Conversa

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         Eu sabia que não conseguiria dormir direito. Revirei na cama a noite inteira e acabei acordando primeiro que as meninas. Ainda eram seis da manhã, mas eu não aguentava ficar mais na cama. Fui para o banheiro para tomar um banho, por que estava quente demais e eu havia transpirado a noite toda. As meninas pediram para não ligarmos o ar condicionado, até por que, dormir com ele ligado não fazia bem, então havíamos apenas aberto as portas da varanda para dar corrente de ar, mas não ventara a noite toda.

Molhei os cabelos na água fria mesmo, e me senti aliviada, consegui finalmente relaxar. Demorei o máximo que podia no banho, até que decidi sair. Passei um creme, de verão, para o corpo (que não melava) e fui para o quarto pegar uma roupa. Decidi por um vestido rosa claro com estampas de flores junto de minhas rasteirinhas.

Era dia de ser a Ady princesa, não a Ady Guardiã.

Olhei para o relógio na parede, já eram sete horas, sentei no colchão de Mel e a cutuquei. Depois olhei um tempo para Dani e a cutuquei também, ela resmungou e me olhou sonolenta.

- Você tem um encontro, eu não... Me deixa dormir! – Falou manhosa, me fazendo rir.

Mel se espreguiçava na cama, sorriu para mim e me deu bom dia.

- Bom dia Mel! – Retribui o sorriso, virei para Dani e a cutuquei de novo. – Anda, vem tomar café com a gente, depois você volta e dorme mais. –

Dani bufou, virou de barriga para cima e se espreguiçou.

- Sério, Ady, você me deve muito nessa vida, sabe disso, não sabe? – Perguntou me olhando com cara de sono, fiz um sim com a cabeça e levantei da cama para arrumar meus cabelos.

Iria deixa-los soltos com meus cachos arrumados. Me sentia livre assim. Passei um pouco de creme para pentear e misturei com o óleo para eles não ficarem cheios. Levaria uma gominha para prendê-lo se fosse necessário, estava muito quente e eles eram muito grandes.

Mel entrou no banheiro com a toalha e Dani logo atrás dela coçando os olhos. Mel entrou no box e Dani sentou na privada, ficou me olhando por um tempo e depois sorriu.

- Sua paciência com seu cabelo vale a pena, viu? – Comentou.

Me olhei no espelho feliz com o resultado.

- Obrigada!

Ouvi Mel abrir o chuveiro e sai do banheiro, Dani ficou ainda um tempo para escovar os dentes. Rumei até meu armário e peguei meu perfume de Vanilla, eu adorava o cheiro dele.

Esperei as meninas saírem do banheiro pera descermos juntas para o café. Dani saiu do banheiro com um short e uma blusa simples, e Mel com uma saia e uma blusa básica. Elas arrumaram suas bolsas enquanto eu colocava ração para os meus peixinhos e descemos para a sala de jantar para tomar o café da manhã.

Alice já estava tomando café quando sentamos ao lado dela, a mesa de jantar. Ela nos desejou bom dia. Meus pais haviam saído para caminhar na praça, com os pais de Ivan e ela iria na central para ajudar no caso de Mel.

Às vezes, eu me pegava pensando que ser Alice não deveria ser fácil. Quer dizer... Viver todos esses anos vendo as pessoas passarem por sua vida e irem embora. Ela procurava dar tudo de si nas missões na central, ensinar aos novatos, procurava casos que pudesse se ocupar. Quando realmente não tinha nada ela ficava conosco, os mais novos, saindo e se divertindo. Lembro que quando eu era pequena ela dava uma de babá, me levava para parques cinemas, viagens. A mim, e a todos do grupo, mas com um carinho especial por mim, acho que por morar na casa de minha família havia séculos. Hoje ela se fazia de antissocial, mas eu entendia o porquê, já vira todos nossas crises de adolescentes durante séculos! Ela dizia que os tempos eram outros, e às vezes contava as diferenças e se assustava com algumas coisas, mas a essência era a mesma, e ela devia estar cansada de tudo isso, o que não a culpo.

O Renascer de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora