Fim Da Magia

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Eu não me lembro bem da noite passada, tudo não passa apenas de breves borrões em minha mente. Uma mesa de bar, garrafas de whisky, meu melhor amigo me segurando, uma discussão e Elijah surgindo de não sei onde diabos para dar uma de bom samaritano, um anjo protetor como ele sempre tem mania de fazer. Não me lembro de como cheguei em casa, nada mais me vem na cabeça depois de ver meu amigo jogado no meio da rua. Apenas acordei está manhã em minha cama, minha cabeça dói e ainda gira um pouco, não quero sair debaixo das cobertas e a pouca claridade que adentra pelas cortinas irrita os meus olhos. 
Afundei meu rosto contra o travesseiro, gemi automaticamente com a forma como meu corpo doia, parecia mais que eu tinha sido atropelada na noite anterior. Meus ossos pareciam que se partiriam ao meio e em um ato involuntário de querer controlar a dor que aos poucos dominava meu corpo, me curvei na cama, ficando em posição fetal, alcancei meus joelhos com os braços e me encolhi mais ainda embaixo dos cobertores. Minha coluna inteira doia, Parecia que eu estava sendo perfurada por facas que raspavam sobre meus ossos. Deus, como aquilo era horrível. Meu estomago revirou e eu fui obrigada a vencer toda a dor para sair da cama o mais rapido que podia, me arrastando e quase caindo no trajeto até o banheiro, deslizei de joelhos no chão de frente para o vaso e me curvei sobre o mesmo, sem esforço algum vomitando tudo o que tinha no meu estomago, que no caso, era nada, apenas um liquido verde e amargo que se derivava dos suco gastrico. Tossi um pouco no processo e levei a mão até a descarga, tombando meu corpo para o lado e me sentando no chão, meu estado claramente era deplorável e eu sabia que isso não era apenas derivado do alcool que ingeri na noite passada. 
Ouvi a porta do meu quarto se abrir e antes que eu pudesse sequer pensar em me levantar de onde estava, Kol surgiu na porta do banheiro, o vampiro que tinha um radiante sorriso no rosto, o deixou morrer no momento em que viu meu estado, arqueando uma sobrancelha em confusão, até mesmo preocupação. Ja se aproximando de mim e se ajoelhando ao meu lado. 
- Hope? Você está horrível. - Ele apoiou uma mão sobre meu ombro, o que foi o bastante para que eu tombasse o corpo sobre o dele, estava fraca demais. 
- Obrigada por está informação privilegiada. - Sussurrei, afundando meu rosto contra seu peito, meus olhos estavam ficando pesados mais uma vez e eu lutava para não adormecer. 
Kol passou seus braços entorno de meu corpo e me tirou do chão como se eu não passasse de uma fina toalha que ele carregava, voltou para o quarto e me deitou sobre a cama novamente, me encolhi mais uma vez, até sentir a coberta quente me envolver. 
- Você está de ressaca ou doente? 
- Doente... Os dois. - Resmunguei de mal grado, piscando algumas vezes para conseguir enxergar meu tio ali me encarando com um ar sério, diferente do que eu conhecia dele. - Eu só preciso dormir mais um pouco e comer algo depois, ficarei bem. Não conte para os meus pais. 
- Você tem sorte de Elijah ter te acobertado na noite anterior, por sorte você ja chegou apagada nos braços dele. Klaus e Hayley engoliram bonito a desculpa de que vocês fizeram uma enorme trilha fora da cidade e você estava cansada demais, por isso dormiu, 
Não pude esconder meu olhar de surpresa mediante aquelas palavras. Kol realmente estava falando de seu irmão mais velho Elijah? O homem ao qual não mentia para sua familia e ainda se achava o completo altruísta? Não conseguia imaginar ele me carregando nos braços totalmente bebada e mentindo para os meus pais. Era algo que minha poderosa mente não conseguia criar. Por fim, eu não disse nada, apenas balancei a cabeça concordando e me ajeitei sobre a cama, sentindo as dores voltarem com intensidade, disfarçando ao maximo diante dos olhos de Kol tentando não chorar com aquela tortura fisica, para não ter de ouvi-lo me questionar sobre algo que eu não poderia responder. 
Se minha familia se quer desconfiasse da grande merda aonde eu me meti, eles seriam capazes de destruir o mundo todo por minha causa e eu ja estava cansada de ter de carregar o peso de tantas mortes sobre meus ombros. 
Não demorou muito para que eu caisse no sono novamente, vendo apenas um breve vulto de Kol saindo do meu quarto e fechando a porta atrás dele. 
 

Um mês atrás....

Inglaterra

 
S

hake it off da Taylor Swiit estava tocando ao fundo, misturado ao grito estérico de milhares de adolescentes que preenchiam a festa do campus. Mas a minha cabeça estava girando e meu corpo estava totalmente pesado, eu via luzes piscando diante de meus olhos, minhas mãos acariciavam algo aspero, reconheci por ser o gramado, estava um tanto umido, mas eu estava com pouca sensibilidade. Achei que estivesse bêbada, mas não me lembrava de ter bebido o suficiente para aquilo, apenas um copo que tinha passado de boca em boca numa roda de amigos, mas que logo me fez apagar diante do mundo. 
Balancei a cabeça e a ergui, vendo apenas o vulto de três figuras, pelas silhuetas reconheci que eram garotas, mas ainda não conseguia ver bem seus rostos. Pisquei diversas vezes, cheguei a passar as mãos por meus olhos, estava sentada no chão diante delas, me sentindo uma criança indefesa diante dos adultos e eu odiava me sentir indefesa. 
- Finalmente a bonitinha acordou. - Ouvi uma voz familiar rir. 
Levei algum tempo, talvez tempo demais para perceber que aquela era a voz de Melissa e depois mais alguns segundos para finalmente enxergar as outras duas que estavam com ela, Sara e Margot. A trindade a qual eu detestava mais que tudo, desde o dia em que havia colocado os pés naquele país. As patricinhas que disputavam ter todo o poder da escola para elas, como se fossem bruxas. Ceus, nem as de New Orleans me davam tanto trabalho quanto aquelas três. Mas, até onde eu sabia, não passavam de humanas patéticas e mimadas. 
- Eu não acredito que depois de dois anos tendo de olhar pra essa sua carinha, finalmente iremos nos livrar de você. - Foi Margot quem completou. 
Sara se abaixou diante de mim e agarrou meus cabelos os puxando para trás, de forma que eu erguesse a cabeça e observasse as iris verdes dela. Por algum motivo eu mal conseguia me mover, muito menos usar qualquer tipo de feitiço contra alguma delas. 
- Não se esforce muito. - A morena que me segurava abriu um sorriso sádico. - Você não vai mais conseguir usar seus poderes a partir de hoje, nada de magia para a pequena Hope Mikaelson. 
- Mas.... Como vocês...? - Minha voz saia arrastada e tremula, eu não tinha controle algum do meu corpo. 
- Como sabíamos que era uma bruxa? Simples, querida. Nós também somos, mas de uma alta parte da realeza. Somos poderosas o bastante para que você não sentisse a nossa magia, somos aquelas que criaram tudo isso. Somos a primeira linhagem de bruxas que existiram na terra, não viemos de um conjunto de fósseis misticos. Nós os criamos. Também sabemos de quem você é filha, nada contra o seu pai, ele é até um gatinho. Mas, criar você foi a pior decisão que ele poderia tomar em toda eternidade dele. E temos de admitir, matar o Peter foi a pior coisa que você poderia ter feito para sua própria vida. - Ao fim das palavras dela, a mesma me empurrou de volta para o chão, sem força alguma, eu rolei de forma a ficar de barriga pra cima, a respiração parecia mais pesada, eu sentia uma pressão enorme em meu estomago que me fazia curvar pra cima na tentativa falha de tentar respirar. - Você não é digna dos seus poderes e muito menos é digna dessa vida. 
A pressão aumentou mais ainda em minha barriga e eu senti o liquido subir por minha garganta me impedindo de respirar, o gosto metalico em minha lingua me fez reconhecer o gosto do meu próprio sangue, eu iria me afogar nele e teria o fim mais trágico da minha vida. Tentei ao máximo fazer uso dos meus poderes, mas nada estava disponivel para mim, nem meu lado bruxa, vampiro e muito menos lobisomem, eu parecia mais uma jovem humana que morreria de forma tão macabra e doentia, logo na festa do colégio. Ja imaginava Isaac ou Julie encontrando meu corpo, o local sendo fechado pela policia, meus pais recebendo a noticia de sua unica filha morta e um velório melancólico que seria carregado até minha cidade natal. 
Ouvi as três rirem ao longe, antes de tudo de tornar um completo silêncio, não houve risadas e a pressão em minha barriga sumiu instantaneamente, só consegui virar para o lado e tossir o restante de sangue que ainda me sufocava para poder puxar uma grande quantidade de ar, podendo ver os corpos das três bruxas caidos diante de mim, suas expressões cadavéricas de olhos saltados e uma face de choque, enfeitava os corpos. Não vi mais nada, eu apenas desmaiei encima de uma poça do meu próprio sangue, mas sabia que elas havia feito algo de muito errado comigo e eu apenas temia pelo pior no final de tudo aquilo. 

 

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O diário de Hope Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora