O sinal toca avisando o fim daquelas aulas por hoje. Agradeci a tudo quanto for criatura divina que dizem existir por aquilo estar acontecendo. Obrigada, universo. Não podia passar sequer mais um segundo naquela sala, senão surtaria. Me levantei prontamente, juntando minhas coisas sem me importar se estavam mal arrumadas ou se iam quebrar.
— Certo, pessoal. Até a próxima aula. E não esqueçam de trazer o que pedi, valendo a primeira nota.
— O que vamos fazer, Chelse? Não tenho ideia do que apresentar nesse trabalho. — Melissa dizia enquanto eu andava apressadamente pelos corredores. Estudar me estressava excessivamente.
— Não faço ideia.— Sorri sem humor.
— Argh, que estressada. Assim o garoto da jaqueta não vai querer te conhecer.— Ela cantarolava a última parte. Revirei os olhos. — Qual o nome dele mesmo?— Dizia enquanto me puxava para dentro do banheiro, para possivelmente passar 15 minutos com ela retocando a maquiagem.
— Devon... Devon Carter.— Um arrepio percorreu meu corpo ao pronunciar aquele nome. Minha consciência apitava como se proferir aquele nome fosse um pecado. E a sensação de já o tê-lo conhecido me atormentava. Eu precisava tirar essas sensações da minha cabeça. — Eu acho que já o conheci, só não lembro de onde...
— Deve ser mesmo, porque aquele garoto não para de olhar pra você. Credo, ele te encara como se soubesse todos os seus pecados. — Melissa dizia enquanto olhava pra mim e sorria. — Acha que eu não consigo perceber esses seus olhinhos curiosos quando olham pra ele? Qual é, eu sou sua melhor amiga.— Deu um soco no meu braço de leve, mostrando parceria e cumplicidade. Eu sorri para ela.
E o pior era que isso é verdade. Poucas pessoas me eram íntimas, e Melissa com certeza era uma dessas pessoas. Mas ela não sabia de tudo, me conhecer ainda era uma coisa duvidosa, quase que impossível. Sempre achei deplorável e uma idiotice o fato das pessoas dizerem: "eu te conheço, Chelsea". Minha forma de pensar, sentir e agir são totalmente imprevisíveis, complicadas. Minha mente é inquieta e tem horas que nem eu me entendo.
— Oi oi! O que eu perdi?— Violet chegou no banheiro, nos assustando. A forma agitada repentina dela me deixava desconfiada. Alguma coisa estava por vir.
— Vamos lá pra fora, eu não suporto mais ficar aqui. Por favor...— Melissa riu do meu tom de súplica e me tomou pelos braços, me arrastando novamente pelos corredores. Violet vinha nos acompanhando na mesma velocidade.
— É o seguinte: Eu tenho dois ingressos para o show de hoje à noite! Meu namorado conseguiu pra mim, já que ele vai estar na administração do show.— Ela dava pequenos pulinhos enquanto eu reagia desanimadamente. O show era de uma banda local que eu não estava interessada nenhum pouco em ir, mas a metade das meninas iam, inclusive Melissa.
— Ah não, nem venham. Hoje tenho que ficar em casa.— Cruzei os braços e as olhei. Elas faziam cara de cachorrinho que caiu do caminhão de mudança.
Droga, eu estava ficando cada vez mais sem desculpas para não sair de casa.
— Nada disso, você já usou a desculpa da sua mãe... Tia Rosalie deixa você ir até pra um puteiro comigo. — Melissa dizia me encurralando. Minha mãe tinha uma confiança absurda em Melissa. A única pessoa que superava essa confiança era Josh, minha mãe entregaria a vida dela pra ele, era patético.
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Dangerously
ChickLit"Amor, eu não ligo. Eu realmente não me importo. Você esteve se enganando por achar que eu me importo com alguma coisa." Enquanto acontecem coisas em recâmaras secretas do Governo, há jovens imprudentes se apaixonando perdidamente, é assim que funci...