Capítulo 4 - A Caçadora

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June andava com dificuldade pelas ruas cobertas de neve, a roupa de frio atrapalhava sua locomoção bem como sua muleta que por vezes deslizava no concreto dificultando ainda mais o trajeto. A jovem procurava por alguma pista, pois tinha certeza de que os rapazes haviam deixado algo escapar, não que ela não confiasse neles, mas eles não eram lá muito detalhistas.

Sugeriu aos meninos que não contassem a polícia sobre o que acharam na floresta, não ouviu nos noticiários sobre um corpo encontrado na floresta, por conta disso deduziu que ainda não haviam encontrado e que o cadáver ainda estava lá, era arriscado ir, ela sabia que poderia acabar como principal suspeita, entretanto também desconfiava que os investigadores a descartariam quando ficassem a par de sua condição física.

Irritou-se ao lembrar de sua doença e apertou com força o apoio da muleta, o que fez o objeto deslizar no chão e ela cair de costas, ficou por alguns segundos observando a neve cair em seu rosto ao invés de tentar se levantar, ignorou as pessoas que tentavam ajudá-la.

Não havia avisado seu irmão ou sua avó de que iria sair, sentia que eles não se importavam, por isso não quis incomodá-los.

Quando suas costas começaram a umedecer, June respirou fundo e sentou-se onde estava. Sem motivo aparente seus olhos encheram-se de lágrimas, June pigarreou e respirou fundo, segurando o choro. Tentou acalmar-se pensando em que só precisava chegar ao centro da floresta, não era uma floresta tão grande.

Tomou impulso para levantar-se, e por sorte, conseguiu na primeira tentativa. Olhou a sua volta para ver se alguém a olhava, mas a atenção das poucas pessoas que estavam passavam era voltada à uma mulher com poucas roupas que fixava cartazes em pontos estratégicos dos quarteirões.

Não era o biquíni de couro que chamavam atenção, mas as curvas marcantes juntamente com a cor da mulher, as cores de uma cobra coral, vermelho e preto com riscos amarelos, sem se importar com os olhares curiosos, a mulher sorria deslumbrante, como se estivesse desfilando. June teve dúvidas se era pintura corporal ou se era real, o único fato que lhe assustava era a mulher não sentir frio, afinal estava nevando. Mas preferiu a hipótese de que se tratava de uma corrompida, era bem comum naquela cidade, mesmo com tantos escândalos acontecendo mundo afora.

Quando a beldade colorida se afastou do cartaz que estava fixando, a manca decidiu averiguar o conteúdo do anúncio, dessa vez caminhando com cuidado. O papel em formato A3 tinha cores chamativas, parecia um pôster antigo de um show de horrores, o letreiro era dourado, brilhando mais que o resto das imagens.

"Le Fantastique Cirque du Aleister Deveraux"

June refletiu sobre a última vez que o circo havia estado na cidade. Não lembrava, talvez nunca tenha ido. Mas o fato era que aquele nome lhe era bem familiar. Ficou com os olhos focados no cartaz, tentando lembrar-se de onde havia lido aquele nome. Perdeu a noção de quantos minutos se passaram. Buscando em algum lugar da sua mente, June voltou ao dia anterior, quando estava estudando a história de Aradia, as páginas do livro sendo viradas lhe vieram à tona. Era Deveraux.

— Mas por quê Aradia montaria um circo se o que precisa é de discrição?— Sussurrou June a si mesma enquanto cutucava os lábios com a unha.

Foi então que seus olhos se voltaram para o nome antes do familiar, "Aleister". June se sobressaltou e decidiu sair da frente do cartaz e voltando ao seu trajeto, com medo de ter sido percebida pela mulher colorida. Talvez, e provavelmente, Aradia não soubesse dele, isso daria uma vantagem à June, só precisava de motivos para ligar os fatos. Por que um bruxo daquele nível estava na cidade?

Aleister era famoso por muitas coisas perversas, nenhuma que June quissesse lembrar, tinha até receio de investigar ele, mas sabia que era preciso.

WSU's Aradia - Sangue de VilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora