No Passo Da Noite

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Pitter

2005

- Meu amor, você não pode ir numa festa de casamento com um vestido de ir pra uma festa fantasia. - Digo olhando seu vestidinho de fada, com asas enormes nas costas.

- Mais papai mamãe disse que eu podia. - Fala abaixando a cabeça tristonha.

- Olha pro papai. - Me ajoelho ficando na sua altura. - Mamãe deixou, mas não o viu ainda.

- Quero ir com esse. - Diz baixinho.

- Não meu bebê, vamos lá no seu quarto escolher outro. - Levanto e pego em sua mãozinha.

Ela vai não muito gostando mais enfim consigo fazer com que ela coloque outro vestido.

- Vamos minha vida. - Falo entrando no quarto em que Melissa está dando um último retoque na maquiagem.

- Vamos sim. - Diz pegando sua bolsa e depositando um beijo em minha boca.

Chegamos minutos depois no casamento. A Igreja estava cheia de convidados, comprimentos os conhecidos que encontramos e escolhemos um banco pra assistir a cerimônia.

Quando tudo terminou fomos pra um outro local onde seria a festa, um salão muito bem decorado com uma mesa cheia de docinhos e bem casados acompanhados por um enorme bolo.
Lembro do dia do meu casamento, foi o dia mais feliz da minha vida.

- No que pensa tanto meu amor? - Pergunta Melissa com um sorriso maravilhoso, o sorriso que me encanta todos os dias.

- Estou aqui recordando do dia do nosso casamento, foi tão lindo quanto esse. - Digo abraçando sua cintura.

- Sim meu amor, a coisa mais linda que existiu. - Fala me beijando.

- Mamãe, mamãe... - Chega Bárbara correndo ao nosso lado. - A Ana me chamou pra ir pra casa dela, deixa mamãe?

No mesmo momento Helena, a mãe da Ana, chega ao nosso lado.

- Elas vão fazer festa do pijama, então achei que você deixaria ela ir. - Fala Helena sorrindo pra nós.

- Deixa amor, é só uma noite. - Digo, e depois de algumas insistências de Bárbara ela fala.

- Ta, tudo bem.

Depois de tudo acabar, passamos em casa e arrumamos uma mochila pra Bárbara levar e então fomos deixá-la.

- Temos a casa só pra gente. - Digo logo depois de chegarmos novamente.

- Humm.. Isso é ótimo. - Diz Melissa já puxando minha gravata e abrindo os botões de minha camisa.

- Eu te amo.

- Eu te amo mais.

- Não, eu te amo mais. - E ficamos nisso até chegarmos ao quarto.

Melissa e eu nos casamos logo depois que ela descobriu que estava grávida de Bárbara.
Ela me encantou desde a primeira vez que a vi.

Foi numa tarde, ela estava num restaurante com seus pais numa mesa e eu sozinho numa mesa ao lado, apressado por conta do trabalho, era meu horário de almoço.
Quando o garçom trouxe meu pedido nossos pratos veio trocados, e enquanto eu falava ao garçom o que tinha pedido ela se levantou e falou que também estava com o prato trocado e que aquele que veio pra mim era o prato dela.

Daí me apaixonei no primeiro olhar que lancei à ela.
Na saída do restaurante pedi ao garçom lhe entregar um guardanapo com meu número escrito. Fiquei observando-a e vi seu sorriso encantador que logo me olhou e com apenas expressões e mexer de lábios falou: ligarei.

Agora estávamos totalmente expostos um ao outro na cama, fazendo amor intensamente como todos os dias desde de que nos conhecemos.
Melissa é uma mulher perfeita, tem todas as qualidades que um homem deseja.
Que sortudo sou, por tê-la.

- Eu te amo. - Digo a cada segundo, beijando-a intensamente e ao mesmo tempo querendo que aquele momento nunca acabe.

Depois de cairmos no sono e acordarmos com uma chuva forte, resolvemos jantar.

- Amor, quero pizza. - Fala toda manhosa no meu ouvido.

- O que você não manda que eu faço sorrindo meu amor. - Digo beijando seu pescoço.

Desço à procura do meu celular e não o encontro, tendo a quase certeza de tê-lo deixado no escritório. Então decido ir na pizzaria pegar a pizza pra comermos em casa mesmo. Enquanto Melissa levanta e vai tomar banho.

- Amor, tou indo lá. Não demoro. - Falo entrando no banheiro e lhe beijando suavemente.

- Ué, porque não liga?

- Acho que esqueci o celular no escritório, e já que o seu esta no conserto...

- Ta bom, quando chegar, tenho uma surpresa pra você.

Saio do banheiro com um sorriso de orelha a orelha pegando as chaves do carro.

No caminho vejo dois vizinhos discutindo por causa de um som muito alto no apartamento do outro. Sem mais ligar pra eles sigo até a pizzaria.

O ambiente está muito cheio então presumo que o pedido demorará.
Depois de fazer o pedido, vou até o meu escritório de trabalho que fica à uns quatro quarteirões de lá buscar meu celular.

Quando volto minutos depois a pizza já está pronta, então sigo de volta pra casa.
Abro a porta ouvindo um grande silêncio.
O que será que Melissa está aprontando?
Uma surpresa.

- Querida, cheguei. - Digo colocando tudo no balcão da cozinha e indo pro quarto.

Vejo marcas de lama pela casa e começo a desconfiar de que algo está errado, o que será que Melissa foi fazer lá fora?
E sem contar no silêncio absoluto que se instaurou.

Entro no quarto e me deparo com a pior cena que já vi em toda a minha vida.
Sem crer que aquilo que estou vendo seja real, ficou paralisado no mesmo lugar sem mexer um músculo, sem nem mesmo respirar, sem acreditar...
Minha vida acabou, acabou...

Melissa está jogada com o corpo no chão e a cabeça decepada do corpo.
Descaradamente vem lágrimas e já não estou mais em mim, não consigo mais ver aquela cena, dou dois passos para trás e pego o telefone.

- Delegacia de polícia federal... - Uma voz fala do outro lado da linha.

Sinto um grande vazio no chão me sugando como um buraco negro.

- Alô? Alguém?

- Assassinaram minha mulher...