13. Reencontros

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— Oh, claro. Eu não vou porque você simplesmente não quer que eu vá, certo?— o olhei com raiva e ele assumia sua expressão mais calma possível.

— Não, você não vai porque suas amigas estão bem. E eu preciso de você para fazer esse maldito trabalho. — disse olhando pela janela, como se nada estivesse acontecendo.

— Como tem tanta certeza? Você nem as conhece. — desta vez, eu estava discando o número da mãe de Melissa.

— Porque eu conheço o namorado de Violet e sei que estão bem. Relaxa, a loira deve ter tido no máximo um arranhão no seu lindo rosto de porcelana. — disse, irônico. Ele estava aprendendo a me tirar do sério, em qualquer situação.

– Nossa, você realmente me acalmou com suas informações importantíssimas. Que milagre, como eu lhe agradeço? — usei o meu tom mais sarcástico possível, olhando para ele. O garoto soltou um riso nasal e sorriu de lado, como se aprovasse a minha habilidade de sarcasmo em equidade com a dele.

— Por nada. — Mexeu os ombros como se eu já houvesse o agradecido, e apenas continuou sorrindo sem mostrar os dentes. Ele sorria literalmente com os olhos, os apertando enquanto sua boca contraía-se num mínimo sorriso. Aquele era o sorriso mais lindo que eu havia visto. Um sorriso leve e completo de enigmas, mistérios. Me fazia querer sorrir também. Mas dispenso esse ato, não é bem a hora de sorrir.

— Eu realmente não entendo você. — bufei e ele permaneceu calado, olhando para a janela. Meu celular estava descarregando, e se eu quisesse dar notícias para minha mãe caso ela ligasse, eu deveria parar imediatamente de usá-lo.

O ônibus era barulhento devido a lotação exagerada de pessoas, todas conversando agitadas. De um lado, pessoas animadas para o que vinha de acontecer. Por outro lado, estava eu e meu colega absurdamente lindo, sem trocarmos uma palavra.

Era um silêncio confortável, mas eu me pegava discutindo na minha própria cabeça o porque de haver aceitado as coisas tão facilmente. Ele havia me convencido e eu nem havia resistido. Com minhas habituais teimosias, eu não costumava aceitar tantas coisas de imediato.

O caminho para o supermercado durou cerca de 20 minutos e de vez em quando, eu olhava para o garoto do meu lado de cabelos compridos. Acho que ele percebia. Mas não importa. Ele apenas observava tudo calmamente, até mais do que eu. Assistia tudo à sua volta com naturalidade. E ali eu soube, tínhamos muito mais em comum do que eu achava.

— Certo, turma. O gerente estará à frente do supermercado, esperando vocês para lhes dar as coordenadas. — avisou o motorista, em seguida, abriu as portas para que saíssemos.

Eu e Devon permanecíamos lado a lado, esperando pela mesma coisa: boa parte da turma sair (para desafogar o acúmulo de pessoas na porta).

— O crachá está com você não é? — certifiquei-me, olhando para ele enquanto levantava e descia as escadas.

Ele apenas retirou um cartão branco com preto de seu bolso e o fez dançar rapidamente em seus dedos, passando por cada um deles. Apesar disso, o garoto continuava com sua cara de tédio.

Eu parecia uma criança, a quem ele queria entreter a fim de que parasse de fazer perguntas. Sorri com esse pensamento.

Ok, pessoal. Eu sou Julius, o gerente do supermercado. Como bem sabem, vocês terão dois dias para realizar que lhes foi designado. A cor do cartão indicará o que farão. — um cara de 1,70 e de lindos cabelos encaracolados e maxilar bem desenhado, dizia tudo calmamente. — Olhem naquele informativo... E, boas compras! — disse tudo vagarosamente. Ele coçou a cabeça e seus cachinhos pularam, somente aquele ato me fez imaginar o quão fofo ele era.

Rapidamente, todos se dirigiram à TV que continha o informativo e entraram no enorme estabelecimento. Por sorte, eu e Devon havíamos pegado Eletrônicos, algo que eu entendia muito bem.

— Quem designa esses tipos de áreas? Algum louco? Eles nem sabem ao menos se temos experiência no assunto. — bufou.

— Oh, não me diga que o Sr. é um completo tapado em relação à Tecnologia. — cruzei os braços e o olhei desafiante. Meu sarcasmo era nítido em forma de tom de voz. — Ai que dó.

Devon sorriu-me com o mesmo sarcasmo, ou até mais. Ele agia sempre à altura.

— Que pena, não é mesmo? — enquanto ele nos direcionava à sessão de eletrônicos com um sorriso sarcástico no rosto, eu pude sentir o tempo parar e me lembrar que isso não ia durar muito tempo.

Não duraria, assim como nada na minha vida dura. Nada realmente permanece. E quando se encontrava um resquício de algo que me fizesse bem, ele normalmente era extinto ao longo do tempo.

— Eu odeio minha área, eu não entendo nada sobre a droga de futebol americano! — bufou uma novata. Ela comentava com Alice Milles, uma típica garota idolatrada por fazer coisas ridículas e inadequadas.

Não consegui deixar de revirar os olhos com aquela situação. A garota estava fazendo o maior drama e chamando consequentemente a atenção de todos.

— Vem logo, garota! — dizia Devon, me chamando atenção. Ele ia lá na frente, enquanto eu andava tediosamente pelo supermercado cheio.

— Eu tenho nome, obrigada. — falei entre os dentes. A pressa dele já estava me dando nos nervos.

— Pode crer. Eu tô sabendo. — franziu a testa, me ignorando e indo à procura da sessão de eletrônicos. Eu apenas o seguia, não me atrevia a tentar adivinhar a localização ou olhar placas.

— Chelsea, oi! Que saudades! — uma menina de olhos grandes e bem desenhados, corpo pequeno e esguio me abraçou imediatamente.

— Oi, Sam! Também estava. — a abracei meio jeito.

Não importa quanto tempo passasse, eu nunca saberia como reagir a abraços inesperados. Mesmo que fosse veementemente verdadeiros e carinhosos. A minha falta de expressões em casos como esses me deixava muito aborrecida.

— Eu também vim! — Polly, de cabelos negros,  longos e cacheados, me abraçou também. Eu havia estudado com elas no ensino fundamental, e hoje elas estavam fazendo o mesmo trabalho que eu também.

Mais tarde, eu pude perceber que todo aquele processo de trabalho para cá e para lá, era pura obra do governo. Nem todos tinham o privilégio de apenas comprar como nós, alguns auxiliavam os mais sortidos funcionários. Alguns limpavam, dirigiam, coordenavam e até comiam. As meninas, Polly e Sam, eram voluntárias de funcionários. Estavam auxiliando na construção do 5º andar, juntamente com os engenheiros. O governo nos pedia para fazer compras relacionadas à melhoria da escola. Ou seja, estávamos procurando eletrônicos para colocar inteiramente na escola.

As meninas foram embora, e eu continuei a seguir meu colega impaciente. Por fim, chegamos ao último andar do prédio, que era totalmente direcionado à venda de móveis e eletrônicos.

— Eu não tô acreditando no que eu to vendo, 'mano'. — um cara de cabelos loiros e rebeldes disse quando viu o elevador em que estávamos abrir-se.

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⏰ Última atualização: Oct 28, 2018 ⏰

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