Apologize by my fears

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17/09/2017


Olá. Eu sou o Seokjin.

Hoje os meus medos me atormentaram um pouco.

Eu não consegui pensar em nada quando acordei. Minha cabeça doía como o inferno e eu até considerei estar de ressaca. Mas eu percebi que não era isso.

Minha mente estava embaralhada. Eu tinha quase certeza de que as memórias que estavam em meus pensamentos eram de um sonho, e não da realidade. Aquele garoto, aquele sorriso... Por que eu ainda lembrava? Eu não devia ter esquecido? Esquecido de tudo que aconteceu na última semana... Por que eu não esqueci? Por que eu ainda me lembro? O que exatamente está acontecendo?

Eu fiquei louco? Eu estou imaginando coisas? Eu ainda estou num sonho?

Eu não conseguia parar de me perguntar essas coisas. Meu coração estava inquieto, fazendo uma súbita dor em minha garganta se iniciar. Eu queria chorar, mas não sabia se era de medo ou felicidade.

Eu lembrava, lembrava de tudo. Lembrava da segunda-feira, quando Jeongguk finalmente retribuiu o olhar que eu lhe lançava e quando eu desmaiei mais tarde e acordei no hospital com um Jimin e um Yoongi perdendo os cabelos de preocupação. Eu não lembrava dos dias no meio da semana, mas lembrava da sexta e do sábado... Ontem. Eu lembrava perfeitamente da minha conversa com aquele desconhecido — Que agora já não era mais tão desconhecido assim. — E de como o sorriso dele não saía da minha cabeça enquanto eu estava tentando dormir. As memórias vieram a mim como a luz que cega assim que abrimos as cortinas da janela de manhã. Eu inconscientemente sorri ao lembrar daquele lindo e último sorriso que foi lançado a mim juntamente com um "boa noite" sendo proferidos pelos lábios vermelhos.

Eu levantei com pressa da cama apenas para fazer minha higiene matinal e tomar os medicamentos, voltando rápido e procurando meu celular pelos lençóis e cobertas bagunçadas. Eu precisava ter certeza de que não estava começando a delirar.

— Alô? — O dono da voz doce, que estava rouca por não ser usada a horas, proferiu sem vontade nenhuma do outro lado da linha. Eu podia imaginar sua careta irritada, olhos ainda fechados e sobrancelhas franzidas.

— Jimin. — Eu disse, firme. Meu coração batendo mais rápido do que eu era capaz de contar.

— Jin hyung...? — Ele sussurrou, pude sentir o quão desapontado ele estava apenas por ouvir a minha voz. Eu ignorei.

— Jimin, — Eu disse mais uma vez, sério. — Eu me lembro. — A minha voz falhou. Eu não sabia bem o porquê, mas aquela vontade de chorar e aquele medo repentino me atingiram novamente. Eu realmente queria que tudo aquilo fosse real, e não apenas um sonho. E esperar a resposta começava a me assustar. A linha ficou silenciosa por um momento, e eu pude jurar que começaria a chorar caso Jimin não respondesse logo.

— Você... — Ele pareceu totalmente assustado e confuso. Sua voz tremeu. — Jin, eu chego em cinco minutos. Não mova um músculo. — Dessa vez, totalmente recuperado, ele terminou sua frase autoritariamente e desligou a chamada. Eu senti um frio percorrer minha barriga e soltei o celular para cair entre as cobertas.

A realidade era que eu estava muito assustado. Eu senti a dor na minha cabeça se intensificar conforme meu rosto era molhado com as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas. Eu sentia meu peito doer. Mesmo que eu fizesse de tudo para tentar respirar, eu simplesmente não conseguia. Eu estava entrando em pânico e não sabia o que fazer. Encostei as costas na cabeceira da cama e abracei meus joelhos, tentando conter a vontade de gritar que eu sentia. Eu não entendia o porquê, mas tudo isso estava me assustando além da conta. Eu não conseguia encontrar a paz que senti na noite anterior.

Jimin chegou com um Yoongi de pijamas que ainda estava no sétimo sono. Ele normalmente se recusava a fazer qualquer coisa, que não fosse dormir, nos seus domingos de folga. Eles encontraram um Seokjin encolhido e vulnerável, abraçando os próprios joelhos e chorando em volta das cobertas bagunçadas na cama. Eles conseguiram me acalmar depois de algumas horas. Eu ainda sentia muito medo, medo de que tudo aquilo desaparecesse das minhas memórias quando eu dormisse de novo. Medo de que eu tivesse que aguentar aquilo por mais cinco, dez ou quinze anos. Jimin confirmou tudo que eu disse que lembrava. Contei sobre a última noite e eles trocaram olhares preocupados. Mas eu sinceramente não tinha condições para revirar os olhos naquele momento.

Eles passaram o dia comigo a meu pedido e à insistência de Jimin. Yoongi cochilou a maior parte do tempo e Jimin olhava para mim a cada cinco minutos, me perguntando se estava tudo bem.

Quando eles foram embora eu respirei fundo para tentar limpar minha mente. Eu não faço ideia de como vou conseguir dormir, mas acho que pensar naquele sorriso, naquele estranho e familiar sorriso, pode me ajudar, de alguma forma.

Between you & meOnde histórias criam vida. Descubra agora