✰011 - brick barrier✰

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m a t t h e w

A sala do diretor era gelada e tinha um aspecto um tanto mórbido, acho que era por isso que na nossa escola a palavra "advertência" causava muito mais impacto do que em qualquer outra.

Me sentei na cadeira em frente a mesa do Sr. Hunnier e esperei que ele começasse seu discurso. Mas ele não o fez, permaneceu quieto e me observando profundamente. Acho que o nome disse é tortura psicológica.

- Ah, Matthew, no que você estava pensando? - ele pergunta, levando as mãos até a cabeça.

- Desculpe, eu só me irritei. - digo.

- Mas eu não posso deixar isso sem branco e você sabe disso, não é? Ainda mais com a Hillary e...

- É, eu sei. - falo, eu sabia que os pais dela fariam um escândalo se soubessem que o garoto que gritou com a puritana da filha deles não levasse pelo menos um bilhete para os pais.

- O que deu em você? Você sempre foi tão calmo, quase nunca os professores reclamam de você. - ele me encara.

Desvio o olhar para minhas mãos seladas e solto um suspiro. Quando levanto a cabeça ele continua me olhando.

- Eu não gosto da forma como a Hillary trata as pessoas. Como se isso fosse uma soberania e ela a realeza.

Sr. Hunnier solta um grunhido frustrado. É claro que ele sabia daquilo, todos sabiam, mas todo mundo fingia usar uma máscara para não ver o que realmente acontecia quando os adultos estavam longe. Isso só me dava mais raiva.

- Bem, eu precisarei fazer uns telefonemas aos seus pais... - ele fala. - Mas eu sei que sua intenção era boa, Matthew, por isso vou te propor algo.

- O que? - pergunto.

- Há alguns meses atrás, eu e a psicóloga do município fizemos um projeto, que agora está virando realidade, onde a gente faria os próprios alunos ajudarem as pessoas que sofrem dentro da unidade escolar. Porque os adultos não modificam em nada, essa é a realidade. - ele solta um risinho. - Pela minha experiência como professor, nós fizemos uma seleção de pessoas que são consideradas "em observação" pelo comportamento, e vamos selecionar alunos que irão nos ajudar nisso.

- A idéia é legal e tudo, senhor. Mas você não acha errado colocar isso na mão de gente não profissional? - pergunto, me assustando com aquela idéia.

- Eu não estou pedindo que faça as pessoas se modificarem, mas essas aqui - ele me estende um papel - são as pessoas que eu quero que você trata com mais gentileza, que as ouça, que as proteja dos alunos...

Não presto mais atenção em nada, porque, lá no começo da lista, em uma letra de computador em negrito, está o nome que infernizou minha noite passada.

"Annabeth McLean"

Há vários outros nomes de pessoas que eu reconheço e aquilo me dá nervoso, eu jamais imaginei que aquelas pessoas tivessem segredos escondidos.

- E então, você me ajuda? - ele pergunta.

- Err, sim. Eu quero ajudar. - concordo. Ele sorri, mas não diz nada. Indica a porta com o queixo e eu sigo caminho, passando pelas pessoas que me lançam olhares diferentes.

Annabeth chegou do nada, virou minha vida de cabeça para baixo e me fez ver o meu mundo com olhos de outra pessoa. Ela me chamava a atenção porque ela era só ela, de um jeito tão autêntico que eu chegava a achar que era tesão. Mas não era. Era meu próprio subconsciente que me dizia que ela passava por coisas ruins, e mesmo ela não querendo, eu irei ajudá-la.

Annabeth é a minha missão de paz. Sua vida é um túnel infinito e eu estou quebrando aos poucos a barreira de tijolos para mostrar-lhe a luz.


🍀🍀🍀
a gente já tá com quase 600 visualizações
muito obrigada sério
amo vcs

ruined innocence ➳ matthew espinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora