10. Obrigada por voltar

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Ele chegou à minha casa sem eu ter ao menos o ensinado o caminho, é claro que eu estava entorpecida demais com Devon (por completo) para me dar o trabalho de notar aquilo. Quando ele parou, eu havia esquecido totalmente que deveria descer.

Eu estava num transe. O tempo havia congelado, eu me encontrava apenas sentindo o meu corpo abraçado ao dele e minha cabeça sobre suas costas. Eu conseguia ouvir seus batimentos acelerados devido a recém adrenalina que a moto causava. Ao parar, aos poucos, aquele coração entrava em compasso e se entregava a calmaria. O vento frio da madrugada soprava com leveza, balançando alguns fios vermelhos de meu cabelo e me fazendo fechar os olhos. Aquela sensação era quase indescritível. Minhas mãos se mantinham na barriga dele, e eu podia sentir por cima da camisa, sua barriga bem definida e trincada.

Eu sei que não deveria pensar assim de um estranho, mas eu não o vejo como estranho. Sei que parece idiotice, mas eu sinto como se o conhecesse há cinco décadas, mesmo sem nem ter vivido tanto assim. E eu, que sempre gostei de ser coerente e o mais racional possível, não conseguia explicar a absurda confiança que eu colocava nele.

Todavia, ele permaneceu-se quieto o tempo todo, sem chamar minha atenção para descer da harley. Só me alertei em fazer isso quando um carro havia parado na vizinha e buzinado. Desci num pulo e acho que ele riu da minha ação repentina e assustada. Eu jurava que havia ouvido um riso nasal.

— Obrigada. — ele me olhou nos olhos, como se fosse memorizar cada detalhe possível do meu resto, me deixando sem opção a não ser continuar a encará-lo.

Havia algo naqueles olhos. Algo que iria bem além do que eu conseguia ver. Algo profundo, enterrado como um tesouro. E agora, meu propósito seria encontrá-lo.

— Não por isso

E assim ele foi embora, cantando pneu e sumindo completamente do meu campo de visão.

E então, só assim eu pude soltar todo o ar que eu prendia em meus pulmões involuntariamente. Eu havia esquecido como respirar enquanto o encarava todo esse tempo. Que tipo de pessoa faz isso? de 0 a 10 no quesito estranha, sou o número 11.

— O que faz aqui fora sozinha?
Uma voz me tirou de meus devaneios e me trouxe de volta à realidade. Era madrugada e eu não havia dormido, os dias seguintes tinham aula e eu agia como se não tivesse.

— Eu faria a mesma pergunta. Onde esteve? —
Joshua tinha uma mochila nas costas, tênis nas mãos e o cabelo preso em um coque. Ele me analisava, e eu torcia para que ele não tivesse visto a cena minutos atrás.

— Por aí. — respondeu dando de ombros e puxando as chaves para abrir a porta da nossa casa. Ele me deixou entrar e permaneceu calado o tempo inteiro.

Eu não esperava que ele me deixasse tão à vontade. Ele agia como se não se importasse. Aquele não era o meu irmão e melhor amigo. Em uma situação como esta, ele costumava me fazer interrogatórios e me pedir todos os detalhes.

— Chelsea, não esqueça. — ele leu um recado na geladeira e automaticamente pôs um copo de água em cima do balcão da cozinha, juntamente com um comprimido.

Já estava subindo as escadas quando ele me chamou a atenção, portanto, voltei silenciosamente e tomei o remédio. Ele estava lavando as mãos na pia, de costas para mim.

— Obrigada. — o abracei calorosamente por trás, mesmo sabendo aquele não era um bom momento. Ele queria ficar sozinho, e eu simplesmente não queria o deixar.

— Pelo o que? — ele virou-se para me olhar com a sobrancelha arqueada. Como insistente que sou, continuava abraçando-o feito um urso, mesmo sem haver qualquer retribuição.

— Por voltar.
Por fim, eu o soltei e subi as escadas descalça. Me dirigindo para o meu aconchegante quarto.

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OLÁAAAAA, ANJOS. Espero que gostem ^^

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