Ao amanhecer Débora acordou com o sol adentrando a varanda e tocando sua face, os olhos levaram alguns minutos para se acostumarem com a luminosidade. Sentia-se bem-disposta, não poderia ser diferente, a noite com Hugo havia sido maravilhosa. Espreguiçou-se, tateou a cama à procura de Hugo e percebendo que não estava ao alcance de seus dedos, despertou-se por completo em um sobressalto. O quarto apresentava um leve cheiro de brisa marítima e logo viu que Hugo sentado de costas à mesa foleando atentamente alguma coisa que Debby não conseguia ver de onde estava deitada.
— O que faz aí, Hugo? — o que imediatamente o assustou, alertando Debby para o que estava acontecendo — NÃO ACREDITO! — gritou levantando-se rapidamente e avançando sobre as mãos de Hugo e retirando de si o diário da mãe — não tem este direito, são coisas muito pessoais que não lhe dizem respeito — os olhos de Debby faiscavam o que fez com que Hugo visivelmente ficasse sem nenhuma reação.
— Me desculpe, não achei que isso pudesse deixa-la tão...
— Transtornada, Hugo, Histérica? Não sabe de nada, você não sabe de coisa alguma!
— Olha, eu já me desculpei. Não me desculpei?
— Pegue suas roupas, vista-se e vá embora, começo a me arrepender de ter me deixado me envolver — diz apertando o diário da mãe contra o peito — apenas vá, Hugo.
— Não precisa disso Debby! — irrita-se Hugo, demostrando impaciência — a noite não foi tão boa para nós, vamos tomar um café, conversar um pouco, aproveitar a manhã caminhando pela praia, o que acha? — abre-se em um sorriso sincero.
— Você é um menino grande, Hugo — expressa sendo persuadida — quero saber o que leu, me diga antes.
— Nada, havia acabado de abri-lo, mas não sei do que se trata e não entendo o motivo de ficar tão agressiva. — Na verdade Hugo havia lido alguns trechos do diário, porém preferiu não mencionar, não queria ser expulso do quarto e a noite havia sido tão agradável, desejava desfrutar mais um pouco da companhia de Debby — juro que não li nadinha, senhorita!
— Ok, cavaleiro curioso, ok. Venha, vamos tomar nosso café, vi que o pediu enquanto eu dormia. — Debby não sabia até que ponto Hugo lera do diário da mãe, mesmo sabendo que ele de quase nada conseguiria entender não gostaria que ficasse a par de nenhum de seus planos.
Sentados de fronte um para o outro, Hugo sem camisa e apenas de cueca boxer, cabelos despenteados e que lhe davam um ar ainda mais jovial, provavelmente tinha lá seus 24 anos, não mais que isso. A mesa estava bem servida com frutas da região, Há muito Debby não comia sapoti, cajá ou até mesmo a pitomba, frutas essas não comuns na Europa.
— Ah, deliciosa, quanto tempo não sentia o sabor da pitomba — Hugo a observava servir-se de fatias de pão integral com geleia de amoras — fazia muito tempo...
— La nos estrangeiros não tem pitomba? — e continua após receber uma negativa — precisa tomar o sorvete, garanto que daqui jamais que sairá, é uma delícia! — diz gesticulando com os dedos juntos e os levando até os lábios — vou te levar para tomar, vamos! — este jeito tão natural de agir cativava em definitivo Débora, que observava Hugo entre meio a sorrisos, aqueles olhos brilhantes sabiam como realmente conquistar, mas ela sabia como resistir.
— Não, Hugo, preciso conversar com você, — inicia séria, perdendo o brilho do olhar e pousando sobre a mesa o copo com suco de pitomba — sabe que tenho que ir embora em breve, não sabe? — Hugo abaixa seus olhos e observa um ponto imaginário sobre a mesa, Continua Débora, — apenas vim para esta cidade despedir-me de minha mãe, sabe disso, não? — e é interrompida por Hugo.
— Mas isso não impede que fique um pouco mais, ou quem sabe...
— Fique em definitivo?
— Isso! Quero que fique. Sei que nos conhecemos de pouco, mas o que sinto nunca senti por ninguém, eu quero que fique. Que fique aqui comigo. — Os olhos de Hugo se enchem de lágrimas que sem nenhuma demora rolam por suas faces — pode ficar...
— Não, Hugo! — Diz Debby, colocando-se no acento ao lado de Hugo , tocando-lhe a face de leve e de forma carinhosa — você é um cara ...
— Maravilhoso? — Por favor Debora, não me diga isso, não sou mais um menino chorando porque perdeu seu recém ganhado brinquedo, sou um homem e que se sente enfeitiçado por uma mulher incrível — aproxima suas mãos e toca levemente as de Debby por baixo das suas — fique, apenas fique.
— Não posso. Sinto muito, Hugo. — Debby afasta as mãos e seca uma lágrima que sorrateiramente, contra sua vontade, rola pela face — sua mania de não me deixar terminar as frases, cavaleiro — diz sorrindo — tenho assuntos que preciso resolver e isso não posso mais adiar, eu volto, prometo que se tudo der certo eu volto, prometo. — Sibila vacilando nas últimas palavras, nem ela mesma poderia prever o que acontecerá em Bariloche, precisa encontrar Ruan Lopez.
— O que me faria acreditar que poderia voltar aqui? — Pondera — Aqui é um lindo lugar Debby, mas é um fim de mundo, precisa vir de balsa, fica longe da capital..., — coça a cabeça e a envolve em seus brações — acho que não lhe verei mais, não é? — afasta-se olhando os olhos pretos e luminosos pelas contidas lágrimas da outra.
— Eu voltarei, prometo — diz segurando as mãos de Hugo que estavam apoiadas sobre as próprias coxas — eu preciso resolver assuntos importantes, cavalheiro, não posso mais deixar estes para outro momento, eu devo isso a..., — interrompe-se antes de terminar a frase.
— A sua mãe, a Lenna, é isso que iria dizer? — arrepende-se Hugo de ter dito essas palavras ao sentir que as mãos de Débora se recuam, afastando-se das suas. — Me desculpe, não tenho o direito de lhe cobrar nada, quem sou eu afinal! Um homem sem eira e nem beira, que mal ganha para o sustento e você, uma mulher linda, estudada e que destoa completamente desse lugar miserável, não iria olhar para um qualquer. Me sinto como se o jogo tivesse virado — completa Hugo arrependendo-se dessa última frase em que insinua claramente os amores de verão nos breves encontros sexuais com as turistas, para Debby isso pouco fazia qualquer sentido ou daria importância, estava à frente de qualquer julgamento, tinha também um passado e apesar de não se envergonhar dele, não o mencionava com orgulho. — Apenas quero que fique. — Completa.
— Eu voltarei! — diz tocando os lábios nos de Hugo de forma leve, fazendo-o arrepiar-se e ter uma ereção visível sob a boxer vermelha — me espere ao final de um ano, cavaleiro, viva sua vida sem ressalvas e ao fim deste tempo retornarei à Porto das Pedras e conversaremos, caso esteja ainda livre e queira veremos o que decidir — e é interrompida pela boca buscando a urgência da língua de Debby por Hugo sendo correspondido.
— Eu lhe esperarei, senhorita — tomando Debby nos braços e a deitando sobre a cama abrindo sua camisola prateada e depositando-se entremeio as suas pernas em movimentos leves e frases de amor, Hugo sentia-se entorpecido, sentia que a amava e não sabia como justificar isso — eu lhe espero — sussurra entre beijos e gemidos, os corpos misturados, apenas um naquele momento que era apenas o começo de uma história de amor. Uma história de amor que seria adiada por um ano e que nem um dos dois poderia prever o que pudesse acontecer nestes doze meses. — Eu te amo Débora — aumentando o ritmo de seu corpo enquanto sente a boca de Debby buscar a sua em uma sede descomunal.
— Eu sinto, Hugo! Eu posso sentir...
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Olá. Continuarei a postar o livro até a finalização da História.:)
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Blackout
RomantikA boate FABRIC, localizada ao norte de Londres no Bairro de Farrigdon, é famosa por sempre concentrar aos finais de semana os melhores DJs de toda a Inglaterra, uma jovem misteriosa irá conquistar Antony, um homem sedutor e que coleciona mulheres...