Era uma vez uma criança
Que confiava em todo mundo
Ela fazia amigos facilmente
Sorria abertamente
E não tinha medo de se expressar
A criança foi crescendo
E seus amigos se afastaram
Mas ela continuou sorrindo
Mesmo que chorasse a cada noite
De saudade e arrependimento
Mesmo sem saber o que fizera
Sabia que havia feito algo
A criança que confiava em todos
Passou a confiar em poucos
E sob a desculpa da timidez
Ficava sempre em silêncio
Para não dizer nada errado
Mas as poucas pessoas que haviam ficado
Se afastaram também
A criança manteve seu sorriso
E tentou fingir que não doía
Enquanto recolhia seus pedaços
A criança jurou não confiar mais em ninguém
Porque toda a confiança a havia levado ao fundo do poço
E ela estava sozinha para escalar até a saída
Mas então ela conheceu um garoto
E seu sorriso fez com que suas barreiras cedessem
A criança voltou a rir
Voltou a falar
Voltou a confiar
E mais que isso, ela aprendeu a amar
O garoto era seu único amigo
E ela faria qualquer coisa por ele
Mas como os outros, ele também foi embora
Dessa vez porém ela não tentou fingir
Ela não tentou sorrir
Ela não tentou seguir em frente
Ela apenas se sentou e deixou a tristeza abraça-la
Hoje em dia essa criança ainda anda por aí
Ela voltou a falar
Ela até voltou a sorrir
Mas ela ainda mantém a promessa
De nunca confiar totalmente em ninguém
E de não confiar, sequer minimamente, em si mesma.
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Versos E Inversos
PoetryEm palavras me disfarço Me desfaço, me descalço Em palavras me liberto Adjetivo, locução e verbo Em palavras me escrevo Em clássico, em rock, em frevo Em palavras me pergunto Me respondo, mudo de assunto Em palavras me levanto Me derrubo, me acalant...