Capítulo 22

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"Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo... -Mario Quintana 🎶"

Especial Nathálya

Ver o sangue escorrer nos meus braços me assusta, já que eu sempre tive medo de sangue. Me cortar nunca foi uma das minhas primeiras alternativas.

Minha vida toda eu passei sofrendo bullying como milhares de pessoas e o pior que não foi só um tipo de bullying, foram vários...

Tudo começou com um ataque cibernético, ou melhor cyberbullying, um garoto começou a conversa comigo e eu toda empolgada e boba fui caindo na dele. O que eu não sabia é que eram colegas brincando da pior forma possível comigo.

A Tainara desconfiou de algumas atitudes da Lohane e pediu para um amigo nosso, o Pato, investigar. Ele pediu pra um amigo dele ver o que estava acontecendo e nos trouxe as respostas.

E como a gente já desconfiava a Lohane estava metida no meio e achava isso uma coisa boba "Aí amiga, era só uma brincadeira" foram as suas palavras. Mas eu perdoei.

O tempo passou e a dor ainda me machucava, eu tinha apenas 11 anos. Até os 13 eu passei me estressando e tendo crises de ansiedade, o que me fez engordar facilmente. E aí começaram mais agressões. Eu escutava falar por onde eu passava, comentários do tipo.

"A ela bonitinha, o que deixa feia é esse inchaço dela"

"Ela tem curvas demais, deveria se expor um pouco, mas fica toda assim esquisita"

"Ela é até bonita, mas é metida"

Aprendi que inchaço era as opiniões inúteis dele, aprendi que meu corpo é só meu e não me importo com minhas vértices. Eu aprendi que metida é quem se intromete na vida alheia

Aprendi e aprendi muito. E com essas críticas eu me reconstruir, me tornei magra sem deixar minhas curvas, aprendi cuidar do cabelo e pele. Mas não mudei por eles, não me importo com os padrões, mudei porque eu quis e por que me sentia melhor tendo meus caprichos. E graças a isso foi o que me deu inspiração a um dia fazer design.

Mas espera, não para por aí... Me apaixonei! Me apaixonei pelo cara mais nojento da face da terra. Ele fingia que me namorava, eu e mais 10 é claro, eu boba acreditava. Começou novamente a apelação da galera

"Vai Nathálya se entrega"

"Affs uma garota com 16 anos virgem"

"Garota homem tem necessidades"

Bobinha, com a pressão da galera e em dois meses me entreguei de corpo e alma pra ele.
Depois disso não passou uma semana e ele já não me procurava. E garanto "FOI PÉSSIMO."

Não foi péssimo porque era a primeira vez, foi péssimo porque não tinha amor, não tinha o grove, não tinha intimidade.

Ele me fez de palhaça, eu levantava cedo e saia de casa fingindo que iria na casa de uma das amigas, mas eu ia preparar seu café.
Eu chegava da escola e já ia arrumar sua casa, lavar suas roupas e fazer comida.
Eu o tratava como príncipe e não recebia nada em troca... ou como um folgado!

Até que um mês depois fui para um baile funk e tive a pior e melhor decepção da minha vida. Pior porque ele estava dançando com uma das minhas amigas coladinhos, trocaram até beijo, isso se não foram pra cama.
Foi quando eu comecei a me perder no álcool, era a primeira vez que me alcoolizava.
Foram copos e copos, quando eu pensei em me levantar e acabar com a palhaçada.

Mas naquela noite, eu conheci ele.
Era o Igor.
Eu o conhecia bem, pra saber que ele era muito mais velho do que eu e tinhamos realidades opostas. Já que eu venho de um bairro humilde, enquanto ele lida com o dinheiro.

Flashback on

Igor: Não tá pensando em fazer o que eu estou pensando que vai fazer né ? - me sento de novo

Nathy: E... ele. É um...Infeliz! - falo embolando nas palavras

Igor: Ela não era sua amiga ?

Nathy: Não...Sim... Era ahhhhhh - grito

Igor: Vamos sair daqui

Nathy: Você vai abusar de mim

Igor: Relaxa. Vou te levar pra casa

Flashback off

Ele não levou pra minha casa, ele me levou pra dele, onde eu conheci a Cléo mãe dele que cuidou de mim.
Eu não via em seu olhar um olhar de amigo, eu via mais e eu queria mais... Por conta da minha fragilidade ele foi se afastando

Eu percebi que minha vida se baseia nisso, ficar se iludindo e quebrar a cara. Consegui com os gêmeos do pó, algumas drogas e eles me levaram pra casinha.

Ja estavam quase abusando de mim, quando tive a surpresa do Menor abrindo a porta. Mas a surpresa não foi ele tá ali, foi a mina que ele tava. A Grazi uma das minas aqui do morro.

Flashback on

Menor: Nathálya - ficou me encarando com o mastro de cigarro de maconha entre os dedos e o pó na bancada - Não acredito que você tá fazendo isso

Nathy: Você pode, por que eu não?

Menor: Vamos sair daqui - me puxa - Eu não uso o pó

Nathy: Não terminei de bolar ainda

Menor: Nem vai. Garota eu gosto de você e quero te ajudar, mas você não se ajuda

Nathy: Para Igor - grito - eu preciso disso - começo a chorar e ele me abraça

Flashback off

Depois disso, tudo correu bem, ele me levou novamente para sua casa e dessa vez sua mãe não estava. Ele me banhou e me deu o que comer, acabei adormecendo na sua cama por 32h. Minha mãe ficou preocupada, mas a Lohane me ajudou dizendo que eu estava lá, pelo menos serviu para algo "era o que eu achava".

Fui em sua casa para agradecer pela gentileza, mas meu planos não saíram como eu queria. La tinha inveja, ira, falsidade. Uma Lohane pior do que eu fingia não acreditar.

Foi quando ocorreu a minha briga e eu fiquei muito machucada.

Isso foi além... Ela não contente com toda a minha desgraça contou aos meus tios o que acontecia comigo. Meus pais estavam viajando em São Paulo e optaram por esquecer do celular nessa viagem.

Meus tios me colocaram para fora e agora estou na minha antiga casa, mas isso não é tudo. Meus tios conseguiram falar com meus avós, que conseguiram falar com meus pais. A minha mãe não da um passo sem meu pai e eu não conseguir ter comunicação com ela,  pois ele não deixou. O grande chefão não quer uma drogada dentro de casa.

Me tranquei no banheiro coloquei o número do Igor como contato de emergência. Eu não queria morrer, se eu quisesse faria pior. Eu só queria me desligar do mundo por um tempo indeterminado.

Olhei pra lâmina nas minhas mãos e tive medo do sangue, mas agora não tinha volta. Comecei todo o trabalho de corte nos meus braços. Doia e dói, mas era o melhor a se fazer, apagando toda dor que me machuca.

Me escorei nas paredes e desci até o chão onde estou agora. Depois de lembrar de toda infelicidade que passei eu peguei meu celular e disquei o número de emergência. Quando ele atende não digo nada, só choro e olho para os meus braços. Não demora e eu desmaio.

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120 e eu libero.

Beijos e boa noite!

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