Capítulo I

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JANEIRO DE 2010 – LONDRES

ANN AVISTOU DE LONGE, entre as pessoas aglomeradas no portão de desembarque, um senhor baixinho, de uniforme de motorista, segurando uma placa com os dizeres: Bem-vinda à Londres, Ann Rose! – na placa, estampado no canto inferior esquerdo, via-se o logo da BBC ONE –, o motorista estava animado, ele acenava para as pessoas que iam em sua direção, talvez na esperança de encontrar logo quem esperava.

Ann, empurrando o carrinho com as malas, se aproximou do motorista e sorriu acanhada.

– Olá, eu sou a Ann. – Estendeu a mão direita para cumprimentar o motorista.

– Ah, mas bem na hora! – Ele gargalhou, tirou o chapéu da cabeça e a cumprimentou alegremente. – Eu sou Otto, o motorista! Sua irmã pediu para que eu viesse lhe buscar. – Analisou a moça rapidamente. – Cabelos castanhos, olhos expressivos e sorriso acolhedor, é, você realmente é irmã da Robin.

Otto ajudou Ann com as malas e a levou até o carro da empresa, que estava estacionado em frente ao Aeroporto de Londres. Segundo o motorista, Robin tinha pedido para que ele deixasse sua irmã mais nova em seu trabalho – coisa que surpreendeu Ann, já que ela estava em Londres exatamente para cuidar de Robin, que estava passando por uma crise pessoal e até dois dias atrás não conseguia nem sair do quarto, pois qualquer coisinha explodia em lágrimas.

– Ela está melhor, então? – Ann quis saber enquanto cortava o monólogo de quinze minutos de Otto explicando o quanto Londres era mil vezes melhor que Nova York (cidade natal de Ann).

– Se Robin está melhor? – Ele falou, sem tirar os olhos do trânsito. – Nunca esteve pior! Separação não é bem a praia dela, não?

– E mesmo assim voltou ao trabalho?

– O que dizem é que ela estava enlouquecendo em casa, então fez de tudo para que eles a chamassem de volta. – Disse – Ela era muito apaixonada pela Lana, não era?

Ann apenas balançou a cabeça concordando com Otto, não iria se estender naquele assunto, ela nunca havia se agradado da namorada da irmã mesmo.

– Eles? Quem são eles? – Ann perguntou se referindo a quem tinha chamado sua irmã de volta ao trabalho.

– Moffat e Gatiss. – Bom, a Robin estava cuidando de algumas tomadas daquele seriado do homem do tempo, acho... – Coçou a cabeça – Aquele com uma caixa azul...

– Doctor Who?

– Sim, esse mesmo. – Disse – Aí, enquanto cuidava de retocar a maquiagem de um dos figurantes, recebeu uma mensagem de texto da Lana onde ela falava que estava indo embora para a Sibéria.

– Sibéria? – Ann riu. – Que eu saiba ela está na Espanha, não?

Otto coçou a barba grisalha e riu.

– Foi o que me contaram, que ela tinha deixado a Robin por um pé grande. – Suspirou – Eu apenas aceitei como verdade. – Deu de ombros.

– Tudo bem. – Ann não estava com muita vontade de corrigir o motorista, a imagem de Lana fugindo um "monstro" era divertida demais para ser apagada da memória. – Certo, aí a minha irmã recebeu a mensagem, e?

– Ah, sim. – Otto parecia muito satisfeito, claramente era uma daquelas pessoas que adoravam contar histórias. – Os produtores da série souberam o que estava acontecendo com ela, muito provavelmente porque o ator que fazia o tal Doctor apareceu com a cara pintada como um integrante do Kiss...

Ann riu.

– Aí deram alguns dias de folga para ela. – Otto continuou. – Mas depois de uma semana, Robin implorou para voltar a trabalhar e o Gatiss concordou, contanto que ela mudasse de produção, fosse para a equipe de outro seriado. – Estacionou na frente de um enorme prédio, desceu do carro e abriu a porta para Ann – Mas ela não anda nada bem, ontem mesmo estava rolando um boato de que se ela viesse trabalhar de pijama de florzinha mais uma vez, seria despedida.

Here With Me - Benedict CumberbatchOnde histórias criam vida. Descubra agora