QUARTO

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deitado no quarto

olhando o teto

os dias vão passando

entre meus olhos

o desnorteio constante de minha mente

que se rende a loucura

viajo por meus pensamentos

estou dentro de meu peito

sentindo a ansiedade

do coração acelerado

que busca abrigo

fora dos versos

e não os encontra

tic-tac

tic-tac

o ponteiro gira

e eu aprisionado

dentro deste quarto

que cheira

a legumes cozinhados

ouço o som dos carros

que passam pela rua

e permaneço imóvel

escrevendo os versos

a vida me surra

por azar ou sorte

não compreendo

de onde vem

tanta melancolia

as expectativas

deliberadamente frustradas

assim sobrevivo

sendo poeta

se procuro um amor

entre um sorriso e outro

me proponho a compor

as vezes encontro uma flor

traduzo-a em meus versos

os sorrisos que recebo

me sustentam

as vezes me matam

por querer ve-los novamente

ainda vivo

preso neste quarto

que não há grade

muito menos algo que me prenda

então por que não consigo escapar ?

talvez tenha gostado

da quietude que és

do gosto amargo do vinho

do salgado das lagrimas

que são constantes

a cada dia

um sorriso

doses diarias de poesias

hoje !

seras o ultimo dia

que este quarto

consegue me prender

hoje ainda

fujo !

só me desculpe

se nunca mais aparecer ....

DesnorteioOnde histórias criam vida. Descubra agora