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É durante o banho
Que, despida de roupas
Fico nua
Em corpo
Em alma
Em mim
E me deixo molhar
Por filosofias
Por lágrimas
Por poesias
Quando a água cessa
Estou de volta a mim
Visto minhas roupas
Imundas são elas
Imunda sou eu
Carregada por toda sujeira
Que a água não pode lavar
A sujeira da máscara
A sujeira do sorriso
A sujeira do ato
Ser humano não é mais
Que ser sujo
E eu sou humana
A não ser pelos poucos minutos
Que despida de qualquer rótulo
De qualquer convenção
Submerjo no jato de água morna
E deixo o som dela no chão
Afogar o mundo
A água do banho
É mais que líquido
É mais que água
É a metáfora
Para toda a paz
Que nunca poderei alcançar

Versos E InversosOnde histórias criam vida. Descubra agora