Ausentes

35 2 3
                                    

Dani me ligou no a tardinha do mesmo domingo em que eu e Art encontramos com a Morte. Eu estava organizando o site da escola, eram as últimas semanas da minha vida que mexeria naquele site, e me deu um quê saudoso.

Era meio esquisito pensar que tudo estava acabando. Eu iria formar daqui duas semanas, exatamente! Colação na sexta, dia três de dezembro e baile dia quatro! Sem falar que meu aniversário era esse sábado. Dezoito anos! Pelos Deuses! Eu me sentia quase sem chão, e depois? Tudo bem que meu caminho já estava trilhado para o treinamento na centra, mas... E ai? Nunca mais teria sinal do intervalo, ou aquelas coisas de escola, ou alguém pra falar que eu não estava fazendo os deveres! Era assustador!

Atendi o telefonema de Dani um tanto quanto desanimada, deixando-a preocupada.

"Essa voz tem a ver com o que você conversou com o Art?" Perguntou, curiosa. Consegui ouvir a pontinha de preocupação em sua voz. Dani era uma excelente amiga.

Fiz um barulho de descaso, tinha um pouco sim, porque eu não pude passar o resto da tarde com ele, mas eu sabia que ele me ligaria à noite. Ao menos, eu esperava que sim!

"Anm, não. Quer dizer, não exatamente. Estava pensando nas últimas semanas sde aula... Você... Já parou para pensar nisso?" Ela deu um muxuxo e estalou a língua.

"Ady, eu, sinceramente, tento não pensar. Por um lado estou aliviada! Por outro tem um aperto no coração! Às vezes acho que já ter a vida traçada na central é uma dádiva, pensa bem, a gente nem precisa escolher uma carreira pra seguir aos dezoito anos porque nos somos místicas e nossa carreira meio que já foi escolhida pra gente com nossos poderes, mas... Por outro lado..."

"É muito injusto." Completei e a ouvi suspirar, do outro lado da linha. Eu tinha a mesma sensação que Dani.

"É completamente injusto." Ela concordou comigo e ficamos em silêncio por um tempo, então ela respirou fundo e soltou o ar lentamente. "Ahh para com isso! Vamos preocupar mesmo quando acabarem as aulas, sim? Até lá a gente pode aproveitar ao máximo, por favor?"

"Por favor!" Concordei rindo.

Ela tinha razão, então suspirei e soltei para ela tudo que havia acontecido naquela manhã, ocultando a parte sobre a Morte. Se Alice e Patrício não chamaram todos nós queria dizer que não era para todos sabermos. Tudo bem que eu duvidava que Dani seria alguém que estaria contra nos, contra Mel, mas se Alice não contava as coisas nem para Patrício, quem era eu pra contar algo pra Dani?!

A voz de Dani passou de um tom entusiasmado para um tom duvidoso em segundos.

"Então, ele te pediu em namoro, é claro." Franzi o cenho, depois de tudo, ele precisava pedir?

"Claro que não. Acho que já havíamos deixado bem claro..." Comecei a falar, mas, do outro lado da linha, Dani bufou. Ri internamente, eu a conhecia tão bem que podia vê-la se agitando revoltada na minha frente.

"ADELLE, sua JOVEM TOLA!" Irritou-se Dani me deixando mais confusa do que tudo. "Até parece que você não conhece Arthur, O Mártir! Ele não pediu nada para não precisar te prender! Para você ter certeza de que quer estar com ele! Você precisa fazer ele pedir! Ou então, peça você mesma! Deixe claro!"

"Mais certeza do que eu já dei? Acho que não, hein Dani... pelos Deuses, a gente não precisa disso!" Retruquei. Mas alguma coisa, dentro de mim, dizia que ela tinha certa razão.

Arthur e sua péssima mania de pensar no outro, antes de m si mesmo! Se alguém merecia o céu era ele!

"Adelle é claro que precisa! Ele precisa! Ele vai falar que vocês só estão ficando para que você possa aproveitar também! Você conhece ele!"

O Renascer de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora