11. Aula de Economia

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Eu andava apressada, quase que voando nos corredores. Subia escadas de dois em dois degraus, tropeçando às vezes. Estava terrivelmente atrasada, e a sala de Economia nunca havia sido tão longe quanto naquele dia.

— Licença, Sr. Bolton. — abri a porta de uma vez, assustando o pobre professor. Contudo, para o meu alívio, a turma barulhenta continuava concentrada em analisar e discutir sobre a aparente "inutilidade" das estatísticas econômicas.

— Falta a você pontualidade e compromisso, Srta. Verlac. — me repreendeu e apontou com o queixo onde eu deveria sentar.

— Desculpe, Sr. Bolton.

Eu havia acordado tarde hoje, devido aos meus coquetéis de remédios e a festa que havia ido ontem de madrugada. Era cansativo para alguém como eu, que não tinha costume de sair, nem muito menos sair e tomar remédios com propriedades de calmantes. Mesmo assim, eu não tinha todo esse vigor e força para viver tão plenamente como muitos viviam.

Joshua estava estranho, ele sempre me acordava, e quem fez isso hoje foi minha mãe, por isso havia acordado tão tarde (ela havia desistido de me acordar por pena). O moreno dos cabelos compridos falava pouco, mas deixava claro sua indiferença e estranhez. Ele não era assim. Por fim, Joshua veio me deixar na escola e nem ao menos me deu um tchau.

Mesmo assim, eu me dirigi onde o professor antes havia apontado e joguei minha mochila sobre a mesa. Após me sentar e suspirar pesadamente, passei as mãos sobre meus cabelos e os acalmei, parecia que eu havia visto um fantasma. Havia frizz por toda parte. Era nisso que findava ir à festas: ressaca e um cansaço terrível.

— Para uma vida financeira saudável e sempre em crescimento, é necessário experiências. Usando-se o que sabem sobre economia básica, isto é, o que ouvem falar popularmente, vocês irão testar o quão econômicos e devastadores financeiramente podem ser. Por isso, proponho um trabalho em que vocês irão ao supermercado Good Idea, levando este crachá. — tirou um crachá ilustrado sobre uma parceria entre o colégio e o supermercado, com o slogan de ambos. O crachá havia um código para ser lido por uma máquina, aquilo parecia bem mais um cartão de crédito. — Será como uma aula de campo com aulas extras, vocês têm exatamente 1000 dólares para gastar no que acharem útil. — ele disse enquanto alunos festejavam ao ouvir sobre a grande quantidade de dinheiro. — Mas claro, gastando para cada campo que lhes foi designado. Aqui há para a área doméstica, área de empreendedorismo, área de lazer e etc.

— Uma pergunta. Como iremos nos deslocar até lá? — perguntou um garoto negro de olhos verdes atrás de mim.

— Ônibus. A escola estará em parceria com o supermercado, e na volta terão uma surpresinha. — o professor sorriu enquanto via os olhos de alguns alunos brilhavam de animação.

Eu continuava sentada prestando atenção no que ele dizia. Minha desanimação não era contagiosa, mas incomodava muitos. Eu sentia o olhar concentrado de Devon em mim, mas eu já não me importava. Ele como sempre estava sentado na última cadeira, ao lado da janela. Mas eu só queria terminar esse trabalho e voltar para casa. A falta da minha melhor amiga me deixava ainda mais esquisita para a sala, era tudo meio sem graça e sem rumo quando ela faltava.

— Ótimo, senão há dúvidas, não temos mais porque esperar. Chamarei um a um, de acordo com a chamada para que venham pegar os crachás. — disse, de forma prática. — Irei formando pares. Imaginem que vocês são casados e têm que administrar esse dinheiro, caso o contrário, irão à falência. — o professor dizia sorrindo. Aquele professor tinha um alto astral demasiado e afetava boa parte dos alunos.

— Srtas. Alice Milles e Joyce Thorne — ele entregava um cartão a cada casal. Eu torcia para que eu ficasse sem par, devido ao número ímpar de alunos. Odiava fazer trabalhos em grupo, ainda mais se Melissa não estivesse no mesmo. Coletividade não era comigo.

— E se... perdermos o crachá, o que acontece? — perguntou Joyce com seu jeito fofo. O professor fez uma carranca e ela se encolheu. Joyce era mais baixa que eu e possuía lindos cabelos castanhos. Seu humor adorável e infantil a fazia ser conhecida pela escola inteira por "A garota da High Scholl que deveria estar na creche". A garota de um metro e meio tinha a idade questionada, servindo de motivos para piadas e até elogios.

Sr. Bolton chamava cada aluno e escolhia a dedo quem seria o par. Ao chegar na mesa dele, antes de entregar o crachá, fazia os alunos assinarem documentos, para comprovar a participação deles.

Após metade da sala sair radiantemente com seus novos "cartões de crédito", eu fui citada. Mas desejei que nem fosse. Eu queria ser a última, para estar sozinha.

— Sr. Carter... — Devon levantou prontamente e andou até a mesa, aguardando o olhar eminente e selecionador do professor. Ele varria toda a sala. —e... Srta. Verlac.

A expressão do meu rosto mudou ligeiramente quando ouvi o meu nome. Só podia ser algum tipo de brincadeira ou pegadinha. Mesmo talvez gostando da ideia ou oportunidade para conhecer o garoto novato misterioso, eu tinha um pressentimento que esse dia não se sairia muito bem.

— Eu? — indaguei, engolindo em seco.

— Sim, a senhorita. Assine aqui. — o professor mantinha seu sorriso no rosto, e Devon sustentava seu perfil sombrio, ambos me observavam levantar da cadeira.

891 palavras.
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