✰051 - there's an exit in hell✰

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Minhas mãos tremiam de ansiedade enquanto íamos de viatura até o colégio. Mamãe apertou meu pulso com carinho e me confortou com aquele olhar materno que só ela tinha, mas isso só me serviu pra maquiar o nervosismo, que veio à tona assim que estacionamos em frente aquele colégio conhecido.

Era a hora. Meu estômago revirava, minha respiração descompassada mostrava que eu não estava bem e, pra piorar, o policial não me deu nem três segundos de fôlego e já se apressava em entrar no colégio.

- Sei que queria uns minutinhos, Anna, mas ele tem medo de alguém avisar Nick e dar tempo para que ele fuja - minha mãe me explicou.

- Tudo bem, o que for preciso pra pegar esse desgraçado - digo, correndo pra alcançar o policial.

As portas do refeitório ficavam cada vez mais próximas. A cena que eu ansiei por meses, mas com todas as sensações modificadas. Bati os cabelos para trás, elevei o queixo e me pus na frente do policial pra poder abrir as portas, como uma boa cena de filme de vingança.

Todos os olhares correram para mim, provavelmente por ter um policial do meu lado, e o silêncio foi caindo aos poucos até que o refeitório inteiro estivesse de boca aberta. Avistei Matthew e as meninas me olhando com sorrisos surpresos, o que só deu mais estímulo pra continuar.

Meus olhos foram atraídos pra onde um menino acabava de se levantar e era exatamente quem eu estava procurando: Nick. Olhei pro policial e acenei com a cabeça para confirmar que era ele. Quando percebeu isso, Nick fez menção de sair andando, mas foi impedido pelos amontoados de pessoas ao seu redor.

O policial foi se aproximando sem pressa, também seduzido pelo suspense de novela que aquele momento tinha, e o rosto de Nick começava a avermelhar de raiva, ele se debatia pra sair, mas ninguém parecia disposto a afastar as cadeiras naquele instante.

- Nick Gatten? - o policial, que eu não lembrava o nome, por isso o chamava assim, perguntou.

- O que... Eu... Me solta! - assim que Nick tentou se afastar, o policial segurou seu braço e o puxou.

- O senhor tem consciência do porquê estar sendo preso?

- Preso? Eu não fiz nada! - ele se debatia, tentando se soltar do aperto do homem.

- O senhor está sendo acusado de estupro e assédio sexual e precisa me acompanhar - quando ele disse isso, todo o colégio reprimiu um suspiro. Uma das moças da cozinha deu um gritinho.

- Estupro? E você por acaso tem provas pra isso? - ele perguntou com deboche.

- Temos o suficiente pra te colocar na cadeia, senhor.

Nessa hora, quando eu achei que ele ia gritar e espernear, ele se virou pra mim e me encarou profundamente. Ele sabia, claro. Sorri pra ele, não cinicamente, vitoriosa.

- FOI VOCÊ, SUA VADIA! VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO, ANNABETH, MEU PAI VAI TE MATAR, VAI MATAR A CADELA DA SUA MÃE. QUANDO EU SAIR DISSO, EU TE MATO - aí estava o showzinho que eu estava esperando, que jogaria toda a reputação e dignidade que ele tinha criado com esmero no lixo. Quando ele fez menção de vir pra cima de mim, o policial, já cansado daquela baderna, segurou com força seu pulso e girou pra trás das costas, fazendo ele perder o equilíbrio e cair no chão.

Enquanto as algemas eram colocadas, as ameaças continuavam: - Quando eu sair, porque meu pai vai me tirar disso, ah, ele vai me tirar sim, eu vou matar Anna, isso é uma humilhação, não, isso não pode acontecer.

- Se - o corrigi, quando já estava próxima o suficiente. Ele me encarou com um ódio ensurdecedor. - Se você sair. O que é bem provável que não ocorra.

- Você não tem provas - ele cuspiu as palavras, enquanto era levantado pelo policial.

- Você tem certeza? - perguntei - Será que nenhum médico me examinou naquele dia?

- Vamos, senhor - o policial empurrou Nick, para levá-lo até a viatura.

- Não, eu... O QUE ISSO QUER DIZER, ANNA? NÃO, ME SOLTA! ANNABETH, O QUE VOCÊ QUER DIZER? - ele começou a gritar, enquanto era arrastado pra fora do refeitório, com todos os olhos centralizados nele.

Sorri abertamente, vendo sua figura sumindo pelas portas, sabendo que não voltaria a ser atormentada por aquela sensação de injustiça nunca mais, nunca mais acordar com o medo de encontrá-lo novamente.

- Annaaaaa! - Henz veio até mim e me envolveu naquele abraço gostoso que ela tinha. Izzy e Aurora completaram o abraço, me dando todo o conforto emocional que eu precisava naquele momento.

- Annabeth. - ouvi aquele sotaque inglês falso me chamando e só me virei para ver o que Hillary diria dessa vez. - Sei que passou por momentos difíceis agora, mas preciso me desculpar por todo esse colégio que não acreditou em você. Sabe, Nick era um cara atraente e você... Você era a Anna. Eu também estou me sentindo arrasada por tudo que ele me fez passar, pelas coisas que passei com ele que agora são mentira, me sinto profundamente traumatizada, sabe.

- Meus pêsames aí - digo, sem paciência para os dilemas dela.

- Compra uma bolsa de marca que passa - disse Aurora, sempre menos sensível que todas nós. Hillary se retirou, pisando duro, irritada com nossa falta de tato.

Logo em seguida, pra melhorar, a diretora se aproximou e tocou meu ombro, muito sem jeito de como se comunicar comigo.

- Annabeth, sinto muitíssimo pelo que você passou e por não termos lhe dado o apoio que merecia. Pretendemos lhe ofecerer o melhor nessa sua estadia pelo colégio e esperamos de coração que nos perdoe. Ainda bem que tudo se resolveu! Bolo de limão ilimitado pra todos! - bem, esse era o único jeito que ela sabia confortar alguém, mas já era algo. Deixei ela de lado e abracei as meninas, as pessoas que vieram se desculpar, a moça muito simpática da cozinha que veio me trazer muitos bolos. Mas algo estava faltando. Onde estava Matthew?

- Oi! - ele apareceu do meu lado, segurando uma barra de chocolate dessas que vendem na cantinas de colégio, mas que eu vi como o melhor presente que eu já tinha ganho na vida.

- Obrigada! Eu... - ele não esperou que eu dissesse nada, puxou minha cintura e me beijou. Na frente de todo o colégio, pois é.

- Eu quero namorar com você - ele sussurou no meu ouvido, assim que nos afastamos. Sorri pra ele, completamente dominada por uma sensação nova de estabilidade. Tudo estava bem, muitíssimo bem. Eu tinha o apoio de todos ali, mesmo que só por agora, contra Nick. Tinha Izzy, Aurora e Henz, as melhores amigas desse mundo. Tinha Matthew e todo o amor mútuo que nos tínhamos. E eu tinha minha mente sadia, tinha uma Anna pra mim, uma Anna que conhecia suas cicatrizes, seus medos, seu lado obscuro, e que se amava inteiramente. Uma Anna que tinha ela mesma pra se bastar, acima de tudo.

E que espera que cada um de vocês ache a sua luz e supere qual for o obstáculo que a vida tenha te colocado. Porque ela enfrentou o inferno e sabe que até mesmo lá há uma porta de saída.

🍀🍀🍀
meu presentinho de Natal atrasado pra vcsss
eu só sei sentir felicidade do quão grande essa fanfic está e de todo o carinho que eu recebo de vocês, espero que vcs ainda gostem da fanfic kkjkkk

não, isso não é o final. há mais uns capítulos pra o final dessa história e tem uma continuação na minha cabeça que eu só pretendo escrever em breve e que acho que vcs vão gostar muito, mas que vai ser mais pesada que esse enredo atual.
amo vcs beninas ❤

ruined innocence ➳ matthew espinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora