Júlia
Acordo tentando raciocinar onde estou. Só então me dou conta do conforto da cama e da beleza do lugar.
Estou parecendo uma princesa num quarto como esses.
Que cama maravilhosa, parece que dormir emcima de milhares de penas.Caminho até o banheiro, que também é muito bonito e tomo um banho, acho uma escova ainda lacrada no armariozinho e escovo os dentes.
Escuto alguém bater na porta e logo ela sendo aberta.
— Bom dia Júlia. O senhor Pitter já está na mesa e mandou lhe chamar.
— Ah sim...
Descemos as escadas e fomos pra cozinha.
Pitter já estava sentado com uma xícara na mão e estar a ler um jornal.
Sinto-me um pouco longe desse universo, dessa casa e tudo, e parece que quando menos esperar vou tropeçar e dar de cara com a realidade.— Bom dia. — Diz sem me olhar.
— Bom dia senhor Pitter... — Digo meio sem saber como lhe chamar.
— Luísa, que horas Carlos... — Ele para de falar e tirando o jornal da frente do rosto me olha — Júlia, por gentileza, só Pitter...
Luísa percebendo o meu olhar vago fala:
— O que o senhor dizia? — Ele olha agora pra ela e continua:
— Ah sim... Que horas Carlos disse que ia trazer a Bárbara?
— Às 8:00 senhor...
Ela mal termina de falar quando a porta da sala é aberta e um homem com uma menininha entra.
A menina é muito bonita, e vem saltitando até a mesa e dá um abraço e um beijo em Pitter.Logo da a volta na mesa e abraça Luísa, por fim ela me nota.
— Oi... — Diz dando um sorriso pra mim.
— E aí?
— Quem é ela papai? É sua namorada? – Pai?
Ele tem uma filha?
Pera... Namorada?Não sei onde enfiar a cara, e antes que Pitter responda o homem entra na cozinha e fala:
— Escutei namorada por aqui? — Diz sorrindo e só então me nota. — Bom dia senhorita...
— Ãm.. Bom dia... — Respondo sabendo que estou tremendo mais que tudo.
Ponho a xícara de café na boca querendo sumir dalí igual o gole que dei.
Fico tentando parecer normal, mas ai meus olhos encontram os de Pitter e ele então quebra o clima.— Não meu amor... Ela é uma amiga do papai que vai passar um tempo aqui com a gente.
— Ah... Papai então deixa eu mostrar o meu quarto pra ela?
— Meu amor, ela ainda está tomando o seu café da manhã... E pelo visto você já tomou o seu né?
— Sim, titio me levou na lanchonete e deixou eu comer pastel.
— Como é que é? — Pitter diz olhando pro carinha, Carlos. Acho...
— Bárbara... Isso era segredo... — Diz fingindo ficar bravo.
— Desculpa titio Carlos... — Diz fazendo biquinho.
— Dessa vez eu não vou brigar com você Bárbara, mas você sabe que não pode...
Depois de mais conversas entre eles, Pitter se levanta da mesa e chama o tal de Carlos pra algum canto.
Ajudo Luísa com a mesa e subo pro meu quarto.
Vejo um caderno em cima da mesinha e um lápis. Só então me recordo que não sei escrever. Ótimo.Daí vejo uma figurinha parada na porta me olhando.
— Oi...
— Oi. — Respondo, sabendo que não tenho tanta afinidade em falar com crianças, aliás, com todos.
— Eu quero te mostrar o meu quarto, e depois a gente pode brincar...
— Legal...e, eu...
Derrepente ela vem até mim e estende a mãozinha, eu depois de exitar um minuto pego e ela me leva até o seu quarto.
Entramos, e logo vejo um quarto que qualquer criança no mundo sonharia em ter.
Com paredes alternando entre rosinha e lilás, uma cama com uma princesa esculpida no espelho.
Um canto cheio de ursos e muitas,muitas bonecas.
Vejo uma foto grande em que aparecem o Pitter a Bárbara e uma mulher linda que imagino ser a mãe dela.— É muito lindo... — Falo ainda analisando a foto.
— Bárbara, já tou indo trabalhar e... — Ele para de falar quando me nota olhando a foto. — ...Queria saber do meu beijo.
Ela corre ao seu encontro e deposita o tão esperado beijo em seu rosto.
— E, Júlia será que posso falar com você um minuto?
— Ok.
Sigo ele até próximo à escada, quando ele para e se vira pra mim.
— Já falei com Luísa e logo que ela acabar de fazer algumas coisas, vocês vão comprar umas roupas pra você... — O que?
— Pitter não precisa...eu... — Então ele me interrompe.
— Júlia, não... Eu prometi cuidar de você...
— Mas...
Ele apenas me lança um olhar de quem diz calada.
Sendo assim, eu fico mesmo calada, vendo ele descer as escadas indo até a porta e saindo.— Ele sempre foi assim, ninguém o contrária. Então o jeito é aceitar essas coisas. — Luísa aparece do nada lá embaixo falando isso.
Fico calada, ainda sem palavras, apenas lanço um olhar pra ela de quem já entendeu.
O Senhor está mandando.Volto pro quarto da Bárbara vendo ela pegar umas bonecas e jogar tudo em meu colo, me apresentando o nome de cada uma... Nossa, que mente ela tem pra decorar tantos nomes e ainda saber quem é quem...
Logo somos interrompidas por Luísa entrando no quarto e me entregando uma roupa, dizendo que é pra mim se trocar pra nós ir. Enquanto ela e Bárbara me esperam lá em baixo.
Visto outro vestido, esse agora é preto e fica um pouco colado no corpo.
Desço e logo fomos até um carro preto que tinha um homem pra nos levar. Um motorista.
***
Nossa!
Nunca vi tantas coisas bonitas, nunca nem me imaginei fazendo compras...
E depois de várias horas passando em lojas e experimentando roupas fomos embora.Chegamos em casa, já estou chamando de casa, nossa, e fui pro quarto com Luísa e até Bárbara estava ajudando a trazer sacolas que pareciam infinitas.
Quanta coisa senhor, não sei nem por onde começar a guardar.
Derrepente o guarda roupa ficou minúsculo de tantas coisas.
Calças, shorts, blusas, sapatos e vestidos, até coisas de luxo pra festas elegantes eu tenho. Achei desnecessário, mas Luísa fez questão.
Disse que eu não saberia a hora de usar, mas um dia a ocasião aparecia.
Então já que ela estava falando acabei cedendo.Depois de me ajudar a organizar tudo, ela saiu e eu fui tomar um banho.
Fico algum tempo debaixo do chuveiro pensando em meu irmão, começo a chorar imaginando que quantas coisas a gente já viveu juntos e agora ele já não está mais comigo.Termino de banhar é só então me dou conta que não trouxe a roupa comigo.
Saiu do banheiro enrolada na toalha e então percebo que não estou sozinha no quarto.— Você deve ser a Júlia... — Levo um susto e só então lembro que é o carinha que nos levou até o shopping hoje.
— O que está fazendo aqui?
— Bom... Eu queria te conhecer, mais vejo que estou te atrapalhando. — Diz me olhando dos pés a cabeça.
— É... Eu preciso me vestir e ... — Vou até a porta e abro.
Ele passa por mim tocando no meu braço.
— Foi um prazer... Júlia...

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No Passo Da Noite
Aktuelle LiteraturPitter Bond era um homem que tinha tudo pra alguém o classificar com uma "vida perfeita", mas uma única noite foi suficiente pra todo o seu império acabar, como um simples apertar de um botão. Bond se vê numa escala de 0 à 10 classificado como -0. S...