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Queria ter dito e não disse
Cheguei a abrir a boca
A frase iniciei, meio rouca
Mas nunca a terminei
Meu nome não é Clarice
Não Carolina, e não Daiana
Como a tanto tempo me chama
Respondo, porque me acostumei
Em vez da resposta, dei um sorriso
Como faço a tantos anos
E como aquele "Eu te amo"
Guardei também aqui
Com aquele argumento que deixei de lado
A admissão de ter me magoado
E tudo aquilo que sempre omiti.
Fiz meu coquetel diário
E me forcei a engolir
Eu não sei se é altruísmo
Me atirar no silêncio do abismo
Ou se é a covardia
De quem se mata para não morrer
De quem sofre por medo de sofrer.
Enquanto falo frivolidades
E rio quase sem parar
Finjo que posso esquecer
Mas, entalado na garganta
Sinto um bolo de palavras
Se arrastando como larvas
Me fazendo apodrecer

Versos E InversosOnde histórias criam vida. Descubra agora