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Presente

– Meu Deus, Leah! Eu não acredito que você está tomando o lado dela!!! – Disse exasperada.

A conversa tinha começado sutil, calma. Eu nunca teria imaginado que chegaria a esse ponto, onde Leah me diria que "entende o lado da minha mãe". Merda, não tem nada para se entender. Ela me colocou para fora de casa. Minha própria mãe. E ela entendia seu lado?

Não mesmo.

– Você está distorcendo tudo que estou falando, Lua. – Retrucou, tentando manter a calma. Seu rosto já tinha começado a ficar vermelho. – Não estou tentando dizer que ela está certa. O que eu quero dizer é que entendo sua reação.

– Eu não consigo te entender. Não mesmo. Você realmente não tem noção do que é ser rejeitada pela sua própria mãe, não é?

O olhar de Leah endureceu na mesma hora que terminei de falar. Ela fechou os olhos, respirou fundo e levantou-se da cama.

– A gente conversa sobre isso quando você parar com essa atitude. Eu não quero falar sobre isso brigando com você.

Levantei rápido e segurei sua mão, impedindo-a que saísse do seu próprio quarto. Nosso quarto, nessa última semana.

Eu não sabia realmente o que tinha falado de tão ruim, mas eu devo ter tocado em alguma ferida. Seu olhar era duro e frio, e seus ombros agora estavam curvados para frente.

– Ok, vamos fazer o seguinte. Nós nos arrumamos e saímos pra tomar um sorvete. Lá conversamos, pode ser? Você tenta me explicar o que pensa sobre toda essa situação. Mas você tem que entender que tudo isso é muito difícil para mim. Quando minha relação com minha mãe estava começando a ficar melhor... – Suspiro. – Você entende, não é?

Leah vira-se para mim e me olha nos olhos com ternura, passa os dedos pela minha bochecha até achar a mecha que sempre cai no meu rosto, com os dedos mais leve que uma pena, põe a mecha atrás da minha orelha. Eu quase não sinto seu toque.

Encaro-a de volta. Qualquer tipo de clima ruim que tinha segundos atrás evaporados.

A beleza de Leah sempre me tirou o fôlego. Seus cabelos são curtos e de um loiro que se aproximava bastante do branco, mas seus olhos era o que mais me atraiam. Apesar de toda probabilidade, seus olhos eram negros. Tão escuro que mal dava pra ver sua íris. Eu não conseguia entender o que ela via em mim.

– Vai ficar tudo bem, babe.

Concordo com a cabeça e a puxo para um abraço.

Tudo ficava melhor aqui. No nosso próprio universo. Onde não tinha nada e nem ninguém para atrapalhar, para quebrar nossos corações e jogar ao léu como se não fossem nada mais importante do que lixo.

Aqui, no nosso universo, eu não tinha sido posta pra fora de casa. Eu tinha uma família que me amava por quem eu era e uma pessoa maravilhosa ao meu lado pra chamar de minha. Mas sempre, sem falhar nenhuma só vez, a realidade, com seu peso enorme, despenca em cima de mim me levando ao chão novamente.

***

Entramos na primeira sorveteria que encontramos, pois já tínhamos andado bastante. Aparentemente não existem tantas mais, o que é uma pena. Sorvete é obra divina.

Quando pegamos nosso pedido, nos direcionamos para uma cabine, com dois lugares dessa vez.

Eu estava na metade do sorvete quando decidi tomar a iniciativa, não aguentava mais esperar.

– Estou pronta.

Leah sorriu e apontou para o canto esquerdo da sua boca.

– O quê?

Fases da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora