CAPÍTULO 15 - NO CAIR DA NEVE - PARTE II

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Passava pouco mais da meia noite, Débora havia escolhido seu melhor vestido em um modelo provocante com abertura que se fazia até suas coxas e sem mangas, habilmente feito em tecido Chiffon preto, que proporcionava leveza e transparência.

Sobre a mesa embalagens de Gran Perú Blanco, comprados pela manhã na Mamuschka, uma garrafa de Absinto e um pó esbranquiçado fino próximo a eles.

— Estamos prontos — diz Debby olhando sua silhueta na enorme parede envidraçada que refletia sua imagem, ocasionado pela ausência de luz solar do exterior e que durante o dia refletia as cores alvas das montanhas e o Lago Nahuel Huapi. — Espero que goste de chocolates, querido Ruan.

O elevador levou poucos segundos para mover-se do sexto para o sétimo andar, quando as portas se abriram Débora viu-se dentro de um grande salão, assim como a decoração do Hall e dos quartos, tudo apresentava-se em total harmonia entre a estrutura de alvenaria, metais e madeira.

— Devo confessar, esse maldito tem bom gosto! — exclama impressionada, analisando todo o ambiente rodeado de pessoas com bebidas em mãos e conversas descontraídas embalados por músicas ecléticas que atendiam perfeitamente todos os gostos.

— Você está deslumbrante — sussurra de forma gentil Augustín Matias vestido elegante em um uniforme branco com corte simples e que realçavam seus olhos. — Pensei que não viria — completa sorrindo.

— Não perderia por nada — retribui em um sorriso sincero May. Naquele momento vestia-se de sua personagem fatal. Augustín poderia atrapalhar seus planos naquela noite, era evidente que o que acontecera mais cedo foi um erro. Claro, servira para algumas informações, não muitas, mas o suficiente para dar-lhe a certeza que não se enganara a respeito de Ruan Lopez. Já estava por tempo demais em Bariloche e o plano seria posto em prática naquela noite, nas próximas horas. Olhou à sua volta tentando localizar Ruan em meio as pessoas.

— Ele perguntou por você — diz de forma automática.

— Ele quem? — Estava confirmado, Augustín seria um empecilho. Pega uma das taças que estavam na bandeja estendida pelo jovem — não seja atrevido, meu querido! — exclama dando-lhe as costas e seguindo em direção à pequena bancada próxima aos bares.

Observava atentamente todos que transitavam à sua frente. Homens elegantes acompanhados de mulheres tão bonitas quanto ela e que evidenciavam serem acompanhantes de luxo. Ela sabia muito bem como essas coisas funcionavam. Empresários ricos, longe de casa e com negócios em filiais ou ambicionados a ampliar suas empresas além das fronteiras, sedentos por momentos de prazer. Era como se adquirissem uma vida imaginária. Pagavam alto por estes momentos de vida voláteis, e que mal existia em levar à vida dessa forma? Moças geralmente muito novas, agenciadas por alguma empresa de modelos, estudantes universitárias, garotas de famílias muito pobres. Quem pode julgar a forma de vida que os outros levam. Era apenas um trabalho, Débora trabalhara muito assim em Lisboa e em Londres, era uma vida luxuosa e que durava apenas uma noite, com sorte alguns dias e que lhe rendia uma boa quantia em dinheiro. Muitas vezes eram bilionários velhos e que desejavam apenas uma companhia, alguém para os ouvir, sem, necessariamente, envolver sexo.

— Terei que lhe retirar de seus pensamentos, Srta. Malynda — pronuncia-se Ruan Lopez, despertando May de seus pensamentos, — desculpe, não foi minha intenção, — sorri mostrando todos os dentes, o que fazia com que May sentisse um arrepio percorrer toda sua coluna, Ruan não se assemelhava a uma ave de rapina observando sua presa, mas sim um lobo prestes a abocanhar a ovelha.

— Não havia notado sua presença, — retribui May — a festa está linda, — pronuncia próximo dos ouvidos de Ruan no momento em que o cumprimenta com um cordial abraço, o perfume do pescoço denuncia que tem bom gosto e que, com toda certeza, deveras ser um perfume importado, caro a julgar pela fragrância. Pelas costas de Ruan observa Augustín que demonstra certo desconforto ao mirar a cena, outros partilham do mesmo olhar. — Caso não comparecesse, poderia lhe parecer, um tanto quanto, grosseira.

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