Capítulo 15

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Demi

Meus Deus eu jurei que nunca mais alguém iria me fazer chorar dessa maneira, depois que Eleanor me disse que eu era a pior coisa que tinha acontecido com ela, eu chorei a noite toda na minha cama e na manhã seguinte disse que nunca mais isso aconteceria. E aqui estou e em posição fetal, chorando compulsivamente, não sei nem o motivo real, se foi porque ele me rejeitou como mulher, culpando meus hormônios, se foi por saber que ele sempre volta para aquela vaca da Fernanda ou se foi por ele dizer que não passo de um objeto descartável que só precisa por dois anos e que depois vai se livrar. São tantos motivos que eu só consigo chorar... chorar insanamente. Ouvir os gemidos de Fernanda não ajudou nenhum pouco. Com certeza ela gritava de propósito, só para marcar seu território. Um buraco tão fundo se abre no meu peito, eu nem sei o que sinto, mal conheço Enzo e como ele pode mexer tanto comigo.
Amanhece e eu acordo da mesma maneira que fui dormir, com a mesma roupa da balada e com toda a maquiagem. Quando me levanto e vou para o banheiro, a imagem do espelho me assusta, uma criatura de cabelo desgrenhado, olhos totalmente manchados pela maquiagem adormecida e inchados pelas lágrimas me encara.
-Ai, que horror. -Sussurro para mim mesma, tiro a roupa e entro na banheira, e lá fico por quase trinta minutos, tentando não pensar em nada, mas minha cabeça não me deixa.
Desço assim que minha imagem no espelho mostra alguém melhor, de shorts jeans curto e regata preta desço até a cozinha. Dona Lourdes está de folga hoje, ou seja, serei eu e Enzo apenas o dia todo, mas eu me recuso a ficar o dia todo com ele. A cozinha está vazia, então preparo um pouco de café e panquecas, quando estou quase terminando ele aparece usando apenas uma calça de flanela e nenhuma camisa, apenas para acabar com minha sanidade. Não tinha como não reparar em seus braços definidos, um deles completamente fechado por tatuagens. Quando percebo que estou atempo demais secando ele, viro a cabeça rapidamente completamente constrangida.
-Bom dia. -Diz com sua voz sexy.
- Bom dia.
-Por que acordou tão cedo? - Questiona pegando uma xicara de café.
-Não consigo dormir até tarde.
- Hum... não sabia que você cozinhava. - Como se nada tivesse ocorrido ontem, ele age de maneira normal, nem parece que passou a noite toda com a Fernanda.
-Ou eu aprendia ou morreria de diabetes antes dos dez anos. - Digo sentando na bancada colocando uma das panquecas em meu prato. - Minha mãe não era muito prendada, então só tinha sucrilhos doces nos armários.
- Não sabia disso. - Diz pegando uma panqueca e colocando um pedaço na boca. -Caramba isso é muito bom. -Elogia.
- Obrigada. -Tomo o resto do meu café o mais rápido possível e tentado acabar com aquela conversa fiada o mais rápido possível.
Quando estou quase chegando na escada, para de frente com Fernanda que ainda usa a mesma roupa da noite passada.
-Obrigada por fazer o café querida, preciso realmente repor a energias da noite passada. -Passa por mim piscando.
Me tranco em meu quarto e procuro na minha mochila o caderno onde eu tinha anotado o telefone de Alice, assim que acho ligo para ela do telefone fixo do meu quarto.
- Alô.
- Alice sou eu.
-Oi eae me conta tudo.- Grita quase me deixando surda.
- Me tira daqui, por favor. -Suplico.
-Dez minutos estou aí esteja pronta. -Ela simplesmente desliga o telefone na minha cara.
Arrumo minhas coisas na minha mochila, já tenho uma ótima desculpa se Enzo decidir encher meu saco. Em exatamente dez minutos Alice é anunciada pelo porteiro.
-Helloooo.- Grita abrindo a porta.
-Oi, vamos. -Pego em sua mão até que o escuto.
-Onde as senhoritas pensam que vão? - Diz Enzo já vestido formalmente. Aparentemente Fernanda já se foi.
- Vou estudar na casa da Alice.
-E quem deixou?
-Oi querido, voltamos a era arcaica? Ela precisa da sua permissão para que? - Alice responde inconformada como ele fala comigo.
-Ela ainda é menor de idade, tem que me informar onde vai e se eu deixar ela vai. - E diz sem se abalar.
-Eu quero ir estudar na casa de Alice, algo contra? -Pergunto.
-Não, mas volte antes que anoiteça, o motorista te leva e te busca.- Dito isto ele saiu para atender o celular que gritava em cima da mesa.
Dentro do elevador Alice teve uma crise de risos que me deixou até preocupada.
-Meus Deussss. - Gritou. - Como você aguenta?
- Ele tem minha guarda e é meu noivo. - Digo rindo de sua cara de espanto.
- Eu sei disso, mas jesus, você tem que ter vida própria.
-Não vamos falar disso agora ok, quero tomar um sorvete enorme. -Digo para ela que apenas me olha e concorda com a cabeça.
Fomos a uma sorveteria perto da casa de Alice, o que eu não sabia era que ela morava perto da praia. A sorveteria fica tão pertinho do mar, que não resisti a molhar os pés na água. Passamos um dia muito gostoso, realmente estudamos, ajudei Alice em alguns cálculos em sua casa e depois do almoço voltamos a andar pela praia.
-Então vai me contar sobre o que aconteceu ontem? - Pede quando sentamos na areia.
Contei para ela tudo que aconteceu ontem, chorei mais um pouco e contei sobre minha vida também, como ser criada pela Eleanor foi difícil, a única coisa que omiti foi sobre o casamento com Enzo.
- Demi não acredito que passo por tudo isso. -Diz me abraçando. - Você é a garota mais forte que já conheci, não chore mais por aquele ridículo. - Diz limpando uma lágrima do canto dos meus olhos. - Todos nós temos nossas merdas, e eu fico realmente agradecida por você ter tido confiança em mim para me contar as suas. - Me abraça mais uma vez.
- Eu estou bem, é bom finalmente colocar tudo isso para fora. Mas agora quero outro sorvete. - Digo rindo.
- Vamos lá então, só saiba que tudo isso vai para sua bunda. -Diz Alice caindo na gargalhada.

Intenso demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora