✰027 - i'll be weak✰

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Quando minha mãe saiu, depois que eu disse que precisava tomar um banho, esperei a porta fechar para entrar correndo no banheiro. Pouco me importei com o que estava acontecendo, só queria me afundar sob a água incessante do chuveiro e ter um momento sem ninguém. Com certeza esse dia seria marcado na minha lista como o "mais corrido das décadas", porque não era possível que tanta coisa pudesse cair em um dia só, nem para me dar a chance de descansar entre um acontecimento e outro.

Suspirei, esfregando os músculos tensos com sabão, sentia que ainda havia algo entalado no fundo da minha garganta que implorava para sair. Mas tentei me distrair com outra coisa, porque eu não aguentava mais nada por hoje.

Depois de bem seca e vestida, deitei-me na cama e penteei os cabelos com os dedos, desfazendo os nós sem pressa, tentando restaurar um pouco de energia para terminar a tarefa de química. Me levantei para ir até a mesa, quando ouvi um barulho vindo da cozinha, bem alto. Não era minha mãe, porque ela geralmente nem saia do quarto, então ou era Klark ou um assaltante. Fui na primeira opção, porque se o destino houvesse colocado um assalto para completar o meu agradável dia, eu ia começar a desconfiar de que ele não gostava muito de mim.

Abri a porta, o chaveiro de Klark estava pendurada na maçaneta, graças aos deuses, então eu pude seguir. Meu padrasto estava lá, batendo as portas do armário, atrás de algo desconhecido, com uma expressão muito irritada.

- Klark... - o chamei, mas não obtive respostas - O que você tá fazendo? - tentei segurar seu braço mas ele me afastou com um empurrão nada delicado

- Eu quero saber onde tá o dinheiro. CADÊ? VOCÊ PEGOU ANNABETH?

- Que dinheiro? - perguntei, vendo seus dentes rangidos, em uma expressão nada simpática.

- O DINHEIRO DA LATA AZUL QUE FICAVA NO ARMÁRIO, EU SEI QUE VOCÊ O PEGOU ANNA!

- Você tá falando sobre o meu dinheiro? O que eu guardo para a mamãe? - pergunto, me afastando dele - Que merda você quer com aquele dinheiro, Klark?

- Não me vem com essa. Cadê o dinheiro? - ele diz, irritado, apontando o dedo na minha cara.

- Você vai beber? É isso? - pergunto - Pode esquecer, aquele dinheiro é meu e você não vai pegar.

- Você não fale assim comigo, porque quem estava aqui com você quando a merda toda aconteceu era eu, e você devia ter ao menos um pouco de consideração.

- E eu tenho. Mas ela é a minha mãe e você não vai gastar o meu dinheiro para encher o rabo de álcool. - o ouço bufar, enquanto meu coração bate disparado pela adrenalina.

- Desde que você ficou cheia de amiguinhos você tá toda emotiva e questionadora, você não era assim, Annabeth. Eles tão te fazendo mal, te deixando fraca e você nem percebe. Se acha que isso é o melhor vai lá, mas não enche a porra do meu saco por estar tendo que lidar com o seu problema sozinho. - viro o rosto, desacreditada que ele poderia ter dito aquilo.

Um tempo atrás eu reconsideraria seu argumento, mas agora me pensar sem os meus amigos era doloroso demais, e eu não o deixaria fazer isso comigo mais uma vez. Eu podia não ser uma pessoa de estabilidade forte, mas eu não ia deixar mais ser o saco de pancadas dessa casa e do mundo.

- Lidar? Com que merda você tem que lidar, Klark? Foi você que foi estuprado? Me responde! Você é um fraco, que rouba o dinheiro de uma garota burrinha que acredita nas suas mentiras para beber e beber sem fim. Sua esposa, a mulher que você jurou amar, tá lá em cima enfiada em um livro ou observando a janela, vazia por dentro, e tudo que você sabe dizer é que nós somos fortes. Quer saber, eu cansei de ser forte, eu vou ser fraca, mas longe de você. - começo a sair da cozinha. - Não me procure ou me espere, eu não pretendo voltar hoje. - bato a porta do quarto e pego minha mochila, enfiando roupas quaisquer, e posso ver que meus dedos tem dificuldade para fechar o zíper porque eles tremem muito. Nunca tratei Klark assim, nunca. Mas dessa vez eu não me sentia nem um pouco desmotivada, na verdade eu queria mesmo fazer isso, e meu psicológico todo balançava de emoção.

Não quero olhar para ele de novo, não pelas próximas horas, então ponho o dinheiro do meu cofre nos bolsos, tranco a porta do quarto e saio pela janela. Agora eu sabia que, aquilo que eu sentia preso em mim mais cedo, no banho, tinha saído, e meu dia finalmente tinha chego ao fim.


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anninha pondo as asas para fora, lindíssima quer o mundo eu dou

ruined innocence ➳ matthew espinosaOnde histórias criam vida. Descubra agora