— Oh, claro. Eu não vou porque você simplesmente não quer que eu vá, certo?— o olhei com raiva e ele assumia sua expressão mais calma possível.
— Não, você não vai porque suas amigas estão bem. E eu preciso de você para fazer esse maldito trabalho. — disse olhando pela janela, como se nada estivesse acontecendo.
— Como tem tanta certeza? Você nem as conhece. — desta vez, eu estava discando o número da mãe de Melissa.
— Porque eu conheço o namorado de Violet e sei que estão bem. Relaxa, a loira deve ter tido no máximo um arranhão no seu lindo rosto de porcelana. — disse, irônico. Ele estava aprendendo a me tirar do sério, em qualquer situação.
– Nossa, você realmente me acalmou com suas informações importantíssimas. Que milagre, como eu lhe agradeço? — usei o meu tom mais sarcástico possível, olhando para ele. O garoto soltou um riso nasal e sorriu de lado, como se aprovasse a minha habilidade de sarcasmo em equidade com a dele.
— Por nada. — Mexeu os ombros como se eu já houvesse o agradecido, e apenas continuou sorrindo sem mostrar os dentes. Ele sorria literalmente com os olhos, os apertando enquanto sua boca contraía-se num mínimo sorriso. Aquele era o sorriso mais lindo que eu havia visto. Um sorriso leve e completo de enigmas, mistérios. Me fazia querer sorrir também. Mas dispenso esse ato, não é bem a hora de sorrir.
— Eu realmente não entendo você. — bufei e ele permaneceu calado, olhando para a janela. Meu celular estava descarregando, e se eu quisesse dar notícias para minha mãe caso ela ligasse, eu deveria parar imediatamente de usá-lo.
O ônibus era barulhento devido a lotação exagerada de pessoas, todas conversando agitadas. De um lado, pessoas animadas para o que vinha de acontecer. Por outro lado, estava eu e meu colega absurdamente lindo, sem trocarmos uma palavra.
Era um silêncio confortável, mas eu me pegava discutindo na minha própria cabeça o porque de haver aceitado as coisas tão facilmente. Ele havia me convencido e eu nem havia resistido. Com minhas habituais teimosias, eu não costumava aceitar tantas coisas de imediato.
O caminho para o supermercado durou cerca de 20 minutos e de vez em quando, eu olhava para o garoto do meu lado de cabelos compridos. Acho que ele percebia. Mas não importa. Ele apenas observava tudo calmamente, até mais do que eu. Assistia tudo à sua volta com naturalidade. E ali eu soube, tínhamos muito mais em comum do que eu achava.
— Certo, turma. O gerente estará à frente do supermercado, esperando vocês para lhes dar as coordenadas. — avisou o motorista, em seguida, abriu as portas para que saíssemos.
Eu e Devon permanecíamos lado a lado, esperando pela mesma coisa: boa parte da turma sair (para desafogar o acúmulo de pessoas na porta).
— O crachá está com você não é? — certifiquei-me, olhando para ele enquanto levantava e descia as escadas.
Ele apenas retirou um cartão branco com preto de seu bolso e o fez dançar rapidamente em seus dedos, passando por cada um deles. Apesar disso, o garoto continuava com sua cara de tédio.
Eu parecia uma criança, a quem ele queria entreter a fim de que parasse de fazer perguntas. Sorri com esse pensamento.
— Ok, pessoal. Eu sou Julius, o gerente do supermercado. Como bem sabem, vocês terão dois dias para realizar que lhes foi designado. A cor do cartão indicará o que farão. — um cara de 1,70 e de lindos cabelos encaracolados e maxilar bem desenhado, dizia tudo calmamente. — Olhem naquele informativo... E, boas compras! — disse tudo vagarosamente. Ele coçou a cabeça e seus cachinhos pularam, somente aquele ato me fez imaginar o quão fofo ele era.
Rapidamente, todos se dirigiram à TV que continha o informativo e entraram no enorme estabelecimento. Por sorte, eu e Devon havíamos pegado Eletrônicos, algo que eu entendia muito bem.
— Quem designa esses tipos de áreas? Algum louco? Eles nem sabem ao menos se temos experiência no assunto. — bufou.
— Oh, não me diga que o Sr. é um completo tapado em relação à Tecnologia. — cruzei os braços e o olhei desafiante. Meu sarcasmo era nítido em forma de tom de voz. — Ai que dó.
Devon sorriu-me com o mesmo sarcasmo, ou até mais. Ele agia sempre à altura.
— Que pena, não é mesmo? — enquanto ele nos direcionava à sessão de eletrônicos com um sorriso sarcástico no rosto, eu pude sentir o tempo parar e me lembrar que isso não ia durar muito tempo.
Não duraria, assim como nada na minha vida dura. Nada realmente permanece. E quando se encontrava um resquício de algo que me fizesse bem, ele normalmente era extinto ao longo do tempo.
— Eu odeio minha área, eu não entendo nada sobre a droga de futebol americano! — bufou uma novata. Ela comentava com Alice Milles, uma típica garota idolatrada por fazer coisas ridículas e inadequadas.
Não consegui deixar de revirar os olhos com aquela situação. A garota estava fazendo o maior drama e chamando consequentemente a atenção de todos.
— Vem logo, garota! — dizia Devon, me chamando atenção. Ele ia lá na frente, enquanto eu andava tediosamente pelo supermercado cheio.
— Eu tenho nome, obrigada. — falei entre os dentes. A pressa dele já estava me dando nos nervos.
— Pode crer. Eu tô sabendo. — franziu a testa, me ignorando e indo à procura da sessão de eletrônicos. Eu apenas o seguia, não me atrevia a tentar adivinhar a localização ou olhar placas.
— Chelsea, oi! Que saudades! — uma menina de olhos grandes e bem desenhados, corpo pequeno e esguio me abraçou imediatamente.
— Oi, Sam! Também estava. — a abracei meio jeito.
Não importa quanto tempo passasse, eu nunca saberia como reagir a abraços inesperados. Mesmo que fosse veementemente verdadeiros e carinhosos. A minha falta de expressões em casos como esses me deixava muito aborrecida.
— Eu também vim! — Polly, de cabelos negros, longos e cacheados, me abraçou também. Eu havia estudado com elas no ensino fundamental, e hoje elas estavam fazendo o mesmo trabalho que eu também.
Mais tarde, eu pude perceber que todo aquele processo de trabalho para cá e para lá, era pura obra do governo. Nem todos tinham o privilégio de apenas comprar como nós, alguns auxiliavam os mais sortidos funcionários. Alguns limpavam, dirigiam, coordenavam e até comiam. As meninas, Polly e Sam, eram voluntárias de funcionários. Estavam auxiliando na construção do 5º andar, juntamente com os engenheiros. O governo nos pedia para fazer compras relacionadas à melhoria da escola. Ou seja, estávamos procurando eletrônicos para colocar inteiramente na escola.
As meninas foram embora, e eu continuei a seguir meu colega impaciente. Por fim, chegamos ao último andar do prédio, que era totalmente direcionado à venda de móveis e eletrônicos.
— Eu não tô acreditando no que eu to vendo, 'mano'. — um cara de cabelos loiros e rebeldes disse quando viu o elevador em que estávamos abrir-se.
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Dangerously
ChickLit"Amor, eu não ligo. Eu realmente não me importo. Você esteve se enganando por achar que eu me importo com alguma coisa." Enquanto acontecem coisas em recâmaras secretas do Governo, há jovens imprudentes se apaixonando perdidamente, é assim que funci...