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Pitter

2007

— Precisa de mais alguma coisa senhor?

— Não Luísa, pode esperar lá em baixo que eu coloco a Bárbara pra dormir.

— Ninguém vai me colocar pra dormir, eu também vou. — Diz cruzando os braços e fazendo bico.

— Querida, você não pode ir. — Digo pela milésima vez pra ela.

— Mas é um aniversário.

— É sim, mas é um aniversário pra adulto.

— Eu vou ficar lá quietinha papai, eu prometo. — Diz erguendo o dedinho pra fazer uma promessa.

— Já disse que não Bárbara! Quando for um pra criança eu te levo, esse você não pode! — Sem dar mais explicações apago a luz e a deixo lá.
Quando vou saindo esculto ela dizer.

— Se mamãe tivesse aqui ela deixaria. — Então se vira e finge dormir.

Apenas saio do quarto e desço pra sala, agora sem ânimo.

Depois que Melissa se foi já não pertenço à esse mundo, essa é a primeira vez em dois anos que irei realmente sair pra um lugar onde não envolva trabalho.
A maior parte do tempo tento me envolver o bastante em lugares que eu sei que não irei fracassar e me afogar na bebiba, um passo errado e acabo como no dia em que fui num bar e acabei acordando no hospital.

Chego na casa de Henrique, hoje é seu aniversário e está comemorando fazendo uma festa bem grande para todos os amigos e parentes.

— Que bom que veio meu amigo. — Chego e Henrique vem logo me cumprimentar.

Apenas o abraço e sorrio.

— Ta bem cheio em? — Falo dando uma olhada na casa.

Henrique me deixa pra cumprimentar outras pessoas que estavam chegando e eu já não me sintia tão confortável naquele lugar.
A lembrança de Melissa ainda me abala bastante. A cena daquele dia nunca me saiu da cabeça, até hoje nunca foi encontrado nada que revelasse quem à matou.

Bebo alguns drinks que estavam sendo servidos e decido ir embora, no último aniversário que Henrique deu, ela estava lá comigo, sempre do meu lado, me fazendo o cara mais feliz do mundo por tê-la. Nunca vou aceitar que ela realmente se foi.
Minha doce Melissa, a mulher que era pra está aqui...

Depois de várias insistências falhas dele pra eu ficar, eu finalmente saio. Mas não quero ir pra casa, depois do que aconteceu eu mudei de casa com a Bárbara, mas a Bárbara nunca me deixou deixá-la para trás.
São os mesmos olhos, a mesma feição e às vezes me pego olhando pra ela e vejo a Melissa chegando e ficando com a gente denovo.

Fico dirigindo à deriva, sem rumo, sem idéia de onde ir. Já é tarde e nem todos os lugares estão abertos.
Vejo do outro lado da rua em que passo uma espécie de boate, sem pensar encosto o carro e vou até lá.

— Boa noite senhor. — Senhor! Fala uma moça que está na entrada.

— Quanto que é pra entrar? — Digo a olhando.

Depois de dar uma visualizada em minhas roupas fala:

— 20 dólares. — Pego o dinheiro na carteira e entrego a ela.

Entro pensando, senhor, será que ela me achou tão velho? Só tenho 27.
Talvez seja isso, mesmo.
Percebo que é quando adentro mais o local. Só vejo jovens. Mas aposto que eles nem irão me notar, só vim pra beber alguma coisa e não ter que voltar pra casa.

No Passo Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora