Saudade

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Lá vem a ventania

junto a chuva

desliza a fina caneta

sobre a folha em branco

o tapete traz-me a lembrança

de quando sentávamos nele

gargalhadas

com o tabuleiro

xeque-mate

tu dizia

com um imenso sorriso

Oh não tu mataste meu Rei

Tu me desafiava

para uma melhor de trés

encima do tapete

acinzentado

rolávamos

rindo

Corria de tu

pelo mato

que havia

em toda parte

o pé de arvore

no qual tu não conseguia descer

galopava o cavalo

sem medo de cair

junto ao meu lado

era só tu me olhar

que logo eu sorria

Eu que não sorria

agora sem mais ou menos

não aguentava

ficar sem sorrir

de um canto ao outro da boca

fazia-o surgir

encima do tapete

com pés sujos de barro voltávamos

logo um grito

já dizia

Sai de cima menino

vai suja-lo todo

trazíamos as cartas

jogávamos

apostando quem iria ganhar

Mas

tu foste viver a vida

já eu

a transformei

em poesia.

DesnorteioOnde histórias criam vida. Descubra agora