros caírem quando meu olhar se encontrou com o de Desejo. O único pensamento que dançava em minha mente era o de que não tínhamos mais chance alguma. Iríamos morrer e eles fariam o ritual contra os Renascidos.

Observei o exato momento em que cinco anjos se postaram envolta do altar, apenas esperando que o escudo de Ivan se desfizesse. Engoli em seco quando as palavras de Arthur, de algumas semanas atrás, cruzou a minha mente: "Na visão de Gália, cinco pessoas estavam envolta de Mel e a matavam.".

O Renascer de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora