Capítulo 11

87 5 0
                                    

Demi

Meus Deus... meu Deus...meu Deus. -Sussurro enquanto abraço meu próprio corpo. Passo os dedos pelos meus cabelos, o cheiro dele ainda está em mim. Mas de repente a sensação de fervor foi substituída pelo arrependimento e a rejeição. Suas palavras ficaram ecoando na minha mente.. eu nunca vou ser o que ele ou outra pessoa vai querer.
Tiro minhas roupas e entro na banheira, choro durante tanto tempo que só saio da banheira quando a água já está gelada e meus dedos enrugados.
Me arrasto até a cama e capoto em um sono profundo.
Na manhã seguinte quando acordo tem várias sacolas no meu quarto e um bilhete.
" Demitria pedi para minha secretária comprar algumas peças de roupa para você, tenha um bom dia.
Ezo"
Dentro das sacolas tem os mais tipos variados de roupas, camisetas, regadas, calças jeans, shorts e alguns vestidos. Opto por usar uma regada branca e um short. Na cozinha não tem sinal de Enzo, apenas dona Lourdes preparando café.
-Bom dia.
-Bom dia menina, Enzo já saiu, mas disse que hoje volta antes do almoço para vocês irem até a escola para ele te matricular.
-Hm ... que bom.- Digo sem animo nenhum.
-Pode parar com isso, quero você mais animadinha até fiz bolo de chocolate para você. - Diz se virando carregando uma bandeja enorme.
-Não creio. Lourdes você é a melhor. - Digo atacando o bolo.
Assim como havia dito as 10:00 da manhã Enzo já estava de volta e me carregando até a escola. Nenhum de nós tocou no assunto do banheiro.
-Bom senhor Enzo devido ao histórico de Demitria e apenas por isso vou autorizar ela concluir o último ano aqui. - Diz a diretora.
- Agradeço muito senhora Luiza, realmente suas notas são exemplares. - Diz segurando minha mão com uma intimidade que não temos.
-Obrigada. - Sussurro me desvencilhando da mão de Enzo que apenas me encara levantando uma sobrancelha.
-Então você já pode começar amanhã mesmo, só falta dois meses para ela terminar. Pode pegar o uniforme no andar de baixo. -Diz a diretora.
Saímos da escola e ele me levou até uma papelaria.
-Pode escolher o que precisar, só seja rápida. -Diz secamente.
Ando por entre os corredores, pego alguns cadernos de capas escuras, lápis, canetas e uma mochila. Acredito não precisar mais do que isso.
Ele paga tudo e vamos até o carro.
-Você realmente tem notas muito boas, gosta de estudar? - Diz puxando assunto.
-Olha não precisamos disso. -Aponto para e para mim em seguida. - Não gosta de mim e eu não gosto de você. Não finja que tem interesse.
-Está certa, não tem a menor importância, mas precisamos nos conhecer o mínimo, para poder passar a impressão de que esse casamento realmente é de verdade, querida noiva. - Responde secamente ainda olhando para frente.
Chegamos em casa vou direto para meu quarto, que na verdade virou mais o meu refúgio, arrumo minha nova mochila e meus novos materiais escolares. Tenho que confessar sempre gostei de estudar, a escola era meu refúgio desde pequena, meus livros e minhas contas sempre foram meu mundo particular e obviamente continuaria sendo. Uma batida na porta me tira dos meus devaneios.
-Entre. -É incrível como mesmo de costas, consigo sentir sua presença imponente.
-Eu só quero te avisar que sexta feira fomos convidados para uma festa e já confirmei nossa presença. - Diz. Me viro encarando-o.
-E quem disse que vou?
-Eu já disse que vamos, nem que eu tenha que te arrastar. - Dito isso ele simplesmente sai do quarto.
Devo ter cara de palhaça para ele só pode, quem ele pensa que é para falar assim comigo. Saio do quarto parecendo um furacão atrás dele. Quando chego perto de seu escritório consigo ouvir uma conversa muito estranha.
- Eu já disse que quero saber quem é o filho da puta que roubou meu container na semana passada. -Grita no celular. - Eu tive um prejuízo de mais de 800.000,00. Descobre ou sua cabeça vai rolar. - Diz mais baixo com uma voz que me fez repensar em brigar com ele agora, voltei para meu quarto e lá permaneci.
Na manhã seguinte levante ainda temendo Enzo, não gostei da versão dele na noite passada, não saber o que exatamente ele faz me deixa intrigada. Afinal posso estra em risco e nem saber. Coloquei o uniforme que sinceramente me deixou um pouco incomodada. Uma saia rodada que ia até o meio das minhas coxas, uma camisa social justa, com direito a gravatinha e tudo, meias que ia até o joelho e botas de salto. Peguei minha mochila e fui até a cozinha.
-Bom dia menina. -Diz Lourdes.
-Bom dia. - Dou lhe um beijo no rosto.
-Demitria você está atrasa...- Diz Enzo entrando na cozinha e parando a frase na metade enquanto me encara. -É... não tinham outro uniforme? -Questiona.
-Não. - Apenas digo.
- Vamos logo tome seu café e já vamos. -Diz sentando na mesa e se servindo de café.
O caminho até a escola foi o mais puro silêncio, nem música ouvimos, Enzo estava tenso, apertava o volante com tanta força que até os nos entre seus dedos estão brancos.
- O motorista vem te buscar. -Foi só o que ele disse enquanto arrancava com o carro.
-Ok. - Saio entrando na nova escola.
Definitivamente de uma aluna nova é uma merda, já reparou como todo mundo lhe encara, e ficando apontando mesmo que disfarçadamente. Quando já estava na terceira aula, uma garota muito estranha sentou ao meu lado.
- Oi eu sou Alice. -Diz garota de cabelo chanel e maquiagem de boneca sentada ao meu lado.
-Oi me chamo Demitria.
-Você é a novata que todos estão comentando né, a garota de olhos coloridos? -Diz
-Acho que sim. - Digo pegando meu material e tentando me concentrar na matéria.
-Nossa você consegue entender isso? - Aponta para o quadro cheio de fórmulas.
- É fácil. - Percebo pelo canto do olho ela apagando e refazendo as contas várias vezes. - Eu te ajudo no intervalo. - Os olhos dela se iluminam.
- Você é uma fofa Demitria.
-Demi. - A corrijo e ela me olha com um olhar de interrogação.- Eu prefiro Demi.- Ela me devolve um sorriso enorme.
O dia passa como um borrão, a escola tem vários tipos de cursos livres, decidi me inscrever em alguns, o de inglês e administração, são dados após as aulas e isso foi perfeito, assim fico menos tempo naquela cobertura sozinha.
A noite mais uma vez não vi Enzo chegando, provavelmente ele chegou depois da uma hora da manhã. Tirando os pesadelos de que tive por duas noites, me sentir sozinha nunca me incomodou pelo menos até conhece-lo.
Sexta-feira chegou, e a tal festa também, eu comentei com Alice, que fez questão de me levar algumas peças de roupa até a escola e se convidou para ia até a casa do Enzo.
-Vamos me mostra onde é seu quarto, vou te deixar uma arraso. -Diz entrando no apartamento.
O que eu menos esperava era dar de cara com Enzo sentado no sofá.
-Oi. -Digo.
-Olá. -Ele se levanta e vai até Alice. - Boa tarde, você é?
- Alice Matarazzo. - Ela responde sem nem titubear, será que só eu fico atordoada com esse olhar dele.
- Ela vai me ajudar a me preparar para a tal festa. - Digo, Alice esse é Enzo meu...- Não sei como explicar o que temos, olho para ele que arquei uma sobrancelha.
-Noivo. -Ele me corta. - Querida vamos até o escritório por favor. Alice fique há vontade, só um minuto. -Ele segura meu braço com uma força sem necessidade alguma.
-Quem você pensa que é para trazer uma completa estranha para meu apartamento? - Ele esbraveja assim que entramos na sala.
-Se somos noivos acredito que possa trazer quem e quiser, afinal também moro aqui querido e como eu ia saber que estava em casa. -Digo com as mãos na cintura.
Ele chega perto, perto demais, segura meu rosto com uma mão só e sussurra.
-Esse apartamento é meu e me avise sempre que quiser trazer alguém, entenda eu sou uma pessoa importante ou seja não posso ser exposto. - Solta meu maxilar.
- Você sabe que tem uns armários na entrada do prédio né? ou seja fomos revistadas seu louco.- Digo.
- Como disse me avise. - E assim ele saiu.
Saio do escritório e levo Alice até meu quarto, dona Lourdes fez lanchinhos para nós, comemos assistimos tutoriais de maquiagem porque Alice queria testar coisas novas em mim, na verdade me fazer de sua boneca eu acho.
Nunca tive uma tarde de garotas, foi a primeira vez que uma amiga me maquiou e que ri de tantas besteiras. Não sei bem explicar como Alice me conquistou com menos de 48 horas amizade, talvez seja porque quando ela me perguntou sobre minha vida e eu disse que não queria falar sobre isso ela não insistiu, talvez pelo fato dela não ter perguntado porque não contei que era noiva ou simplesmente por ela só ter sido ela, chamativa, brincalhona e auto astral.
- Magnifica. -Ela disse assim que dei uma volta.
-Não está exagerado? - Questiono.
- Jamais, eu nunca exagero. Agora que meu trabalho aqui está pronto de vejo na escola na segunda. -Ela me abraça e sai do quarto, ainda escuto ela se despedindo de Enzo. -Tchau ogro. - Não consigo segurar o riso para o apelido que ela lhe deu.
Estou em frente ao espelho, usando um vestido preto justo que vai até o meio das coxas, que deixa meus seios em evidência, botas até o joelho pretas e de saltos enormes. No rosto uma maquiagem marcada nos olhos, que destacaram o fato de serem cada um de uma cor e um batom nude. Meus cabelos loiros nunca firam tão bonitos, cheios de ondas soltos caindo pelas minhas costas.
-Demitria vou ser obrigado a te buscar aí em cima? -Grita Enzo impaciente e por um minuto realmente me preocupo se ele vai gostar de ver assim.
Desço a escada devagar segurando no corrimão, Enzo está de pé, mas concentrado no celular, até que um de seus seguranças faz uma espécie de pigarro e ele lhe olha, o segurança então faz um gesto com a cabeça e minha direção. Sua cara de admiração me desconcertou um pouco.
- Definitivamente aquele projeto de pessoa que você chama de amiga sabe fazer um belo trabalho. -Diz e isso quebra o encanto.
- Se isso foi um elogio, obrigada. Mas poderia praticar um pouco mais. -Digo indo em direção a porta e o segurança que antes me olha diz.
- Está muito bonita senhora.
Me viro para Enzo e digo.
- Viu, aprende. -Definitivamente hoje ele vai perceber que não sou nenhuma criança.
















Intenso demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora