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Sinto a raiva me ferver
Como a água do café
Esquecida no fogão
Sinto as palavras rasgarem meus lábios
Contra a minha vontade
Sinto as lágrimas descerem como cachoeiras
Cataratas de águas termais
Que deixam rastros ardentes em meu rosto
Eu não sei de onde veio
Talvez sempre estivesse aqui
Esse monstro chamejante que sai de mim
Por meus olhos e boca
E que soca com todas as forças
As paredes do meu quarto
Querendo sair e causar algum estrago lá fora
Gritando com as paredes, quando quer gritar com o mundo.
Já não consigo esconder minhas lágrimas
Por quanto tempo poderei morder a língua?
Por quanto tempo poderei esconder os punhos?
Quanto tempo até ser arrastada a uma prisão
Ou quem sabe a um sanatório
Por quanto tempo uma máscara de gelo
Que moldei para o teatro que vivo
Vai esconder o monstro de fogo que me interpreta?

Versos E InversosOnde histórias criam vida. Descubra agora