Capítulo 12

94 26 36
                                    

Hannah on

A pizzaria foi incrível, parecíamos uma família em um passeio de sábado, Maria Clara ria das besteiras que Miguel dizia, fizemos uma bagunça e tanto na pizzaria.

-Vamos embora minhas meninas? – Miguel perguntou se levantando.
Mais uma vez ele pagou a pizzaria, mas dessa vez teve a ajuda da minha pequena para me convencer.

-Num quelo ir embola. – Maria Clara fez bico.

-Mas precisamos ir princesa. – Digo apertando o bico dela.

Miguel pega ela no colo e saí correndo até o carro, Maria Clara está muito apegada a ele, tenho medo de um dia ele se afastar e ela sentir.

Entramos em seu carro e seguimos para casa, já era mais de onze da noite.

-Quem sega na pota po lutimo é a mulher do padle. – Disse ela e saiu correndo, Miguel e eu corremos atrás dela rindo, fui a última a chegar.

Procurei minha chave na bolsa e abri a porta.

-Isso é hora dona Hannah? – Meu pai estava sentado no sofá da sala, os olhos vermelhos e a voz alterada.

-Ann, que? – Perguntei sem entender, já que ele nunca reclamou da hora que chego em casa.

-Isso mesmo que você ouviu, você tem 17 anos e Maria Clara tem 2, você acha que é certo chegar esse horário em casa, garota?

-Tá falando do que, pai? – Perguntei ainda mais confusa, de repente ele levanta do sofá e vem em minha direção, agarra meu braço e me puxa em direção ao sofá. -Para, tá me machucando!

-Solta a mamã... – Clarinha correu em minha direção e meu pai a pegou no colo.

-Oh, minha princesa, a mamã fez coisa errada, quando você faz coisa errada ela te põe de castigo, não põe? – Meu pai tá tratando ela bem por conta da presença do Miguel.

-Senhor, ela não fez nada demais. – Miguel se meteu.

-Cara, quem você pensa que é pra se meter em como eu trato ou deixo de tratar a minha filha?

-Eu sou amigo dela, estou vendo que o senhor está alterado, seria legal que o senhor tentasse ficar calmo, porque tem a sua neta também. – Meu pai colocou Clarinha no chão e foi até onde Miguel estava parado na porta.

-Rapaz, tenha mais respeito, você está na minha casa.

-Eu não o desrespeitei em momento nenhum.

-Qual é a sua idade, rapaz?

-Eu tenho 26!

-Você é muito mais velho que minha filha, o que você quer com ela?

-Eu sou amigo dela.

-Pai.. – Chamei me levantando do sofá.

-Cala a boca, Hannah! Você está se castigo, não vai sair de casa amanhã.

-Aah, mas eu vou sim e eu não vou calar a boca. – Ele veio pra cima de mim e deu um forte tapa em meu rosto o que me fez cair sentada no sofá.
Quando eu olhei para frente meu pai estava com a mão levantada para me bater de novo, mas no mesmo segundo Miguel se pôs a minha frente e Clarinha correu para seu quarto chorando.

-Saia da frente, rapaz. – Ele disse entre dentes.

-Para você bater novamente nela você precisará bater em mim primeiro.

-É para já. – Disse meu pai e socou o rosto de Miguel, ele olhou novamente para meu pai e revidou o soco, em um segundo os dois estavam jogados no chão socando um ao outro.

-Para! – Gritei e eles me olharam. -Parem já com isso.

Eles levantaram, o olho direito de Miguel estava inchado e roxo, a boca dele estava inchada e sangrando, meu pai estava apenas com a bochecha inchada, com certeza meu pai bateu mais.

-Miguel, senta aqui que eu vou limpar esse estrago na sua bochecha.

-E eu filha?

-Você vai tomar um banho e esfriar essa cabeça. – Ele foi andando em direção ao corredor. -Pai? – Ele me olhou. -Fique longe do quarto da Maria Clara.  – Ele assentiu e foi para o banheiro.

Fui até o armário, peguei álcool e um algodão, limpei com cuidado para não machucar ele.

-Prontinho. – Sorri, ele também sorriu e olhou para meus lábios, ficamos um tempo assim, até que me levantei e disse: -Bom, agora eu preciso dar um banho na Clarinha e limpar essa bagunça.

-Quer ajuda?

-Preciso não meu bem, estou acostumada. – Dou risada.

-Então tá bom. – Beijou minha bochecha e foi embora.

-Princesaaaaa. – Entrei no quarto de Clarinha e ela pulou de cima da cama com o susto. -Desculpa. – Ri.

-Que tuto mamã, num pode me atutar ashim, eu sou uma plinxesa. – Ri de novo.

-Vamos para o banho, guria? – Ela assentiu, uma das únicas crianças que eu conheço que gosta de banho.

                                  ***

-Bom dia, gatinha! – Digo a minha irmã assim que entro em seu quarto e abro a janela.

-Mamã, eu quelo muito comer queijo hoje, tem aí? – Pergunta coçando os olhinhos e sentando na cama.

-Não, mas eu vou lá comprar, tá bem?

-Shim.

-Você fica lá embaixo assistindo desenho em quanto eu vou, tá ok? – Ela assentiu pegou Diego, seu panda de pelúcia e foi em direção as escadas.

Liguei a TV para ela e saí, fui a padaria e estava cheia.

-Cadê minha pimpolha? – Olho para trás e ali estava o Maurício.

-Ei, moço, ela está em casa, vim comprar queijo para ela.

-Ata, mas me diz Hannah, como anda a vida?

-Tá como sempre foi e a sua?

-Você sabe como ela ficará melhor.

-Ann, então está fazendo o que aqui? – Mudei de assunto.

-Comprar pão, minha irmã está passando mal.

-Que ela tem?

-Ela tá grávida, aí vive sentindo fraqueza e enjôo aí o dever de vir a padaria comprar pão é meu. – Revirou os olhos.

-Parabens, vai ser titio. – Sorri.

-Eu queria ser padrasto de uma menininha chamada Maria Clara. – Mas ele não desisti, minha gente.

-Bom dia, moça, o que deseja? – Perguntou o balconista.

-200 grama de queijo prato, por favor! – Sorri.

O rapaz me deu meu pedido, paguei me despedi de Maurício e fui para casa, antes mesmo de chegar a porta de minha casa ouvi um falatório e a porta estava aberta, entrei e estavam ali meu pai olhando feio para Miguel que estava com Maria Clara no colo e ela chorando.

-O que foi que aconteceu aqui? – Eles me olharam e meu pai ficou pálido.

O sonho de HannahOnde histórias criam vida. Descubra agora