~ Cent soixante onze ~

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Eu apenas consigo olhar para aqueles olhos e pensar "que bagunça fizeste por aqui?".
Quantas tempestades veio trazendo em meio a tudo isso, nesse tempo que esteve aqui.
Sinto que parece e o que te desvia o olhar é só o medo do incerto.
Incerteza.
Coração tão calmo e tão desesperado, me diga o porquê, por favor.
Tendo tantas músicas tocadas e todas essas frações de segundos guardados entre aquela velha gaveta. Garrafas, palavras e enxaqueca. Tanta violência caindo entre o peito, tanta água que não veio.  Tanto olhar cheio de arrependimento.
Convivendo com todas as dúvidas por aqui, e talvez eu ainda ainda a paz de espírito.
E sentada lá por muito tempo, sozinha, ou percorrendo estes mesmos corredores sobre devaneios e bocas rasas, me perdoe.
Eu nunca vou fazer isso direito.
Pensando em tantos motivos ou simplesmente justificar, isso não é mais sobre você, deixe-me falar:

É sobre mim e como eu perco todos os sentidos diante daquilo que me parece gasto e rachado em todas as extremidades.
Amando tão friamente, esquecendo tão rapidamente mesmo que por enquanto eu minta um pouco no espelho. Traindo a mim entre todas as coisas caindo tão seco, duro e frágil.
Problema, sim. Andando por todos esses cantos com rostos alheios feito espelho, desistindo. Eu talvez esteja com um pouco de receio, escute.
Isso pode ser desfeito, juro.
É familiar e anestesiador? Prometo.
Fique aqui mais um tempo, eu vou olhar para você mais uma vez e contemplar o que faz comigo.
Todo o tempo, e a flor renascendo.

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