Capítulo XIII

502 39 38
                                    

— Você não pode me obrigar a fazer algo que eu não quero, Benedict!

— Como assim, não quer? É uma criança que está crescendo dentro de você. É o nosso bebê.

— Estou de oito semanas. — Ela se empertigou. — Perguntei ao médico, ele disse que ainda há tempo de reverter essa gravidez.

— Ann Rose Carter, você está falando de matar nosso filho... Como consegue ser tão fria? — O rosto do inglês assumiu uma expressão furiosa. — Como eu pude amar você?

Alguns minutos de silêncio foram necessários para fazer Ann sentir seu peito explodir. Benedict tinha nos olhos desprezo, e ela não gostava daquilo. Era estranho tê-lo tão alterado ali na sua frente, se acostumara com seu jeito calmo e compreensivo, mesmo quando pisava na bola.

— Não faça isso comigo, Ben... — Respirou fundo e foi até ele. — Nós não planejamos essa gravidez. Eu não consigo ser mãe, pelo menos não agora. — Abraçou-o pelas costas. — Eu preciso que você me entenda.

— Entender? — Ele sussurrou, e ela teve certeza de que naquele momento ele conversava consigo. — Entender? Quantas vezes Ann Rose faltou comigo, pisou em mim, ignorou meus pedidos e sentimentos e eu, sempre, sempre, a compreendi. — Por quê faz isso? — A encarou. — Eu quero está criança.

— O corpo é meu. Eu não quero ser mãe.

Ele se calou. Tentava reprimir o choro que subia na sua garganta, estava velho, cansado e a noticia de que seria pai havia sido uma das melhores em sua vida, um claro contraste com a recusa de Ann Rose a ter o bebê.

— Você não pode decidir sozinha, Ann. — Respirou fundo, seus olhos se enchiam de lágrimas. — Eu sou o pai e farei de tudo para ter esse bebê.

— A escolha não é sua.

— Sim, também é.

— Até meses atrás eu não tinha onde cair morta. Sem trabalho e sem força de vontade, agora que estou trilhando um caminho e uma carreira, nada pode ficar no meu caminho, Bem. Você tem que entender.

— Eu quero que você cale a boca, Ann Rose. Nada vai ficar no seu caminho. — Balançou a cabeça. Sentia um ponto de indignação correr seu corpo e afastar sua sanidade. — Só me dê uma coisa... o meu filho. É só isso que peço.

— Como, se eu não quero...

— Tenha este bebê pra mim e nós desaparecemos de sua vida. Eu posso cria-lo e educa-lo sozinho. Você não vai precisar ser mãe de ninguém.

— Você não pode estar falando sério... depois de tudo que passamos você quer simplesmente ir embora? — Um riso nervoso escapou de seus lábios. — Isso é brincadeira, não é?

— Eu não vou deixar você interromper essa gravidez. Te darei todo suporte necessário, e depois sumirei da sua vida com meu bebê.

Benedict começava a não sentir as pernas, seu corpo parecia tomado por um outro ser, uma mistura de raiva com decepção.

— Ben, por favor. — Lágrimas quentes rolaram no rosto redondo de Ann. Seu estomago estava embrulhado e seus sentimentos confusos. Ela sentia como se o chão tivesse fugido de seus pés. — Eu te amo.

— Agora é tarde, Ann. — Andou até a porta. — Eu não acredito mais.

— Não me deixe. — Ela se jogou no carpete, de joelhos. — Podemos conversar.

— Eu não quero mais conversar. — Enxugou uma ameaça de lágrima do rosto. — Eu só quero o meu filho.

E bateu a porta.

Here With Me - Benedict CumberbatchOnde histórias criam vida. Descubra agora